Força inspiradora de futuro

João Chasqueira

Sempre bela e capaz de se reinventar, a Festa voltou a ser o que dela se esperava que fosse: participada, criativa, lugar de cultura e descoberta, de reencontro e alegria, espaço inigualável de solidariedade e fraternidade. E de luta. Luta por uma vida melhor, pela defesa e conquista de direitos, pelo progresso social e o desenvolvimento do País, com os olhos na construção de uma sociedade sem exploradores nem explorados.

De tudo isto se fez a Festa, em ambiente de confiança, e tudo isto contribuiu para que dela se diga que foi um êxito a todos os níveis: político, organizativo, de funcionamento, a comprovar a capacidade de realização da força política que não se vergou à campanha do medo e que se opôs ao confinamento dos direitos.

Os primeiros sinais de que esta 45.ª edição assim seria foram logo dados - e de forma bem visível – quando, em ambiente festivo, os visitantes assistiram a esse primeiro acto vincadamente político que foi a abertura oficial da Festa pela voz do Secretário-geral do PCP.

Eram 19h00 em ponto quando, pelo som geral da Atalaia, se ouviram as primeiras palavras de Jerónimo de Sousa dirigidas aos visitantes. Palavras de boas-vindas e de saudação, a lembrar-nos que na Festa se sente «o pulsar e o fruir da vida» e que sendo «porventura o acto e espaço mais avançado na realidade que nos cerca» é também ali que são dados «passos para transformar essa realidade».

Não menos marcante, logo a seguir ao entoar dos hinos Avante Camarada, A Portuguesa e A Internacional, foi o içar de 100 bandeiras comunistas pelos braços de 100 novos militantes da JCP e de membros de células de empresa. Concretizado em quatro pontos emblemáticos da Festa – Pavilhão Central, Palco 25 de Abril, Quinta do Cabo e Praça da Paz –, este acto de enorme carga simbólica assinalou o Centenário do Partido da classe operária e de todos os trabalhadores, cuja existência é toda ela uma história de páginas e páginas heróicas quer de resistência ao fascismo e de luta pela liberdade, quer de empenhada construção e defesa da Revolução do 25 de Abril, quer de ulterior resistência à contra-revolução e de luta pela ruptura com a política de direita e de afirmação de uma política alternativa.

Foi, pois, com um misto de emoção e alegria que foi acompanhado esse gesto exaltante de elevação simultânea ao topo dos mastros de 100 bandeiras vermelhas com a foice e o martelo e a estrela de cinco pontas por camaradas que só recentemente passaram a integrar a vida do colectivo partidário.

Muitos deles jovens, como a Mariana Raminhos, de 18 anos, uma estreante na Festa e membro da JCP há apenas quatro meses, que não escondeu o seu orgulho e satisfação por participar naquele acto colectivo. Também para si carregado de «significado», declarou ao Avante!, por ver nele «coordenação», «muita união entre camaradas» pelo objectivo comum que é a «luta por uma sociedade mais justa e livre».

Uma forma de expressar o que a jovem comunista já sabe ser a importância da unidade e coesão do colectivo partidário em torno da sua orientação política e da sua direcção - e o quanto isso é decisivo para o fortalecimento da organização e intervenção do Partido.

Ambiente único

E como não falar da alegria, dos sorrisos, das expressões de felicidade, da brincadeira e do convívio, dessa atmosfera fraternal e solidária, em que ninguém se sente sozinho, tão característicos da Festa e dela nunca ausentes?

Foram todos estes traços, pois, que estiveram presentes ao longo dos três dias, neles residindo a própria força da Festa.

Uma força que emana do trabalho dos que a pulso, de forma consciente e generosa, se entregaram a erigi-la; do poder criador desse trabalho colectivo e militante que a concebe e constrói; da inegável qualidade da sua multifacetada oferta cultural, tudo enquadrado por elementos de enorme valor paisagístico e ambiental – basta pensarmos na Tejo -, que transformam a Festa num sítio aprazível e seguro e que fazem dela, cada vez mais, a grande festa da juventude e das famílias.

A pouco menos de um mês das eleições autárquicas, a Festa foi ainda um importante momento de afirmação da CDU e do seu projecto distintivo ao serviço das populações, marcando o fim da pré-campanha e o arranque da campanha eleitoral.

Como foi - e também neste plano nada se lhe compara –, o espaço que acolhe e dá voz às pequenas e grandes lutas dos trabalhadores e do povo, aos seus anseios e aspirações de progresso e justiça social.

E por a Festa ser tudo isto não admira que haja já quem anseie pela edição do próximo ano, como se observou pela reacção dos muitos que no domingo à noite, à saída, saudaram a despedida com um prolongado aplauso e a promessa de voltar.

Tudo somado, a Festa voltou a ser uma força inspiradora do devir pelo qual lutamos. E porque afirmamos, convictamente, que «O Futuro tem Partido».





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Agradecimentos

O PCP agradece a todas as entidades, públicas e privadas, que contribuíram para a realização da Festa do Avante!. À Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto, à Associação de Colectividades do Concelho do Seixal e a muitas outras associações, colectividades e clubes desportivos. Ao...

Fotógrafos da Festa

Ana Ferreira Ana Isabel Martins Fernando Monteiro Inês Seixas Jaime Carita José Baguinho João Lopes Jorge Cabral Jorge Caria José Carlos Pratas José Coelho José Frade Luís Duarte Clara Manuel Pinto Jorge Mário Saldanha Miguel Mestre Nuno Lopes Nuno Trindade Nuno Sousa Paulo Oliveira Paulo Silva...