O melhor de todo o País e das lutas
Com o défice alimentar a agravar-se ao ponto de comprometer aspectos essenciais de soberania nacional, as organizações regionais do Partido levaram à Festa o que de melhor se cria, produz e faz em cada região. Demonstrou-se que o País tem todas as condições para produzir e criar empregos, como se salientou nas propostas, acções e retrospectivas de lutas das populações expostas em cada espaço, sempre com o PCP como seu mais fiel aliado.
A defesa da produção nacional e dos serviços públicos, o combate às privatizações e as propostas e acções do Partido destacando as assembleias regionais de organização ocorridas este ano foram os grandes temas expostos a decorar os espaços regionais.
A melhor gastronomia, o artesanato genuíno, debates e espectáculos demonstraram as potencialidades da capacidade produtiva nacional, desprezada em todas as suas vertentes pelos partidos que praticam a política de direita.
Ao cimo da subida que irrompe após a entrada na Festa pela Medideira, o visitante deparava-se com um espaço em tons azuis e uma decoração cuidada onde se salientava a necessidade de o povo da região de Santarém estar «Com o PCP por uma política patriótica e de esquerda», porque este é o «Partido da liberdade, da democracia e do socialismo». Uma homenagem a Álvaro Cunhal através de uma sua imagem com uma frase enaltecendo o ideal comunista destacava-se, ao alto. Após ultrapassar o balcão dos doces, bolos e sobremesas adivinhava-se - indo-se através de um atraente odor à típica sopa da pedra e ao caldo de peixe - um espaço de restaurante sempre concorrido, e um palco por onde passou música portuguesa, tradicional e contemporânea, alternada por momentos de poesia, bandas novas da região, fado e muita animação. Também não faltou um entusiástico momento de solidariedade com o povo palestiniano.
Combater a desertificação
Por detrás do Espaço Emigração, Bragança e o nordeste trasmontano apresentavam a posta mirandesa e a cozinha regional, junto à qual esteve exposto um conjunto de fotografias de rostos da região. Eram «rostos esculpidos pelo silêncio, onde resistem por detrás dos montes», explicava um poema gravado na parede, seguido de um mural com um gaiteiro e um careto.
Logo a seguir, Viseu regressou com o seu «restaurante O malhadinhas» onde a vitela arouquesa, os queijos, os presuntos e as cavacas, junto a uma «taberna beirã», mesmo ao lado do apelo para se saborear o licor de chocolate e a que se subscrevesse o abaixo-assinado contra as portagens nas A23, A24 e A25, sendo recordado, em exposição, sobre as graves consequências que terá o encerramento de escolas. A mostra também salientou a necessidade de se «Reforçar o Partido, lutar pelo desenvolvimento do distrito, recrutar, organizar, intervir», «Em defesa da agricultura e do mundo rural».
Mais atrás, junto ao espaço recinto desportivo surgia a Madeira que se descobria de longe graças ao cheiro das espetadas servidas com o bolo do caco, a poncha e cocktais à altura da Festa que é do povo. Recordou-se a catástrofe vivida a 20 de Fevereiro pelo povo madeirense, salientando-se as responsabilidades do Governo Regional sobre este grave acontecimento, a par da catástrofe natural. Ali se demonstrou como o PCP avisou atempadamente sobre as consequências que teriam as obras e habitações feitas em leito de rio, e lembraram-se as corajosas propostas dos comunistas madeirenses, ignoradas pelo Governo Regional mas que garantiriam que a catástrofe não se repita.
Pouco mais abaixo, Castelo Branco e Guarda foi uma região distinta pelos cheiros dos presuntos e dos queijos num espaço engalanado com ramas de cebolas, de alhos e de loureiro penduradas no tecto. Nas paredes recordou-se a luta do «PCP na defesa dos serviços públicos, pelo respeito por direitos», frases completadas por uma demonstração fotográfica subordinada às acções do Partido, este ano, lembrando-se que «A luta de massas é o caminho» e a necessidade de se repudiar as privatizações.
Chegando ao fim da descida e na esquina do largo do Palco 25 de Abril, do lado direito, Leiria apresentou uma fachada com bonitos panos subordinados à necessidade de se desenvolver a agricultura, a indústria vidreira e o sector produtivo regional, salientando-se a necessidade de se lutar «Com o PCP contra as injustiças, por uma vida melhor, pelo socialismo», e de se «Desenvolver o sector produtivo e defender os direitos dos trabalhadores». Lembrando o potencial produtivo desprezado por sucessivos governos, o vidro da Marinha Grande marcou presença assinalável, em pavilhões junto da doçaria que serviu pequenos-almoços. No restaurante, atraia uma frase sobre a cerâmica Bordallo Pinheiro, onde se recordou que aquele património cultural foi «Salvo com a luta dos trabalhadores», e outra onde se recordava que «A câmara do PS agrava a vida dos marinhenses», a propósito de um «brutal aumento de taxas autárquicas. A luta pela manutenção e melhorias na linha ferroviária do Oeste era recordada num painel onde se lembra a luta dos trabalhadores do distrito. Ocorreram conferências sobre «O vidro e o seu contributo histórico no movimento artístico, podiam adquirir-se peças de cerâmica únicas de Fernando Esperança, decoradas com Che Guevara ou Lénine. Sempre concorrido foi o stand do vidro, onde o mestre Manuel Craveira demonstrou como se trabalha aquela arte. Peniche voltou a trazer a sardinha assada num balcão decorado com redes de pesca e bóias, e a luta pelo reconhecimento das Berlengas como uma das maravilhas naturais do País.
