Palco 25 de Abril

Simbiose entre artistas e público

Diogo Correia

Palco 25 de Abril é sinónimo de momentos inesquecíveis e nesta Festa do Avante! não foi diferente. Sejam actuações de bandas consagradas ou de bandas menos conhecidas, o espectáculo está sempre garantido e é o público, com a sua forte presença e força quem o completa.

Depois de um magistral concerto sinfónico na noite de sexta-feira, o Palco 25 de Abril deu lugar, no sábado e no domingo, a concertos de diversos géneros musicais, merecendo todos eles a mesma entrega e dedicação do público que os acompanhou.

Foram os The Quartet of Woah quem teve a dífícil tarefa de «abrir as hostilidades» no sábado, perante milhares de visitantes da Festa. Com uma sonoridade pesada, o álbum Utrabomb foi bem recebido, valendo-lhes um intenso aplauso no final da actuação.

Seguiram-se os The Parkinsons, com um concerto típico de uma banda Punk: electrizante, intenso e enérgico. Se a banda tinha uma forte presença em palco, Afonso Pinto tinha-a fora dele, pois cantou sempre junto aos seus fãs e saltou, por diversas vezes, para cima deles, sendo sempre recebido de braços abertos.

Os Nu Soul Family fizeram a transição para um estilo mais calmo sem deixar, no entanto, de animar o público. Foi com 'This is for my People' e com a sua versão de 'Get Lucky', dos Daft Punk, que puseram toda a gente a saltar e a cantar com entusiasmo.

Do house passou-se para uma mistura entre o ska e o reggae, mantendo-se um clima quente. Com cada vez mais público a assistir, os Skalibans entraram em palco com um excerto de um famoso discurso da personagem de Charlie Chaplin em «O Grande Ditador». A banda conseguiu pôr toda a gente a dançar num ritmo frenético e ganhou, certamente, mais fãs.

Dazkarieh é um nome cada vez mais conhecido no panorama musical português. Joana Negrão cantou alguns temas com microfone e megafone, acompanhada pelo coro dos espectadores que assistiam. Perto do final da actuação salientou que «se é possível construir uma festa assim, é possível fazer muito mais».

Caía a noite e o espectáculo de luzes começava a ganhar forma quando os Los Aslandticos entraram em cena. Vindos directamente da Andaluzia, trouxeram temas do álbum Lo Bueno que foram intensamente aplaudidos por todos os presentes.

Seguiu-se Sérgio Godinho, uma das actuações mais esperadas da noite, não fosse ele, também, um dos nomes mais consagrados da música portuguesa. Após ter cantado 'Liberdade' acompanhado pelo coro de fãs que o ouviam, afirmou que «a liberdade é uma palavra oca, caso não tenha outras palavras a preenchê-la». Os temas 'O Primeiro Dia' e 'A Vida é feita de Pequenos Nadas' foram igualmente cantados por todos os que assistiam à actuação.

Com vinte anos de existência e com uma importância notável no panorâma musical, os Primitive Reason foram, também, um dos concertos mais esperados da noite. Os temas enérgicos do mais recente projecto da banda, 'Power to the People', foram apreciados e muito aplaudidos pelos fãs da banda.

Ainda os Expensive Soul não tinham sido anunciados e já havia, no público, quem os chamasse. Músicas como 'Eu Não Sei', 'Cúpido' ou '13 Mulheres' puseram dezenas de milhares de pessoas aos saltos, a dançar e a cantar em sintonia com a banda. Pelo meio New Max, vocalista da banda de Leça da Palmeira, pediu «sorrisos de orelha a orelha", tirou fotos aos fãs e agradeceu-lhes diversas vezes.

Se os concertos de sábado não desiludiram, os de domingo também não. Coube aos The Poppers abrir o Palco 25 de Abril naquele dia, com o rock electrizante habitual nas suas actuações ao vivo. Durante a actuação desafiaram uma fã a subir ao palco e a tocar guitarra com eles, tendo-o feito exemplarmente.

Seguiram-se os Boca Doce, uma banda que dá sempre grandes espectáculos nos palcos que pisa. Com um forte sentido de humor, tocaram temas de José Afonso, Xutos e Pontapés e o famoso 'Conquistador' da banda Da Vinci, fazendo, com elas, levantar o pó da Atalaia.

Quando os UHF entraram em palco, já havia dezenas de milhares de pessoas para os ouvir. Durante a actuação, mostraram alguma preocupação relativamente à situação internacional levando-os a dedicar o tema Sarajevo «ao povo mártir da Síria». 'Vejam Bem', de José Afonso, e 'Menina que estás à Janela', de Vitorino, foram temas cantados juntamente com os fãs.

Com um estilo musical diferente, os Kumpania Algazarra tiveram a difícil tarefa de conseguir manter o público que os UHF deixaram. E conseguiram. A animação, a dança, os saltos e os aplausos foram uma constante durante toda a actuação da banda de Sintra.

Após o comício de encerramento, com Jerónimo de Sousa, foi a vez de os Guitar Not So Slim actuarem. Com uma sonoridade blues vinda de Espanha, e com a participação de Mary May na voz, os fãs cantaram e aqueceram a noite, ao mesmo tempo que Troy Nahumko dedilhava magníficos licks e solos na guitarra.

Já noite dentro, começou um dos concertos mais aguardados da Festa: os Deolinda. Ana Bacalhau, que entrou em palco de punho erguido, afirmou que é «bom estar de volta». Os temas 'Concordância', 'Seja Agora', 'Clandestino' e 'Fon-Fon-Fon' foram cantados entusiasticamente por todos os que ali estavam. Já perto do final da actuação da banda, chamaram ao palco os Xutos e Pontapés, para uma actuação conjunta, para delícia dos espectadores.

Após uma pausa, a banda de Tim, Zé Pedro, Kalu, João Cabeleira e Gui voltou a pisar, uma vez mais, o maior palco da Festa do Avante! para fechar o maior evento político-cultural do País. Durante toda a actuação os fãs estiveram incansáveis e cantaram temas como o 'Homem do Leme', 'Contentores', 'Perfeito Vazio', 'À Minha Maneira', 'Maria' e 'A Minha Casinha'. Pelo meio, foi apresentada uma música «que está no prelo» sobre independência. Retribuindo o gesto dos Deolinda, a banda convidou Ana Bacalhau para dar voz a 'Dia de S. Receber'. Esta interacção entre as duas bandas levou o público ao rubro e será, certamente, um momento marcante para muitos fãs dos dois grupos.

Embora não seja um festival de música, a Festa do Avante! inclui esta vertente. Neste palco em concreto é de valorizar não apenas o espectáculo propiciado pelas bandas e grupos que por ele passaram, mas também a entrega e força do público que completa de forma única e especial todos os concertos que ali são realizados. Em 2014 não será diferente!



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