Actualidade viva no Espaço Central

«Portugal a Produzir» reabre portas a Abril

Domingos Mealha

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No Espaço Central, as ideias da campanha «Portugal a Produzir», lançada pelo PCP nesta Festa do Avante!, foram desenvolvidas numa vasta e consistente exposição e estiveram presentes em debates no Fórum e noutros espaços. À crise do capitalismo, que coloca a nu as fragilidades agravadas por 34 anos de política de direita em Portugal, os comunistas respondem com o apelo a que cresça a resistência às medidas do PEC e se amplie o apoio à exigência de uma política alternativa, mantendo sempre presente a perspectiva de construção da sociedade socialista. As conquistas da Revolução de Abril foram indicadas como exemplos para o futuro.

Entre a Praça da Paz e a Cidade da Juventude, o pavilhão central destacava-se na paisagem da Atalaia pelo entrecruzado de faixas brancas, usado para propiciar uma cobertura que fosse agradável à vista, eficaz na criação da maior área de sombra construída no recinto e permissiva à mínima brisa que se fizesse sentir. Lá dentro, instalaram-se a Loja da Festa, com recordações e diversos materiais editados pelo Partido; o prelo da clandestinidade e os camaradas que nele imprimiram e ofereceram a centenas de visitantes uma edição em papel bíblia, especialmente preparada para este fim-de-semana; o estúdio da Comunic, a rádio do Partido na Internet; o espaço das tecnologias de informação e comunicação; o Café d'Amizade; o «Adere ao PCP», ponto para conversar com dirigentes e eleitos comunistas e para tomar a livre e corajosa decisão de se inscrever no Partido.

No Fórum, centenas de pessoas participaram em cinco debates sobre grandes temas da actualidade política nacional e internacional; no Auditório, de menor dimensão, foram abordados problemas específicos, tal como no mais informal «À Conversa com...». O CineAvante apresentou, quase em sessões contínuas, uma rica mostra de cinema documental.

Sábado à tarde, por exemplo: uma boa dúzia de interessados participantes debatiam no Auditório as condições laborais e a organização dos trabalhadores das tecnologias de informação e comunicação; no vizinho «À Conversa com...» outros tantos (sentados, mais uns transeuntes que paravam por instantes e outros que se detinham mais demoradamente) abordavam o combate às privatizações; e várias dezenas esgotavam a «plateia» do CineAvante, para verem Pare, Escute e Olhe e, em seguida, ouvirem o realizador e um dirigente do PCP, sobre o filme, o fecho da Linha do Tua e a desertificação em Trás-os-Montes.


Crise e alternativa


Colocada no topo da actualidade, seja pelos sacrifícios que, em seu nome, são impostos aos trabalhadores e à grande maioria dos portugueses, seja pela insistência de governantes, comentadores e meios dominantes na comunicação social, a crise económica teve lugar de relevo no Espaço Central.

Não houve uma iniciativa sobre a crise, mas dela se falou em várias ocasiões, com destaque para o debate de sexta-feira à noite, no Fórum, com Bernardino Soares e Vasco Cardoso, membros da Comissão Política do PCP, Agostinho Lopes e Ilda Figueiredo, membros do Comité Central. O tema foi a ofensiva do Governo, o PEC e a política necessária, propiciando o esclarecimento do que distingue o PEC-Pacto (imposto após Maastricht aos 16 países da União Económica e Monetária) e o PEC-Programa (apresentado pelo Governo a Bruxelas). Desmascarados os principais argumentos e aduzidas fortes razões para retirar validade aos PEC na resposta a problemas como o desemprego, os baixos salários, a pobreza e as desigualdades ou as reconhecidas debilidades da economia nacional (e lembradas as fortes responsabilidades do PSD nestas matérias), os objectivos defendidos pelo Partido na campanha «Portugal a Produzir» foram apontados como necessária opção, contrária ao rumo seguido desde 1976 - «para não ir mais atrás», como se ressalvava num dos primeiros painéis da exposição Portugal a produzir - Emprego, Justiça Social, Soberania.

Assinalando que o PCP sempre afirmou a necessidade de investir no aparelho produtivo nacional, na exposição são apresentadas vastas provas do crime continuado que semeou destruição na indústria (a par e passo com as privatizações), na agricultura e pecuária, nas pescas. Afirmando que Portugal não é um país pobre, declara-se que as pessoas, os trabalhadores portugueses e imigrantes, têm sido um recurso desvalorizado, menorizado e explorado. Com números e gráficos, mostra-se o valor de recursos naturais, como o mar ou as florestas, evoca-se o desenvolvimento impulsionado pela reforma agrária e as nacionalizações. O País que trabalha e produz surge na referência aos que persistem em conceber, projectar e produzir, e concretiza-se numa simbólica mostra de produtos nacionais, dos minérios à alimentação, da cortiça às porcelanas, ao cimento, ao papel, aos moldes, ao vestuário e calçado... A relembrar que, para o PCP, não é novidade abordar a economia nacional, vêm imagens e ideias da conferência realizada em 2007, para concluir que a mudança para uma política patriótica e de esquerda está nas mãos dos trabalhadores e do povo.

A propósito desta luta e das dificuldades em desenvolvê-la, no debate foi feito o convite para visitar a exposição sobre os 120 anos do 1.º de Maio - e dela tratamos já na página seguinte.



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