Trocar experiências e avançar na luta
Durante três dias, o Palco Solidariedade do Espaço Internacional acolheu quatro debates, iniciativas das quais se retém a fértil troca de experiências sobre realidades concretas, as quais, caldeadas com a militância e a acção organizada, permitem aos comunistas e aos seus aliados avançar na luta.
«Mais informados e esclarecidos, mais motivados e conscientes ficaram muitos milhares de pessoas»
Mais informados e esclarecidos, mais motivados e conscientes ficaram muitos dos milhares de pessoas que, entre sexta-feira e domingo, participaram nos debates realizados no Palco Solidariedade do Espaço Internacional.
A abrir e a fechar o ciclo discutiu-se, respectivamente, a Cuba revolucionária e os caminhos para o socialismo que trilham o povo e a direcção daquele país, e a questão de Chipre e os desafios políticos que enfrentam os nossos camaradas naquele território. Em ambos os casos, os comunistas insulares do Caribe e do Mediterrâneo enfrentam com coragem a poderosa máquina imperialista, salientou-se.
Em Cuba, o bloqueio imposto pelos EUA há meio século é o principal obstáculo ao desenvolvimento económico do país, política criminosa que a par do terrorismo promovido pelos norte-americanos contra os cubanos, tem sido o principal obstáculo ao progresso social.
Não obstante, Cuba resiste e avança, facto que sendo só por si uma vitória merecedora de figurar na história da luta dos povos pela sua emancipação, demonstra a superioridade do ideal comunista e a sua capacidade, mesmo nas mais duras condições objectivas, de garantir ao povo direitos e serviços fundamentais que nenhuma nação capitalista assegura.
Em Chipre, a direcção comunista no país é muito mais recente, mas os desafios são igualmente assinaláveis. Desde logo pela divisão do país, consumada após a invasão turca da parte Norte da Ilha. Nenhum país senão a Turquia reconhece a República Turca do Norte do Chipre, mas não deixa de ser sintomático da hipocrisia imperialista que a ocupação do território cipriota seja mantida por um país membro da NATO, organização que olha para o Chipre como um autêntico porta-aviões na região.
A unidade e soberania do Chipre é, por isso, a grande questão, à qual se junta a governação de um país no quadro de uma União Europeia dominada pelas grande potências imperialistas europeias, representantes fiéis do grande capital e da oligarquia financeira.
Revoltas de desfecho incerto
Entre os debates sobre Cuba e Chipre, dois outros fóruns prenderam a atenção dos visitantes da Festa do Avante!. A propósito dos 90 anos do Partido Comunista da China, debateu-se os desafios e as conquistas naquele país (ver caixa). Também no sábado, esteve em destaque a agressão imperialista no Mundo Árabe.
Este último debate foi dos que maior afluência registou, sobretudo pela actualidade da questão e pelos seus desenvolvimentos diários em vários países. Mas um traço que domina todas as chamadas revolta árabes pese a diversidade de processos em curso, é a tentativa do imperialismo em reverter a seu favor o movimento desencadeado na Tunísia e Egipto, frisou Jorge Cadima.
Os EUA já planeavam desde o 11 de Setembro agredir países com a Síria, o Irão ou a Líbia, recordou o membro da Secção Internacional do PCP citando afirmações do ex-responsável das forças armadas norte-americanas, general Wesley Clark.
As campanhas actualmente em curso contra aqueles países, com graus de intensidade diferentes que vão desde a intoxicação mediática como antecâmara da guerra (Irão), à infiltração de grupos armados e difusão de mentiras (Síria), à bárbara agressão e invasão travestida de «acção humanitária» com a ajuda dos média (Líbia), confirmam, para Jorge Cadima, não apenas que o imperialismo norte-americano conserva como válida a doutrina da famigerada Nova Ordem Mundial e difunde-a amplamente, como demonstra que os EUA, aliados à potências imperialistas europeias, multiplicam guerras e agressões para fugir da crise profunda que atravessa o sistema capitalista.
Opinião semelhante expressou o membro do Partido Argelino para a Democracia e o Socialismo. Bessa Zahir enfatizou, no entanto, o papel dos partidos e dirigentes progressistas nas revoltas árabes e a imensa esperança que estas representam a par da ofensiva imperialista para a sua subversão.
Já para Ghassan Saliba, do Partido Comunista Libanês, os processos em curso podem ser denominados como de cariz democrático e nacional que não só não devem ser reprimidos pelos regimes, como não devem ser aproveitados pelo imperialismo, como ainda não devem ser infiltrados ou liderados por movimentos islamitas.
No contexto de revoltas de desfecho incerto, para Mustafá Mashal, da Frente Popular de Libertação da Palestina, importa sublinhar dois factos. O primeiro, concordante com o referido por outros oradores, é que «o imperialismo é como um monstro assanhado e rapinador dos povos», que tudo está a fazer para esmagar os povos árabes que se voltam a erguer ao fim de mais de um século entrincheirados nas fronteiras neocoloniais; e que a situação no Magrebe e Médio Oriente é indissociável da repressão brutal sobre o povo palestiniano pelo Estado de Israel, para a qual apelou à solidariedade internacionalista recebendo dos presentes uma significativa saudação.