Trabalho, esforço, beleza
As Galas que habitualmente preenchem as noites de sexta e sábado no Polidesportivo proporcionam sempre momentos de grande efeito e beleza, marcados pela qualidade artística e pela perfeição técnica.
Este ano assim voltou a acontecer, correspondendo às melhores expectativas, para encanto de um público que encheu por completo as bancadas para assistir a brilhantes actuações em modalidades como a ginástica, danças de salão, Hip-Hop ou patinagem artística, o mesmo sucedendo, noutro plano, na Gala de Artes Marciais.
Foi um público rendido à excelência do trabalho de atletas e participantes, todos eles integrando equipas e classes pertencentes a colectividades.
Movimento associativo e popular que é alma e percursor do «desporto de massas», aquele de que fala a nossa Constituição, quando afirma que todos têm direito à cultura física e ao desporto, mas que tão desprezado é pela política de direita, nomeadamente quando o Governo pouco ou nada faz no sentido de colaborar com as escolas, associações e colectividades com vista a promover, estimular e apoiar a prática desportiva ou prevenir a violência no desporto.
Daí o valor acrescido do trabalho desenvolvido pelo movimento associativo, com o apoio das autarquias – que têm sido as verdadeiras bases do desporto de massas - , sem o qual, sobre isso não há qualquer dúvida, seria impensável a milhares de jovens praticar uma modalidade.
Essa foi uma ideia transmitida ao Avante! por Cláudia Reis, da Comissão Nacional de Desporto da Festa, já depois da Gala Gímnica na noite de sexta-feira, numa breve conversa onde o sorriso estampado no rosto complementava as palavras de satisfação pela forma como tudo decorrera até aí, prenunciando o que ainda de muito bom estava para acontecer nos dois dias seguintes.
Por si valorizado foi o trabalho e o espírito que perpassa no movimento associativo, bem como a sua ligação à comunidade, com notáveis resultados que em sua opinião só são possíveis graças à «carolice e amor à camisola de directores, treinadores, atletas e pais».
Carla Durão, treinadora há onze anos na Casa do Povo de Corroios, uma das colectividades presentes na Gala dessa noite, é da mesma opinião e conhece bem o papel e importância de cada um dos intervenientes neste processo.
Falando-nos com orgulho dos seus alunos e do seu trabalho, valorizou em particular a acção dos pais na «divulgação e apoio ao desenvolvimento da ginástica», destacando também a forma como a sua colectividade «acarinha a modalidade».
Os resultados, esses, estão à vista, como o comprova o percurso de uma das suas alunas – e «é apenas um exemplo», fez questão de sublinhar - , a Daniela Rosa, 17 anos, atleta de alta competição de ginástica rítmica, que participou durante seis anos em campeonatos nacionais, em dois europeus e vários outros, tendo chegado a estagiar na Ucrânia.
Caminho ao longo do qual foi sempre evoluíndo, o que só foi possível, revelou-nos, «com muito trabalho, dedicação e sacrifício», sem esquecer que foi igualmente preciso «aprender regras» e «muita disciplina».
Disciplina e treino intenso é o que não pode também certamente faltar na prática do Karaté ShotoKan, representado, representado na Gala de Artes Marciais pela Associação KPS, sob o comando de José Chagas, com o título Kiyoshi, professor há mais de 30 anos e um dos que pertence ao restrito grupo de quatro árbitros portugueses de nível europeu.
Falando ao nosso jornal da realidade actual do Karaté, revelou estar em curso um movimento no sentido da sua expansão, «sem contudo perder a identidade», sendo hoje uma modalidade que conta com mais de cem milhões de praticantes em 170 países.
Sobre a presença da sua associação na Gala, com uma selecção de 17 elementos, mostrou-se muito satisfeito, entendendo que esta apresentação «numa festa que é do povo e para o povo», ajuda a «desmistificar algumas ideias sobre a modalidade», como é a da sua alegada agressividade, pondo em evidência, simultaneamente, as suas «virtualidades».