Da África pouco se fala. É um continente quase esquecido, mesmo pela maioria daqueles que lutam contra a barbárie imperialista que ameaça a humanidade. Mas a África está presente nas grandes lutas do nosso tempo. Dois acontecimentos importantes vieram confirmar a participação crescente dos africanos no combate ao imperialismo e na recusa da globalização capitalista, o flagelo que um sistema de poder monstruoso tenta impor no desenvolvimento de uma estratégia de dominação planetária.
No dia 17 de Janeiro, uma larga maioria dos deputados do Parlamento Europeu votou contra a proposta de directiva que, mais uma vez, pretendia entregar os serviços portuários à lógica da liberalização, que é como quem diz, deixar este sector estratégico entregue aos interesses das grandes companhias transnacionais de navegação. Compreende-se o interesse do capital neste negócio, quando a própria Comissão Europeia referia, no texto reprovado, que o transporte marítimo pode absorver grande parte do crescimento do tráfego de mercadorias, prevendo que em 2010 este atingirá um volume de mais 50 por cento do que o registado em 1998.
Os trabalhadores portuários, da pilotagem e marítimos, que já em 2003 se haviam mobilizado contra a primeira versão da proposta da comissária Loyola del Palacio, responderam com greves e manifestações, contando com o firme apoio do PCP e dos seus deputados no PE. Mais uma vez, através do esclarecimento e da luta, foi possível defender os direitos dos trabalhadores e a segurança do transporte marítimo, ameaçados pelos princípios que mandam, a qualquer custo, reduzir custos e aumentar lucros.
Confrontada com a impossibilidade de acesso dos trabalhadores aos tribunais – desde que o anterior Governo suprimiu os apoios judiciários e encareceu as custas -, a CGTP-IN efectuou, dia 27, na FIL, em Lisboa, um seminário no propósito de contribuir para alterar o sistema de acesso à Justiça.