Comício da CDU em Lisboa em defesa da soberania

O povo tem o direito a decidir do seu futuro

Gustavo Carneiro (texto)
Inês Seixas(fotos)

Ao re­cusar os «actos de sub­missão que tentam apri­si­onar a von­tade so­be­rana do nosso povo, como aquele que sem brio e sem dig­ni­dade pa­trió­tica PS, PSD e CDS pre­tendem con­cre­tizar no pacto com o FMI e a União Eu­ro­peia», a CDU as­sume-se como o ga­rante da in­de­pen­dência e da so­be­rania na­ci­o­nais, afirmou Je­ró­nimo de Sousa no do­mingo, num co­mício re­a­li­zado em Lisboa.

O País não pode ter uma «pos­tura de co­lónia» face às po­tên­cias eu­ro­peias

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Do alto do Parque Edu­ardo VII e com uma so­berba vista sobre Lisboa e o Tejo atrás de si, o Se­cre­tário-geral do PCP lem­brou que as me­didas anun­ci­adas pela «troika da in­ge­rência es­tran­geira e com­par­ti­lhadas pelo PS, PSD e CDS têm como ob­jec­tivo a in­ten­si­fi­cação da ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores, mas são também parte do pro­cesso de agra­va­mento da de­pen­dência eco­nó­mica e da sub­missão po­lí­tica do País face aos grandes grupos fi­nan­ceiros e eco­nó­micos da União Eu­ro­peia». A irem por di­ante, sig­ni­fi­carão «novos e mais gra­vosos passos no já longo pro­cesso de ab­di­cação na­ci­onal e de do­mínio po­lí­tico e eco­nó­mico es­tran­geiro que re­pre­sentam os 25 anos de adesão de Por­tugal à CEE e à União Eu­ro­peia».

Pe­rante as largas cen­tenas de ac­ti­vistas da CDU do dis­trito de Lisboa ali pre­sentes, Je­ró­nimo de Sousa afirmou que com o pacto «vai con­ti­nuar e in­ten­si­ficar-se a des­truição de sec­tores pro­du­tivos e da pro­dução na­ci­onal, das in­dús­trias bá­sicas e es­tra­té­gicas, da agri­cul­tura e das pescas», lem­brando em se­guida que foi pre­ci­sa­mente a des­truição destas ac­ti­vi­dades ao sabor dos in­te­resses da UE que con­duziu à «de­pen­dência e ao agra­va­mento dos dé­fices es­tru­tu­rais do País». Ao mesmo tempo que agravou o de­sem­prego, os baixos sa­lá­rios, as de­si­gual­dades so­ciais, a po­breza e as as­si­me­trias re­gi­o­nais, re­cordou o di­ri­gente do PCP e pri­meiro can­di­dato da co­li­gação PCP-PEV pelo dis­trito.

Assim acon­teceu com a adesão ao Mer­cado Comum, à União Eco­nó­mica e Mo­ne­tária e ao Tra­tado de Lisboa e assim acon­tece também com o «ac­tual pacto de sub­missão e agressão do FMI/​UE/BCE», que re­pre­senta a «im­po­sição de ori­en­ta­ções im­pe­di­tivas do nosso de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico e do nosso di­reito so­be­rano a pro­duzir, des­truindo di­reitos la­bo­rais e so­ciais e ser­viços pú­blicos», acusou o Se­cre­tário-geral do Par­tido. O acordo as­si­nado entre a «troika ex­te­rior» e a «troika de cá», ga­rantiu, serve uni­ca­mente para «en­cher os bolsos dos se­nhores da banca».

A sub­missão de PS, PSD e CDS é de tal ordem que a «se­nhora Merkel até já se acha no di­reito de dar or­dens ao nosso povo sobre quanto tempo deve tra­ba­lhar ou quantos dias deve ter de fé­rias», re­pu­diou Je­ró­nimo de Sousa, de­nun­ci­ando a ati­tude dos par­tidos da po­lí­tica de di­reita: «O PS sorri e acena que não ou ainda não, o PSD diz que não pode ser bem assim, o CDS nem diz nada, mas lá estão os três prontos para dis­cutir com a se­nhora Merkel os des­tinos deste País.» Qual­quer um desses par­tidos, re­matou, está dis­posto a tudo para «sa­tis­fazer os in­te­resses es­tran­geiros e dos grandes grupos eco­nó­micos», como o prova tanto o seu pas­sado como o seu pre­sente.

 

A so­be­rania não se ne­go­ceia nem se vende

 

Não é pos­sível pro­mover e avançar com um pro­jecto de­mo­crá­tico, pa­trió­tico, de de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico e de pro­gresso e de jus­tiça so­cial sem que este es­teja ali­cer­çado no pleno exer­cício da so­be­rania na­ci­onal. Esta tese foi avan­çada por Je­ró­nimo de Sousa, que re­a­firmou em se­guida que só ao povo «per­tence e cabe as­sumir e exercer a de­cisão quanto ao seu pre­sente e fu­turo», pelo que a so­be­rania na­ci­onal «não se ne­go­ceia, não se vende e não se cede». É pre­ci­sa­mente desta cons­ta­tação e ideia cen­tral que parte a «po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda que de­fen­demos e que pro­pomos ao povo por­tu­guês», avançou.