No mesmo largo, Viana do Castelo apresentou-se com um balcão que atraía pelas garridas cores dos típicos xailes, os têxteis e o artesanato, alternados com produtos regionais, panos e brinquedos tradicionais. Um espaçoso restaurante serviu o arroz de sarrabulho e os produtos de Viana em paredes com luminosos desenhos e efeitos típicos do artesanato regional. Ali paravam regularmente os bombos de Darque, a animar o convívio entre painéis onde se recordou a actividade do PCP na região, o combate às privatizações e a luta em defesa dos estaleiros navais, bem como a luta contra as portagens nas SCUT.
Caricaturas e luta de classes
Voltando ao cimo da rua íngreme, mas agora do lado esquerdo, abaixo do Espaço Emigração e do Espaço Mulher descobria-se Coimbra. Decorada com desenhos e caricaturas da imprensa satírica do início do século, assinalou-se o 100.º aniversário da República com cópias de primeiras páginas de mestre Bordallo na revista «A paródia» ao lado do Zé ferrugem e outras caricaturas que marcaram a imprensa revolucionária comunista depois do 25 de Abril de 1974. No caminho do restaurante da chafana, uma evocação a Álvaro Cunhal, através de uma frase retirada da sua obra «O artista e a sociedade». Um outro conjunto de bonitos murais onde a caricatura representou o antagonismo da vida entre pobres e ricos e entre homens e mulheres, no contexto da luta de classes, embelezou o espaço.
Seguia-se Braga com todo o seu artesanato, filigrana e brinquedos tradicionais à entrada do espaço. Em faixas estavam retrospectivas das lutas desenvolvidas no distrito, com o apoio do PCP, lembrou-se a necessidade de se defender as valências do Serviço Nacional de Saúde e a sua qualidade, «Sempre com quem trabalha e com quem precisa».
No largo do Palco 25 de Abril, saíram as frigideiras e o bacalhau à Braga, bem como a doçaria regional onde não faltaram papos de anjo, folhadinhos de Fão, casadinhos, clarinhas de Fão, barcas do Cávado, condes de Barçelos ou charutos de bezerra, entre outras açucaradas guloseimas como o pão-de-ló.
Atrás de Braga descobria-se Vila Real. Ali se expôs a vida do herói comunista e resistente antifascista, Militão Ribeiro, sobrevivente do Tarrafal e assassinado pela PIDE, por falta de assistência médica, a 2 de Janeiro de 1950, recordando numa foto como, vencendo o medo e veladas ameaças, o povo de Murça compareceu em massa ao funeral deste combatente da liberdade.
A feijoada trasmontana, os canelos e os vinhos, com cavacas e doces regionais deliciaram os visitantes.
Em frente do Palco 25 de Abril, lembrando que a «Educação, Saúde e Trabalho são direitos universais», o Algarve apresentou-se em formato de casa típica com painéis nas janelas a recordar como o desemprego na região é o mais alto do País, a luta dos trabalhadores e a necessidade de seguirmos «Avante! Por um PCP mais forte». Depois da marisqueira, os doces maioritariamente de amêndoas podiam ser apreciados entre cocktails que mataram a sede a muitos e bancas com todo o artesanato da região.
Seguindo pela rua central da Festa, a caminho da praça do lago descobria-se os Açores com um mural pintado a lembrar as furnas e onde os camaradas não tiveram mãos a medir para servirem as sandes de queijo da ilha, o polvo à açoriana, os bifes de albacora, os licores, os ananases e uma vasta gama de produtos provenientes do arquipélago.
Por uma nova reforma agrária
Um longo corredor coberto cheio de mesas para refeição, com um palco ao meio marcou a imponente presença do Alentejo na Festa cuja fachada, no largo central, lembrava a necessidade de se prosseguir com «A mesma luta de sempre, nova reforma agrária!». Uma exposição lembrou a dura luta do povo alentejano pela propriedade colectiva da terra, as consequências da destruição das UCP cooperativas e do sector produtivo alimentar. Com paredes de fachada cuidadosamente decoradas ao longo da avenida central até ao Palco 25 de Abril, o espaço lembrou como o futuro e tradição são respeitados no projecto do PCP. No palco, diante do enorme espaço-restaurante onde não faltou nenhum prato ou petisco alentejano, foram-se sucedendo cantares regionais, intervenções entusiásticas e dois debates subordinados à luta pela criação de um banco de terras que concretize a nova reforma agrária e trave o acentuar da desertificação e a destruição da produção agrícola. «Combater o défice alimentar» foi o tema de um segundo debate.
