O voto que valoriza a produção e trava a política de direita
João Oliveira esteve em Beja e Serpa, na segunda-feira, 24, onde assegurou que a CDU é a força que dá mais sólidas garantias de barrar caminho à direita e à política de direita: «é o voto decisivo para impedir que a direita governe coligada ou com um acordo com o PS».
«Cada deputado a mais na CDU é um deputado a menos nas ambições da direita e das maiorias absolutas»
«O desafio que aqui vos deixo é o de cada um, de hoje até domingo, 30, fazer mais uma conversa, fazer mais um contacto, chamar mais um amigo, mais um colega de trabalho, mais um familiar para um grande resultado da CDU». O apelo foi de João Oliveira, da Comissão Política do Comité Central do PCP, na intervenção que proferiu no comício realizado no auditório do Núcleo Empresarial de Beja, repleto de gente.
Alertou: «Que ninguém se distraia. Que ninguém se deixe levar ao engano! Aqui, em Beja, como por todo o País, é a eleição de deputados pela CDU que conta na hora de valorizar salários e reformas, de defender direitos, de salvar o SNS. Cada deputado a mais na CDU é um deputado a menos nas ambições da direita e das maiorias absolutas».
Antes, criticou os «comentadores encartados» que «continuam a insistir na mentira de que vamos eleger o primeiro-ministro» e não deputados para a Assembleia da República. Lembrou que no distrito de Beja trata-se de eleger três deputados e aproveitou para elogiar «a energia, a combatividade e a qualidade da intervenção» de João Dias, eleito do PCP pelo círculo de Beja, com «um trabalho ímpar, seja em defesa das populações de todo o distrito, seja nas outras áreas em que tem intervindo, maioritariamente na saúde e na agricultura». Ele «trabalhou mais do que os dois deputados do PS» eleitos por Beja, vincou.
O povo de Beja – destacou João Oliveira – sabe que é a CDU que que o defende, que não desiste das lutas pela garantia de médico de família para todos, pela defesa do hospital de Beja, pela reversão do hospital de Serpa para o SNS, que persistirá na exigência da manutenção dos serviços públicos, que continuará a luta pelas acessibilidades no distrito, e desde logo pela conclusão do IP8 e pela valorização da ferrovia, pela garantia de emprego para os jovens que aqui queiram viver, pela melhoria das condições de vida para todos. Daí que seja imperativo que, no dia 30, «cada uma destas lutas seja levada até ao voto, que nenhum voto da CDU se perca».
Antes da intervenção de João Oliveira no comício de Beja, usaram da palavra João Português, mandatário distrital da CDU; Telma Saião, candidata pelo Partido Ecologista Os Verdes (PEV); e João Dias, cabeça de lista da CDU.
Muito azeite, pouca açorda
Acompanhado de outros dirigentes do PCP, de activistas distritais da coligação e dos candidatos da CDU pelo círculo de Beja, João Oliveira abordou o tema da produção agrícola. Falou à beira da estrada entre Beja e Serpa, com vista para a imensidade de olivais e amendoais que cobrem a planície alentejana.
«Quisemos dar visibilidade à importância da valorização da produção agrícola, como elemento indispensável para responder ao agravado défice da balança agro-alimentar, que continua, persistentemente, acima dos 3.000 milhões de euros. (…) Afirmamos que as culturas super-intensivas são prejudiciais às populações e ao ambiente e não acrescentam assim tanto à economia nacional. Seja de olival, seja de amendoal, seja de romãs, ou outras, que beneficiam das grandes obras públicas e de apoios gigantescos da Política Agrícola Comum. Isto da iniciativa privada é muito bonito, mas estão sempre a contar com a intervenção e os dinheiros públicos» – ironizou o dirigente comunista.
Denunciou as monoculturas em contínuo, algumas mesmo à beira das localidades, que afectam a saúde das populações pela utilização maciça de pesticidas. Que utilizam de forma abundante a água. Que não respondem à necessidade de alimentar o povo («Perante os exemplos dos últimos anos, fica mais evidente que podemos ter muito azeite, mas não temos pão para fazer a açorda»). Que são dominadas pelo capital estrangeiro – «um investimento que na região só deixa problemas: as máquinas vêm de fora para as colheitas, a mão-de-obra é residual e não se fixa aqui e os lucros são exportados para os fundos de investimento sem pátria». Manifestou-se contra esta «monopolização» das áreas que deveriam estar dedicadas essencialmente à produção de alimentos em que o País é altamente deficitário», como os cereais, em que a auto-suficiência não chega aos 20 por cento. E defendeu que a estratégia de apoio à grande produção, à concentração da propriedade e à super-intensificação da produção é contrária a uma opção de defesa da soberania alimentar, que só será conseguida pela valorização da pequena e média agricultura e da agricultura familiar, com apoios dirigidos.
Para onde foi a riqueza criada?
João Oliveira e a caravana da CDU deslocaram-se também a Serpa, onde se reuniram, no estaleiro municipal, com os trabalhadores operacionais da autarquia.
O dirigente comunista referiu-se aos «trabalhadores que nunca nos falharam» nestes tempos especiais que vivemos nos últimos dois anos, devido à pandemia. Trabalhadores que nunca pararam, «para assegurar a todos a garantia dos bens e serviços essenciais ao funcionamento da nossa vida colectiva».
Ao longo da campanha, destacou, os candidatos da CDU falaram com muitos trabalhadores de diferentes sectores porque «quisemos reafirmar que o que se discute nestas eleições são os seus salários e carreiras, o seu vínculo, os seus direitos, os seus horários».
O dirigente comunista exigiu o aumento de salários e a revogação das normas gravosas da legislação laboral. E censurou os partidos que «para impedirem o aumento geral dos salários, nomeadamente o significativo aumento do salário médio, vêm com a conversa de que primeiro é preciso criar riqueza». Ora, «foram eles que destruíram uma boa parte da nossa capacidade produtiva, desde logo entregando as empresas estratégicas aos grupos económicos, em boa parte estrangeiros, que as desmantelaram». E porque, se é absolutamente necessário criar riqueza, será ainda mais urgente distribuir essa riqueza de forma justa: «Não nos cansaremos de denunciar que, só em 2020, em plena epidemia, os principais grupos económicos distribuíram mais de 7000 milhões de euros em dividendos aos accionistas. Então essa riqueza que foi criada serviu para quê? Foi para onde? Para os salários é que não foi».