Democracia e independência
O Hamas venceu as eleições legislativas na Palestina e já foi convidado a formar governo. EUA, UE, e Nações Unidas reconhecem a democraticidade do sufrágio, mas ameaçam retirar o apoio financeiro à ANP.
«O Hamas esclareceu que o principal problema é a ocupação e a repressão mantida por Israel»
O movimento independentista Hamas conquistou 76 dos 132 assentos do parlamento da Palestina derrotando o partido que, desde 1996, governava a Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), a Fatah, que não elegeu mais que 43 deputados.
Os restantes lugares vão ser ocupados pelos representantes da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP), e por duas coligações de independentes, mas a distribuição das cadeiras em nada poderá alterar o resultado final. O Hamas vai chefiar o executivo palestiniano depois de ter visto o seu programa eleitoral ser sufragado livre e democraticamente pelo povo.
Os observadores do Conselho da Europa avalizaram o acto considerando-o como «um sinal de que os partidos reconhecem que o processo democrático é a única forma de resolver os problemas que a sociedade palestina enfrenta», mas tanto Israel e os EUA, como a UE e a ONU preferem manter reservas quanto à atitude dos dirigentes do Hamas aproveitando para lançar ameaças.
Da parte dos vencedores, para além das manifestações de regozijo, as declarações apelam à unidade dos palestinianos no caminho da construção de um Estado independente com capital em Jerusalém Oriental.
Reagindo às pressões da UE, Rússia, EUA e ONU, o Hamas esclareceu que a chantagem não é uma boa estratégia, até porque o movimento já afirmou estar disponível para dialogar e o principal problema em cima da mesa é a ocupação e a repressão mantida por Israel.
O denominado «Quarteto de paz» veio ameaçar com o corte de subsídios à ANP, facto que um dos dirigentes políticos do Hamas, Khaled Mechaal, comentou afirmando que «no dia em que o Hamas ganha as eleições palestinianas, as democracias mais importantes do mundo falham». Mechaal acrescentou que o partido não venderá os seus princípios fundamentais, pelo que, se o grupo dos financiadores insistir em cortar os subsídios ao governo eleito pelos palestinianos, este terá que procurar outros potenciais doadores.
Estratégia da Fatah derrotada
Pouco depois do anuncio dos resultados oficiais, na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, milhares de activistas e apoiantes do Hamas encheram as ruas para festejar.
Quem também saiu à rua foram os militantes da derrotada Fatah, no caso para exigirem a renúncia da direcção do partido, a qual acusam de corrupção e de ter optado por uma estratégia errada de negociação com Israel.
Um dos dirigentes com maior apoio popular da Fatah, Marwan Barghouthi, pediu mesmo uma «completa reorganização do partido», a começar por assumir as suas responsabilidades e proporcionar a transferência de poder para o Hamas.
Quarteto surpreendido e dividido
Entretanto, segunda-feira, em Londres, o Quarteto reuniu-se de emergência para avaliar a situação.
Da reunião, saiu um comunicado conjunto onde se garante o financiamento da ANP nos próximos três meses, tempo que se estima será necessário até que o actual presidente, Mahmud Abbas, possa empossar o novo governo.
A partir dessa data, torna-se «inevitável que a ajuda futura seja revista em função do respeito do governo palestiniano pelo princípio da não-violência, pelo reconhecimento de Israel e pela aceitação dos acordos e obrigações existentes», disse Kofi Annan.
O secretário-geral das Nações Unidas e porta-voz das conclusões conjuntas, acrescentou que «o povo palestiniano tem o direito de esperar que o novo governo responda às suas aspirações de paz e de acesso a um Estado», mas, em declarações paralelas, os representantes diplomáticos da UE e dos EUA não conseguiram disfarçar a diferença de posições quanto às medidas a tomar em face da vitória do Hamas.
Enquanto que o responsável da política externa europeia, Javier Solana, deixou entreaberta a porta à negociação, caso o partido «aceite as condições impostas», a homóloga norte-americana, Condoleezza Rice, negou tal possibilidade.
Os restantes lugares vão ser ocupados pelos representantes da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP), e por duas coligações de independentes, mas a distribuição das cadeiras em nada poderá alterar o resultado final. O Hamas vai chefiar o executivo palestiniano depois de ter visto o seu programa eleitoral ser sufragado livre e democraticamente pelo povo.
Os observadores do Conselho da Europa avalizaram o acto considerando-o como «um sinal de que os partidos reconhecem que o processo democrático é a única forma de resolver os problemas que a sociedade palestina enfrenta», mas tanto Israel e os EUA, como a UE e a ONU preferem manter reservas quanto à atitude dos dirigentes do Hamas aproveitando para lançar ameaças.
Da parte dos vencedores, para além das manifestações de regozijo, as declarações apelam à unidade dos palestinianos no caminho da construção de um Estado independente com capital em Jerusalém Oriental.
Reagindo às pressões da UE, Rússia, EUA e ONU, o Hamas esclareceu que a chantagem não é uma boa estratégia, até porque o movimento já afirmou estar disponível para dialogar e o principal problema em cima da mesa é a ocupação e a repressão mantida por Israel.
O denominado «Quarteto de paz» veio ameaçar com o corte de subsídios à ANP, facto que um dos dirigentes políticos do Hamas, Khaled Mechaal, comentou afirmando que «no dia em que o Hamas ganha as eleições palestinianas, as democracias mais importantes do mundo falham». Mechaal acrescentou que o partido não venderá os seus princípios fundamentais, pelo que, se o grupo dos financiadores insistir em cortar os subsídios ao governo eleito pelos palestinianos, este terá que procurar outros potenciais doadores.
Estratégia da Fatah derrotada
Pouco depois do anuncio dos resultados oficiais, na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, milhares de activistas e apoiantes do Hamas encheram as ruas para festejar.
Quem também saiu à rua foram os militantes da derrotada Fatah, no caso para exigirem a renúncia da direcção do partido, a qual acusam de corrupção e de ter optado por uma estratégia errada de negociação com Israel.
Um dos dirigentes com maior apoio popular da Fatah, Marwan Barghouthi, pediu mesmo uma «completa reorganização do partido», a começar por assumir as suas responsabilidades e proporcionar a transferência de poder para o Hamas.
Quarteto surpreendido e dividido
Entretanto, segunda-feira, em Londres, o Quarteto reuniu-se de emergência para avaliar a situação.
Da reunião, saiu um comunicado conjunto onde se garante o financiamento da ANP nos próximos três meses, tempo que se estima será necessário até que o actual presidente, Mahmud Abbas, possa empossar o novo governo.
A partir dessa data, torna-se «inevitável que a ajuda futura seja revista em função do respeito do governo palestiniano pelo princípio da não-violência, pelo reconhecimento de Israel e pela aceitação dos acordos e obrigações existentes», disse Kofi Annan.
O secretário-geral das Nações Unidas e porta-voz das conclusões conjuntas, acrescentou que «o povo palestiniano tem o direito de esperar que o novo governo responda às suas aspirações de paz e de acesso a um Estado», mas, em declarações paralelas, os representantes diplomáticos da UE e dos EUA não conseguiram disfarçar a diferença de posições quanto às medidas a tomar em face da vitória do Hamas.
Enquanto que o responsável da política externa europeia, Javier Solana, deixou entreaberta a porta à negociação, caso o partido «aceite as condições impostas», a homóloga norte-americana, Condoleezza Rice, negou tal possibilidade.