Grande comício no domingo

Uma força imensa para os combates que aí vêm

Gustavo Carneiro

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Se a Festa é uma ocasião especial para os militantes comunistas, pela qual muitos esperam ansiosamente todo o ano, o comício de domingo ocupa, dentro da própria Festa, um lugar singular. Ali se partilham convicções e se retemperam forças para novos combates; ali sente-se, como em nenhum outro momento, que somos muitos e que juntos somos uma força imensa. Uma força indestrutível, como escrevia Neruda, pois não terminamos em nós próprios. Com cada um de nós está, sempre, um colectivo imenso de homens e mulheres unido por um projecto emancipador – o socialismo que queremos e iremos construir.

Mas este ano o comício de domingo foi ainda maior, transbordando em muito os limites do recinto do palco 25 de Abril e fazendo cair sobre a Quinta da Atalaia um imenso manto vermelho de bandeiras orgulhosamente erguidas. Quer isto dizer que o Partido cresceu, atraindo mais e mais gente para as suas fileiras e chamando outros a uma militância mais activa e a um maior compromisso. E julgando pelo entusiasmo manifestado pelas dezenas de muitos milhares de comunistas e amigos que participaram no comício, vai continuar a crescer e a reforçar-se nos duros combates que seremos chamados a travar nos próximos meses. Só pode duvidar disto quem não esteve na Festa do Avante! no domingo à tarde.

Ainda no Palco 25 de Abril actuavam os 4uatro ao Sul com o Grupo Coral Etnográfico da Casa do Povo de Serpa e Rui Júnior e já dos vários espaços da Festa saíam os desfiles para o comício. Muitas centenas de militantes do Partido, e muitos outros que não o são (ou não o eram, em alguns casos), empunhando bandeiras ou faixas e cerrando os punhos, faziam ouvir, entre o ribombar dos tambores, causas de hoje e exigências de futuro: emprego com direitos, justiça social, educação e da saúde públicas e universais, produção nacional, paz e cooperação com os povos do mundo.

À hora marcada, o recinto fez-se pequeno demais para acolher todos os que queriam participar no comício, mas sempre coube mais um, como sempre acontece nesta grande casa de luta, solidariedade e camaradagem que é o PCP. Muitos dos que lá estavam teriam quanto muito uma ténue ligação ao Partido, mas ouviram atentamente as palavras de Jerónimo de Sousa, José Casanova e Débora Santos (cujas intervenções publicamos nas páginas seguintes). E, comunistas ou não, todos vibraram quando se falou de combate, de luta, de transformação, de solidariedade com todos quantos, em Portugal e por esse mundo fora, resistem e não desistem de construir o seu devir de forma independente e soberana.

Um dos momentos mais emocionantes estava guardado para o fim. Como um só, num imenso abraço colectivo, milhares e milhares de pessoas cantaram a uma só voz o Avante, Camarada, A Internacional e A Portuguesa, cujo significado poucas vezes como agora se aproxima tanto das duas anteriores: levantar o esplendor de Portugal é, cada vez mais, sinónimo de lutar pela Terra Sem Amos – para que o Sol brilhe, um dia, para todos nós. E depois, a Carvalhesa... Que tem, quando tocada a seguir ao comício, um significado especial, resumindo, sem necessitar de palavras, os mais belos e avançados ideais que a Humanidade já produziu e o trabalho colectivo e militante para os transformar em realidade.

Saímos do comício e da Festa mais fortes e mais confiantes. Agora, há que transmitir essa força e essa confiança a quem não esteve lá, pois os combates serão duros e todos seremos poucos para os travar. E teremos de ser nós a mostrar o que se passou nestes três dias de Festa do Avante!: procure-se nos jornais de segunda-feira alguma referência, alguma fotografia, sobre o comício que espelhe a força imensa que dele brotou. Nada. Esses jornais, essas televisões, essas rádios, pertencem aos grandes grupos económicos e, como tal, defendem os interesses dos seus donos.

Façamos nós a nossa parte. Defendamos os interesses dos trabalhadores e da grande maioria do povo. Só nós o poderemos fazer.



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