O mundo que resiste e avança, hoje como há 100 anos
A solidariedade internacionalista voltou a pulsar forte na Festa do Avante!, e em particular no seu Espaço Internacional, que em ano de Centenário do PCP destacou os 100 anos de luta pela paz e de solidariedade internacionalista, precisamente uma das marcas identitárias do Partido Comunista Português.
Na exposição de 10 painéis patente no auditório de debates daquele espaço, dedicada precisamente a esta temática, lembrava-se a acção do PCP em defesa da Rússia soviética, ameaçada pela agressão imperialista, e da República espanhola, que entre 1936 e 1939 foi a linha da frente na luta contra o fascismo. Mas também se destacava o papel determinante dos comunistas na vitória sobre o nazi-fascismo na Segunda Guerra Mundial e a importância que nela desempenharam as decisões assumidas no VII Congresso da Internacional Comunista, realizado em 1935.
Em realce na mostra estavam ainda a luta pela paz e o desarmamento durante a chamada Guerra Fria, incluindo a adesão da ditadura fascista como membro fundador da NATO, a oposição à guerra colonial e a Revolução de Abril, ela própria um acto de paz e uma expressiva afirmação de soberania - momentos da história do País em que o PCP teve um papel importante. O último painel realçava precisamente a continuidade dessa acção em defesa da paz e pela amizade com todos os povos, tanto mais necessária quando é brutal e criminosa a ofensiva imperialista que marca o nosso tempo.
Combates do nosso tempo
Foi muito dessa ofensiva, e dos que lhe resistem, que se tratou no Espaço Internacional e nos momentos de solidariedade realizados em vários pontos do recinto: com a Venezuela bolivariana e Cuba socialista, com o Sara Ocidental e a Palestina, com os povos colombiano e ucraniano.
Em todas estas iniciativas, estabeleceu-se um contacto muito próximo entre os visitantes da Festa e os representantes dos partidos e organizações de cada um desses países e, através destes, com os respectivos povos e as suas lutas. Sabor especial teve o momento de solidariedade com Cuba socialista, pelo assunto em si, naturalmente, mas também pela presença de Fernando González Llort, um dos cinco patriotas cubanos presos durante 15 anos nos EUA por defenderem o seu país do terrorismo e da agressão, galardoado com o título de Herói da República e Cuba, deputado da Assembleia Nacional e actual presidente do Instituto Cubano de Amizade com os Povos.
Para além dos debates do auditório (ver texto próprio nestas páginas), as lutas que se travam no mundo – contra a guerra e pela paz, contra a agressão e a ingerência, pelo direito ao desenvolvimento soberano – estiveram também impressas nas paredes do Espaço Internacional, em pinturas que associaram sensibilidade estética à mensagem política: «Por uma Europa dos trabalhadores e dos povos»; «Fim à NATO! Pela paz, pelo desarmamento»; «Povos de África livres e soberanos: não à ingerência e ao neocolonialismo»; «Sara Ocidental livre, fim à ocupação por Marrocos»; «Fim da agressão à Venezuela bolivariana»; «Síria: paz e soberania, fim à agressão»; «Fim ao bloqueio contra Cuba» ou «Fim à ocupação! Palestina livre e independente», este da autoria de Vasco Gargalo.
Das batalhas de hoje
ao futuro que vislumbramos
Nos vários pavilhões presentes no Espaço Internacional eram realçadas muitas outras batalhas protagonizadas um pouco por todo o mundo pelos partidos comunistas e forças progressistas: dos avanços económicos e sociais registados na China e no Vietname às perspectivas abertas na Bolívia e no Chile, das próximas eleições em França à denúncia do golpe na Guiné-Bissau, do combate ao governo de Bolsonaro no Brasil à persistente exigência de reunificação de Chipre, dos combates pelo desenvolvimento soberano em Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe à dura resistência na Turquia, passando pelos desafios colocados na Alemanha, Bélgica, Espanha, Grã-Bretanha, Grécia ou Itália.
A História foi um elemento presente – ou não fosse a luta de classes o seu motor – em todo o Espaço, com a memória viva de lutas e lutadores do passado, cujo exemplo e legado iluminam os combates e os combatentes de hoje. Se um mural, evocando os 150 anos da Comuna de Paris, reafirmava o compromisso de «Lutar pela emancipação dos trabalhadores», em vários pavilhões surgiam referências, imagens ou obras de Salvador Allende, Pablo Neruda e Violeta Parra, Fidel Castro e Ché Guevara, Antonio Gramsci e Dolores Ibarrúri (La Passionaria), Amílcar Cabral e Ho Chi Minh, Agostinho Neto e Samora Machel. E, como sempre, de Marx, Engels e Lénine.
E, como sempre, as pronúncias, as músicas, os sabores e as cores dos povos deste vasto mundo, que como ali todos os anos se demonstra podem conviver em paz. E com uma contagiante alegria.