- Nº 2493 (2021/09/9)

Força inspiradora de futuro

Festa do Avante!

Sempre bela e capaz de se reinventar, a Festa voltou a ser o que dela se esperava que fosse: participada, criativa, lugar de cultura e descoberta, de reencontro e alegria, espaço inigualável de solidariedade e fraternidade. E de luta. Luta por uma vida melhor, pela defesa e conquista de direitos, pelo progresso social e o desenvolvimento do País, com os olhos na construção de uma sociedade sem exploradores nem explorados.

De tudo isto se fez a Festa, em ambiente de confiança, e tudo isto contribuiu para que dela se diga que foi um êxito a todos os níveis: político, organizativo, de funcionamento, a comprovar a capacidade de realização da força política que não se vergou à campanha do medo e que se opôs ao confinamento dos direitos.

Os primeiros sinais de que esta 45.ª edição assim seria foram logo dados - e de forma bem visível – quando, em ambiente festivo, os visitantes assistiram a esse primeiro acto vincadamente político que foi a abertura oficial da Festa pela voz do Secretário-geral do PCP.

Eram 19h00 em ponto quando, pelo som geral da Atalaia, se ouviram as primeiras palavras de Jerónimo de Sousa dirigidas aos visitantes. Palavras de boas-vindas e de saudação, a lembrar-nos que na Festa se sente «o pulsar e o fruir da vida» e que sendo «porventura o acto e espaço mais avançado na realidade que nos cerca» é também ali que são dados «passos para transformar essa realidade».

Não menos marcante, logo a seguir ao entoar dos hinos Avante Camarada, A Portuguesa e A Internacional, foi o içar de 100 bandeiras comunistas pelos braços de 100 novos militantes da JCP e de membros de células de empresa. Concretizado em quatro pontos emblemáticos da Festa – Pavilhão Central, Palco 25 de Abril, Quinta do Cabo e Praça da Paz –, este acto de enorme carga simbólica assinalou o Centenário do Partido da classe operária e de todos os trabalhadores, cuja existência é toda ela uma história de páginas e páginas heróicas quer de resistência ao fascismo e de luta pela liberdade, quer de empenhada construção e defesa da Revolução do 25 de Abril, quer de ulterior resistência à contra-revolução e de luta pela ruptura com a política de direita e de afirmação de uma política alternativa.

Foi, pois, com um misto de emoção e alegria que foi acompanhado esse gesto exaltante de elevação simultânea ao topo dos mastros de 100 bandeiras vermelhas com a foice e o martelo e a estrela de cinco pontas por camaradas que só recentemente passaram a integrar a vida do colectivo partidário.

Muitos deles jovens, como a Mariana Raminhos, de 18 anos, uma estreante na Festa e membro da JCP há apenas quatro meses, que não escondeu o seu orgulho e satisfação por participar naquele acto colectivo. Também para si carregado de «significado», declarou ao Avante!, por ver nele «coordenação», «muita união entre camaradas» pelo objectivo comum que é a «luta por uma sociedade mais justa e livre».

Uma forma de expressar o que a jovem comunista já sabe ser a importância da unidade e coesão do colectivo partidário em torno da sua orientação política e da sua direcção - e o quanto isso é decisivo para o fortalecimento da organização e intervenção do Partido.

Ambiente único

E como não falar da alegria, dos sorrisos, das expressões de felicidade, da brincadeira e do convívio, dessa atmosfera fraternal e solidária, em que ninguém se sente sozinho, tão característicos da Festa e dela nunca ausentes?

Foram todos estes traços, pois, que estiveram presentes ao longo dos três dias, neles residindo a própria força da Festa.

Uma força que emana do trabalho dos que a pulso, de forma consciente e generosa, se entregaram a erigi-la; do poder criador desse trabalho colectivo e militante que a concebe e constrói; da inegável qualidade da sua multifacetada oferta cultural, tudo enquadrado por elementos de enorme valor paisagístico e ambiental – basta pensarmos na Tejo -, que transformam a Festa num sítio aprazível e seguro e que fazem dela, cada vez mais, a grande festa da juventude e das famílias.

A pouco menos de um mês das eleições autárquicas, a Festa foi ainda um importante momento de afirmação da CDU e do seu projecto distintivo ao serviço das populações, marcando o fim da pré-campanha e o arranque da campanha eleitoral.

Como foi - e também neste plano nada se lhe compara –, o espaço que acolhe e dá voz às pequenas e grandes lutas dos trabalhadores e do povo, aos seus anseios e aspirações de progresso e justiça social.

E por a Festa ser tudo isto não admira que haja já quem anseie pela edição do próximo ano, como se observou pela reacção dos muitos que no domingo à noite, à saída, saudaram a despedida com um prolongado aplauso e a promessa de voltar.

Tudo somado, a Festa voltou a ser uma força inspiradora do devir pelo qual lutamos. E porque afirmamos, convictamente, que «O Futuro tem Partido».



João Chasqueira