Todos os votos contam!
No segundo dia de campanha, Jerónimo de Sousa rumou ao distrito de Portalegre, onde Luísa Araújo é cabeça de lista pela CDU. Ali encontrou uma região completamente devastada, onde o desemprego, o envelhecimento e a desertificação são as principais preocupações das populações raianas.
Afinal há possibilidades de sair da crise
A primeira grande acção de segunda-feira, depois de um animado comício em Lisboa que marcou o arranque da campanha da CDU (ver página 5), aconteceu na bonita cidade de Elvas, onde o Secretário-geral do PCP contactou com comerciantes e população local, que o acolheu de braços abertos e sorrisos rasgados mas não deixou de lhe exprimir a sua inquietação com a situação do País. Jerónimo de Sousa não foi atrás de desânimos e, numa mensagem de esperança e confiança no futuro, lembrou que agora é tempo de confiar na CDU e que está nas mãos de cada português assegurar a inadiável ruptura com a política de direita e a construção de uma nova política e de um novo governo, patriótico e de esquerda, ao serviço dos trabalhadores, do povo e do País.
Em declarações aos jornalistas, no final da arruada no centro da cidade, o Secretário-geral do PCP alertou para as consequências do programa de agressão e submissão que PS, PSD e CDS querem impor, sob o comando da troika, que vai permitir, entre outras medidas, mais despedimentos, ataques aos direitos dos trabalhadores, precariedade laboral, cortes nos salários, pensões e subsídios, encerramento de escolas e serviços de saúde.
Interrogado sobre quais as perspectivas da CDU para as eleições de 5 de Junho, Jerónimo de Sousa frisou que são de «reforço» do número de votos e de mandatos, como pode vir a acontecer no distrito de Portalegre, que elege dois deputados.
Em Portalegre, a lista da CDU é composta por Luísa Araújo, empregada de escritório, Joaquim Lopes, engenheiro técnico agrário, Fernanda Bacalhau, funcionária administrativa, e Nuno Silva, Psicólogo. No distrito, como mandatários, a CDU conta com Diogo Júlio (distrital), Manuel Braga (financeiro), João Martins (Alter do Chão), Cesarina Cunha (Arronches), António Paula Campos (Campo Maior), Manuel Serpa Soares (Castelo de Vide), Luís Pargana (Crato), Gilberto Santos (Elvas), Maria Cecília Grazina (Fronteira), Jorge Monteiro (Gavião), José Caldeira Martins (Marvão), Rui Maia da Silva (Monforte), Esmeralda Almeida (Nisa), João Pedro Amante (Ponte de Sor), Hugo Capote (Portalegre) e José Coelho da Rosa (Sousel).
Sair da crise com mais produção
Mais tarde, depois de uma rápida passagem por Portalegre, a comitiva da CDU, agora com a presença de Heloísa Apolónia, do Partido Ecologista «Os Verdes», foi conhecer a Adega da Herdade Fonte Paredes, situada no «coração» do concelho de Avis, um exemplo das potencialidades da região e do País.
Com esta iniciativa, o Secretário-geral do PCP alertou para a necessidade de «pôr Portugal a produzir» e defendeu uma política de Estado em defesa e promoção da produção nacional. Não se pretendeu apenas mostrar as «sequelas da política de destruição do aparelho produtivo», mas, também, «as potencialidades que existem em Portugal» e naquele distrito. «Um exemplo de um bom investimento de fundos comunitários, contrariando o que durante anos aconteceu, que foi subsidiar para não se produzir», salientou, denunciando que «90 por cento dos subsídios foram para 10 por cento dos grandes latifundiários», enquanto que os pequenos apenas receberam 10 por cento.
Tudo isto, acrescentou, «num distrito profundamente fustigado em termos de destruição da produção nacional, seja na agricultura, seja na indústria». «Nós temos, hoje, dificuldades tremendas, e afinal há tantas possibilidades para sair da crise», frisou.
Punir a política de direita
O dia terminou em Ponte Sor, um concelho sem oportunidades para os mais jovens, fortemente afectado pelo flagelo do desemprego. Depois de uma calorosa recepção por parte da população que saiu à rua para receber os candidatos e activistas da CDU, teve lugar, junto da estação dos autocarros, um comício que contou com as intervenções de Luísa Araújo, Heloísa Apolónia e Jerónimo de Sousa.
«Temos connosco Jerónimo de Sousa e Heloísa Apolónia, dois destacados interventores da política nacional, na defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País», afirmou a candidata, dando conta que durante a pré-campanha a CDU contactou com «milhares de pessoas, em todos os concelhos do distrito», procurando informar e esclarecer sobre «aspectos concretos que têm a ver com a sua própria vida, com uma relação muito directa com a política nacional, que lhes trouxe consequências gravosas para a sua vida».
«Encontrámos preocupações e tristezas, esperanças no rosto e nas palavras. Identificámos, com eles, quem são os responsáveis por esta política, e demos a conhecer que o seu voto é responsável pela mudança que é necessária no País e no distrito de Portalegre», afirmou Luísa Araújo, lembrando que é necessário criar mais indústrias, combater o desemprego e dizer «não» à redução do abono familiar a cerca de cinco mil crianças.
A cabeça de lista da CDU pelo distrito de Portalegre endereçou ainda uma palavra de solidariedade aos mais idosos, que «recebem, em média, 80 por cento do valor das reformas e pensões comparativamente com o resto do País». «É preciso que sejam os eleitores a ter consciência de que é preciso dar mais força à CDU, num distrito que apenas elege dois deputados, do PS e do PSD, que têm apoiado a política de direita chumbando as propostas da CDU», destacou, terminando: «Vamos dar mais força à CDU.»
Por seu lado, Jerónimo de Sousa exigiu uma correcção fiscal que permita à região raiana uma maior competitividade, nomeadamente com os mercados espanhóis. «A injustiça fiscal combate qualquer possibilidade de competitividade das nossas empresas, da nossa agricultura», denunciou o Secretário-geral do PCP, dando como exemplo o IVA dos alimentos, que em Portugal é de 6, 13 e 23 por cento e em Espanha vai de 4 a 8 por cento. «As empresas em Espanha têm mais apoios, têm combustíveis mais baixos, pagam menos impostos. Como é que uma empresa portuguesa pode competir neste quadro», questionou.
Heloísa Apolónia acusou o Governo de fazer uma «gestão danosa» do território nacional, sendo Portalegre um exemplo. «Um governo que desperdiça uma boa parte do seu território merece ser punido», disse, apelando a todos para que não confiem apenas «nas palavras que se dizem na campanha eleitoral», antes vejam «aquilo que se fez na Assembleia da República» e aí «darão razão à CDU». «Os grupos parlamentares do PCP e de “Os Verdes” foram os que mais trabalharam contra a interioridade do nosso País, contra as assimetrias regionais», frisou.