A pro­posta po­lí­tica de fundo da CDU, ex­pli­citou o di­ri­gente co­mu­nista, «as­senta na uti­li­zação dos re­cursos na­ci­o­nais e exige a re­cu­pe­ração dos ins­tru­mentos po­lí­ticos e eco­nó­micos, do sector pro­du­tivo e das re­la­ções co­mer­ciais que se re­velem in­dis­pen­sá­veis ao de­sen­vol­vi­mento de Por­tugal». As­su­mindo que o País não está «con­de­nado à sub­missão e à de­pen­dência», Je­ró­nimo de Sousa adi­antou al­guns dos eixos cen­trais da po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda que a co­li­gação PCP-PEV propõe: pre­ser­vação da so­be­rania na­ci­onal en­quanto con­dição para a ma­nu­tenção de Por­tugal como país in­de­pen­dente; sal­va­guarda da de­mo­cracia; de­sen­vol­vi­mento do País e con­cre­ti­zação dos in­te­resses e as­pi­ra­ções po­pu­lares; ga­rantia de uma vida digna para os tra­ba­lha­dores e o povo; re­lação so­li­dária e de paz com todos os povos do mundo.

Re­jei­tando que só haja para Por­tugal o ca­minho da su­jeição, Je­ró­nimo de Sousa afirmou haver res­posta e so­lução para evitar o «cu­telo que o FMI pende sobre o nosso País e as nossas vidas». A CDU, ga­rantiu, tem essas so­lu­ções e res­postas, «pos­sí­veis de con­cre­tizar por um go­verno firme e de­ter­mi­nado na de­fesa dos in­te­resses na­ci­o­nais»: a re­ne­go­ci­ação da dí­vida pú­blica (juros, prazos e mon­tantes); o au­mento e de­fesa da pro­dução; o com­bate ao de­sem­prego; o au­mento dos sa­lá­rios e pen­sões e uma re­forma fiscal que tri­bute efec­ti­va­mente a banca e os grupos eco­nó­micos, as mais-va­lias bol­sistas e os di­vi­dendos dos grandes ac­ci­o­nistas.

 

Es­cla­recer e mo­bi­lizar

 

Antes de Je­ró­nimo de Sousa in­ter­veio a di­ri­gente do PEV He­loísa Apo­lónia, que acusou PS, PSD e CDS de terem um «mes­mís­simo pro­grama» que é o plano da troika. Já a CDU tem «toda a le­gi­ti­mi­dade» para alertar para os pe­rigos desse plano, que con­si­derou um «ab­so­luto abalo sís­mico de grande in­ten­si­dade do ponto de vista eco­nó­mico e so­cial».

Esta le­gi­ti­mi­dade vem, em sua opi­nião, do facto de o tempo ter dado razão à CDU. Con­cre­ti­zando o que aca­bara de dizer, a di­ri­gente do PEV lem­brou que os par­tidos que com­põem a CDU aler­taram desde a pri­meira hora para os pe­rigos desta in­te­gração eu­ro­peia e da po­lí­tica de apoios para não se pro­duzir, que tor­naram o País mais de­pen­dente. Também a «ob­sessão» pelo dé­fice e os su­ces­sivos planos de aus­te­ri­dade foram de­nun­ci­ados como pre­ju­di­ciais para o País, como está agora à vista de todos.

A de­pu­tada Rita Rato, ter­ceira can­di­data da lista por Lisboa, de­dicou a sua in­ter­venção aos pro­blemas que afectam as novas ge­ra­ções. Apesar do de­sem­prego e da pre­ca­ri­e­dade, va­lo­rizou, mi­lhares de jo­vens tra­ba­lha­dores lu­taram nas suas em­presas pela pas­sagem a efec­tivos dos seus vín­culos la­bo­rais: «são ope­rá­rios, fer­ro­viá­rios, tra­ba­lha­dores das grandes su­per­fí­cies, dos call-cen­ters, pro­fes­sores, en­fer­meiros que têm con­quis­tado vi­tó­rias muito im­por­tantes, apesar do longo ca­minho que ainda falta per­correr.»

No En­sino Su­pe­rior, pros­se­guiu, mi­lhares de es­tu­dantes saíram à rua para de­fender o fim das pro­pinas e o di­reito às bolsas de es­tudo, num ano em que mais de 11 mil es­tu­dantes per­deram a bolsa e 12 mil viram re­du­zido o seu valor. Nos en­sinos bá­sico, se­cun­dário e pro­fis­si­onal a luta, que en­volveu igual­mente mi­lhares de es­tu­dantes, travou-se pelo di­reito de reu­nião, pela gra­tui­ti­dade do en­sino, por mais fun­ci­o­ná­rios, pro­fes­sores e psi­có­logos, pelo di­reito à uti­li­zação gra­tuita dos es­paços des­por­tivos, pela ava­li­ação con­tínua e pela edu­cação se­xual.

A can­di­data Te­resa La­cerda, a quem coube apre­sentar o co­mício, va­lo­rizou a «feliz e muito im­por­tante de­cisão» de con­cre­tizar uma cam­panha sus­ten­tada no diá­logo, per­su­asão e con­ven­ci­mento dos tra­ba­lha­dores e do povo. Também a Banda do An­da­rilho deu o seu con­tri­buto para a mo­bi­li­zação dos ac­ti­vistas da Co­li­gação.



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