O cartaz de espectáculos da edição deste ano da Festa do Avante! era apelativo e o público compareceu em força nos concertos do palco 25 de Abril. Uma vez mais mostrando que é também este público que faz da Festa o que ela é – uma iniciativa única e incomparável.

Entre os momentos inesquecíveis da edição deste ano contam-se os últimos espectáculos de cada dia: a Grande Gala de Ópera (ver textos nestas páginas) e os concertos dos Trovante e dos Xutos & Pontapés. Os primeiros, que fecharam o palco no sábado, comemoraram ali os seus 35 anos – e que melhor local para o fazer, sabendo que «Trovante e Festa do Avante! nasceram em berços lado a lado», como recordou Luís Represas? A audiência, radiante por ouvir ao vivo canções como Poço dos Negros, Saudades do Futuro, 125 Azul, Vocês Fizeram os Dias Assim, Chão Nosso ou Timor, retribuiu calorosamente. E deverá ter sido gratificante para a banda ver milhares de jovens no espectáculo a cantar as canções, muitos dos quais não seriam sequer nascidos quando o grupo se separou.

Ao contrário dos Trovante, que há décadas não actuavam na Festa, os Xutos são uma presença regular no Palco 25 de Abril. Sempre com enchentes, como se pôde constatar novamente no domingo. Tim, Zé Pedro, Kalu, João Cabeleira e Gui esmeraram-se e brindaram o público da Festa com mais um concerto vibrante. À Minha Maneira, Tonto, Chuva Dissolvente e Maria fizeram as delícias dos presentes.

Ritmos frenéticos e quentes

Mas se os finais de noite foram especiais, nem por isso os artistas que os antecederam no palco lhes ficaram atrás em empenho e brilhantismo. Sábado ao início da tarde, coube aos The Poppers abrir o palco, o que fizeram com mérito segurando no recinto muitos dos que para ali tinham ido saltar a Carvalhesa. Sean Riley & The Slowriders mantiveram o ritmo elevado e o público quente. Com os Quempallou mudaram os ritmos e os sons, mas permaneceu viva a animação e surgiram as palavras de luta e de transformação. Os La Chiva Gantiva elevaram o frenesim a um nível elevadíssimo, com os seus ritmos quentes provenientes da Colômbia.

Os Terrakota, de quem foi o palco a seguir, mostraram que a utopia de meter todo o mundo numa só banda (como afirmou Cândido Mota) é possível. O apresentador previra já isso, defendendo que na música como noutras vertentes da vida, «utopia é apenas o que ainda não foi feito». De Mayra Andrade pouco mais haverá a dizer para além de «magnífica». Na voz. Na presença. Na entrega às fantásticas canções que interpreta.

Em seguida, o palco foi dos Expensive Soul, este ano acompanhados pela Jaguar Band. Depois do grande concerto do ano passado, voltaram a pôr milhares de fãs aos saltos, mostrando que são um caso ímpar de popularidade entre os mais novos – e também entre muitos dos seus pais. Já os Clã... Foram novamente os Clã. Simplesmente únicos.

Domingo de luta e festa

The Happy Mothers foi a primeira banda a subir ao palco no domingo, seguidos pelos The Underdogs, dois exemplos do bom rock que se faz actualmente em Portugal. Os X-Wife, já com outra dimensão e popularidade, fizeram jus à sua fama e cumpriram com distinção a dura tarefa de agradar ao generoso mas exigente público da Festa.

Coube aos 4uatro ao Sul aquecer as hostes para o grande comício de domingo à tarde. E foi com brilhantismo que o fizeram, acompanhados pelo Grupo Coral Etnográfico da Casa do Povo de Serpa e por Rui Júnior. E não foi com menor êxito que os Che Sudaka cumpriram a difícil missão de tocar a seguir ao comício. Em elevada rotação, a banda da Catalunha (que inclui também músicos argentinos e colombianos) provou que Todo es Possible mantendo agitadas as bandeiras vermelhas da foice e do martelo que por ali ficaram depois do grande comício. Os Amor Electro também não desiludiram com as suas versões pop de imortais canções portuguesas.

A Carvalhesa

Não é possível escrever sobre o Palco 25 de Abril sem fazer uma referência, por breve que seja, a esse fenómeno de massas que é a Carvalhesa, que abre e encerra a programação musical do maior palco da Festa do Avante!. A reacção que provoca nos visitantes – sobretudo nos mais jovens – é impressionante, ainda por cima quando é acompanhada por fogo de artifício.

Trovante

Amor Electro

The Underdogs

Sean Riley & The Slowriders

X-Wife

Mayra Andrade

Clã

Che Sudaka

La Chiva Gantiva

Quempallou