Ainda Abril estava a um ano e meses de acontecer, ouvíamos, num disco precioso e raro de Luís Cília, um poema de António Borges Coelho que nos dizia da esperança libertária e dos dias de clausura em Peniche: sou barco abandonado/na praia ao pé do mar/e os pensamentos são meninos a brincar […] Ó mar, venha a onda forte/por cima do areal/e os barcos abandonados/voltarão a Portugal. Adriano Correia de Oliveira cantaria também, com a sua voz que estremecia o silêncio compungido desses tempos, este belo poema do autor de A Revolução de 1383, nosso livro de cabeceira nesse longínquo ano de 1963.