Atravessando o lago, no sentido da entrada da Festa pela Quinta da Princesa surgia Lisboa, com altas torres decoradas com panos impressos com fotografias das lutas mais importantes deste ano. Num mural com silhuetas de punhos erguidos lia-se que os comunistas da capital estão «Na luta por Abril, Pelo socialismo». Os stands «Sai-sempre», «feira da ladra», livros e crachats em segunda mão e em primeira, o «Só frutas», a hamburgueria e a pizzaria encontravam-se entre decorações que denunciaram a política de direita do Governo PS, e as suas consequências para os trabalhadores do distrito. Enalteceram-se as lutas desenvolvidas durante o ano através de fotos e pinturas, espalhadas pelas paredes dos restaurantes onde se pôde provar toda a gastronomia do distrito.
Junto ao lago artificial, os camaradas de Cascais asseguraram novamente o funcionamento do aprazível restaurante-esplanada mais próximo do rio Tejo em toda a Festa.
Quem entrou na Festa, pela entrada da Quinta da Princesa descobria, como primeira região a visitar, Aveiro com um conjunto de murais cuidados e muito coloridos. Num espaço próprio, à entrada do restaurante do leitão à Bairrada, podia subscrever-se o abaixo-assinado em defesa da linha ferroviária do Vale do Vouga e guardar um folheto junto da exposição que assinalou os 100 anos daquela linha. Noutro espaço para o efeito, a exposição política salientou a necessidade do «Reforço do Partido» e do reconhecimento das suas propostas, entre imagens da luta de massas desenvolvida este ano no distrito, nos locais de trabalho, com e junto das populações. Também foi revelada a grave situação económica e social em que se encontra o distrito por culpa de sucessivos governos praticantes da política de direita. A aliciar gulosos, lá estavam os ovos moles e os variados doces do distrito aveirense.
Reforçar as bases e o Partido
Ao longo da artéria central e até à praça central dos espelhos de água, Setúbal apresentou-se em tons de vermelho e amarelo numa comprida parede onde ia surgindo uma roda dentada e onde se lia «PCP, partido da liberdade, da democracia e do socialismo». Por detrás de uma escultura em ferro, simbolizando um homem e uma mulher, um espaço para a exposição política salientou a necessidade de uma reforma agrária que garanta e potencie a produção agrícola nacional, e referiu-se «a importância da criação de organizações de base, do PCP, nos locais de trabalho» e reafirmando-se as propostas do Partido para a população do distrito de maioria CDU.
A envolver o espaço, painéis expuseram retratos relativos ao património natural da região, com a serra da Arrábida em destaque, reivindicando-a como património da Humanidade, contra o adiamento de investimentos públicos essenciais ao desenvolvimento do distrito, a revolução republicana de 1910, tendo-se também recordado a corticeira seixalense Mundet, como exemplo da destruição do aparelho produtivo e da aguerrida luta dos trabalhadores pelos seus direitos, pela produção nacional, contra as privatizações. Com uma oferta que foi do artesanato ao bar da célula dos trabalhadores comunistas na Autoeuropa, «O Faísca», do choco frito ao moscatel, passando pelos mariscos e pescados variados e outras delícias, o espaço de Setúbal atraiu milhares, também através de um palco que é cada vez mais de referência. Ali passaram animações culturais, muita música, palhaços, ateliers de pintura de faces, grupos corais e bandas portuguesas a convidar à dança. A decorar o palco esteve uma enorme fotografia de Michel Giacometti, o malogrado camarada corso aquem se deve uma das mais importantes recolhas etnográficas feita no País. Também ali se debateu «O reforço orgânico do Partido, luta e objectivos dos comunistas» e a «Produção nacional ao serviço da região, do povo e do País».
Depois dos espelhos de água, no centro da festa, logo depois do Pavilhão Central, surgia o Porto. Entre tripas e «francesinhas» lembrou-se a necessidade de se defender a Serra de Santa Justa, o combate às privatizações e recordou-se a participação do Partido em todas as lutas no distrito em defesa das populações e dos direitos dos trabalhadores. Num grande mapa com a cidade do Porto, assinalavam-se as graves consequências dos últimos «8 anos de política de direita», apontando os vários atentados à cidade desenvolvidos pelo executivo camarário PSD, e apresentando o PCP como alternativa «Com os trabalhadores e o povo, por Abril, pelo socialismo». O artesanato, a estampagem de t-shirts e os produtos regionais deram cor e enriqueceram bastante este espaço regional.
Para o ano há mais e todos estão convidados, até porque, segundo um jovem visitante camarada, «não ir à Festa pode resultar em quebras acentuadas na capacidade produtiva dos trabalhadores», afirmou ironicamente, recordando como num ano em que não foi à Quinta da Atalaia para poder estudar, os resultados nos exames foram desastrosos. Por via das dúvidas, o melhor mesmo é nunca faltar.