Espaço Internacional

Ponto de encontro do internacionalismo proletário

Hugo Janeiro


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Vi­si­tado por mi­lhares de pes­soas e com­posto por de­zenas de pa­vi­lhões de par­tidos co­mu­nistas, ope­rá­rios e or­ga­ni­za­ções pro­gres­sistas de todo o mundo, o Es­paço In­ter­na­ci­onal foi o ponto de en­contro do in­ter­na­ci­o­na­lismo pro­le­tário.

 Si­tuado na ponta mais a Oeste do ter­reno da Ata­laia, junto à en­trada da Quinta da Prin­cesa, o Es­paço In­ter­na­ci­onal da Festa do Avante! es­teve quase sempre re­pleto e, nas horas de maior afluxo de vi­si­tantes, pra­ti­ca­mente in­tran­si­tável.

As ge­ne­rosas som­bras que ali se en­con­tram, tor­nando a zona ideal para re­tem­perar forças e se­guir fa­zendo a Festa, ex­plicam, em parte, a en­chente. Mas na ver­dade estão longe, muito longe de serem a prin­cipal razão para tão nu­me­rosa con­cen­tração.

Pri­meiro, porque ca­mi­nhando pelos cor­re­dores onde, de um lado e de outro, se dis­põem os pa­vi­lhões dos par­tidos pre­sentes; per­cor­rendo as es­cadas que per­mitem passar entre so­calcos, ou es­prei­tando os re­cantos que as es­tru­turas re­velam, a imagem que so­bressai é a de uma mul­tidão em ani­mado bu­líçio, e não a de re­con­for­tantes pausas.

Agi­tação que entra pelos pa­vi­lhões dentro, nos quais largas cen­tenas de ca­ma­radas e amigos as­se­gu­ravam as ta­refas de fun­ci­o­na­mento dos di­versos es­paços. Al­guns fi­zeram-no quase em per­ma­nência du­rante os três dias. Muitos já ha­viam con­tri­buído nas jor­nadas de im­plan­tação. Poucos de­nun­ci­avam o tra­balho ne­ces­sário para manter aberta uma Festa ímpar.

De­pois, porque os sos­segos de­ma­siado pro­lon­gados são de­sin­cen­ti­vados pela opor­tu­ni­dade de es­cla­recer dú­vidas que fer­vi­lham em quem se in­quieta com o es­tado do mundo. Ali estão de­zenas de par­tidos co­mu­nistas, ope­rá­rios e or­ga­ni­za­ções pro­gres­sistas com in­for­ma­ções frescas da luta.

O Es­paço In­ter­na­ci­onal es­pi­caça a con­versa e o de­bate, mo­tiva abraços fra­ternos, sor­risos e sau­da­ções cúm­plices entre seres hu­manos que sabem e sentem ser ca­ma­radas.

E estes são igual­mente re­tratos que ficam, como fica o ges­ti­cular es­for­çado para que­brar obs­tá­culos lin­guís­ticos e trocar ideias, quase sempre con­cluído com o re­forço dos laços da so­li­da­ri­e­dade entre os en­vol­vidos.

Es­paço vivo, con­vulso ainda, porque ofe­re­cendo uma tão grande va­ri­e­dade gas­tro­nó­mica e de ar­te­sa­nato, ins­tiga a cu­ri­o­si­dade dos vi­si­tantes e lembra-lhes a ne­ces­si­dade ob­jec­tiva de sa­ciar a fome e a sede. É ver o for­mi­gueiro cons­tante de grupos de amigos e fa­mí­lias ata­re­fados em busca da­quele pe­tisco e da­quela be­bida de que se lem­bram ou lhes foi re­co­men­dada. Di­fícil é es­co­lher.

A co­mida e as be­bidas ser­vidas nos bares e res­tau­rantes acom­pa­nham a von­tade de con­viver. Esta sim, de­sen­ca­deia au­tên­ticas festas dentro da Festa. E quando al­guns par­tidos acres­centam às ex­po­si­ções, ao ma­te­rial de banca e aos comes e bebes, a mú­sica com­pro­me­tida com a re­vo­lução, então os stands tornam-se lo­cais de en­contro de ge­ra­ções que dançam e cantam nas tardes quentes ou noite dentro.

 

Ale­gria de ser co­mu­nista

 

Não. De facto não são as som­bras apra­zí­veis que fazem trans­bordar o Es­paço In­ter­na­ci­onal. É a von­tade de viver in­ten­sa­mente a Festa nas suas vá­rias di­men­sões; o de­sejo de saber mais e de­bater; a co­mo­vente dis­po­ni­bi­li­dade mi­li­tante que so­bressai na­quele mapa sem fron­teiras. É tudo isto acres­cido do su­pe­rior con­teúdo po­lí­tico ali pa­tente.

Con­teúdo que é um po­de­roso dí­namo para des­pertar a cons­ci­ência das massas, e que se ex­pressou na ex­po­sição sobre a luta do PCP pela paz e contra a NATO, cuja ci­meira a re­a­lizar em Por­tugal, em No­vembro, obriga à mo­bi­li­zação de todos.

Que foi vi­sível nas frases que re­cordam que o im­pe­ri­a­lismo e a guerra são in­se­pa­rá­veis da ex­plo­ração e da opressão ca­pi­ta­listas, e que contra tal sis­tema se devem unir os tra­ba­lha­dores de todo o mundo.

Que alertou nas pa­redes pin­tadas e nas telas gi­gantes para a ne­ces­si­dade de manter a so­li­da­ri­e­dade para com a luta dos povos de Cuba e da Amé­rica La­tina, do Iraque, do Afe­ga­nistão ou do Saara Oci­dental.

Só po­demos con­cluir que o que faz so­bejar de gente o Es­paço In­ter­na­ci­onal é o facto dele pro­mover um am­bi­ente são, ser um alento para des­frutar a vida e con­ta­giar os que o vi­sitam com a de­ter­mi­nação de lutar para que o Sol brilhe para todos nós.

O que se ob­serva, na ver­dade, não é a von­tade de des­cansar à sombra, mas o vín­culo com a classe e os povos opri­midos, o com­pro­misso com os va­lores pro­fun­da­mente hu­ma­nistas que o so­ci­a­lismo com­porta.

É a ma­ni­fes­tação de que «estar neste com­bate é uma fe­li­ci­dade». Quem re­sumiu nesta frase a imensa ale­gria de ser co­mu­nista e re­sistir, re­sistir sempre sejam quais forem as cir­cuns­tân­cias, foi An­tónio Dias Lou­renço na úl­tima en­tre­vista con­ce­dida ao Avante!.

Faltou a pre­sença do ca­ma­rada, re­cen­te­mente de­sa­pa­re­cido, no Es­paço In­ter­na­ci­onal, esse ponto de en­contro do in­ter­na­ci­o­na­lismo pro­le­tário - pilar do Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês do qual ele foi des­ta­cado cons­trutor.



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