É crucial defender o sector leiteiro
A necessidade de uma política que valorize as condições de subsistência das actividades económicas das populações e o aproveitamento das potencialidades do nosso País ficou patente no encontro com produtores de leite.
Nele foi confirmada a gravíssima situação que o País vive desde o fim das quotas leiteiras, com aquele sector produtivo a sofrer dificuldades crescentes e a ser sujeito à pressão das grandes empresas que impõem os preços que querem e que levaram à redução dos valores pagos pelo leite.
«Este é um sector em que o País é auto-suficiente mas que hoje está em risco de ficar também dependente», advertiu João Ferreira, anotando que tal sucede não porque não se queira produzir mas devido a «regras da União Europeia que levaram à desregulação dos mercados», nomeadamente ao fim das quotas leiteiras, que sucessivos governos aceitaram.
As queixas dos produtores são muitas e têm razões de sobra, desde o aumento dos custos de produção aos baixos preços pagos por quilo, passando pelas limitações impostas a produzir. Os relatos ouvidos na Casa da Juventude de Barcelos, pelos produtores presentes, foram por isso a voz da indignação de quem quer trabalhar e produzir e não consegue porque não deixam. Como a do produtor José António, que se mostrou inconformado com as «limitações» à produção», as «exigências das grandes empresas», a «falta de fiscalização» do leite que entra nas nossas fronteiras.
Daí o PCP entender que é necessário repor o mecanismo de quotas leiteiras e regular a produção para além de medidas imediatas e urgentes que o Governo já devia ter tomado. Trata-se, afinal, de corrigir as actuais desigualdades entre países e as limitações impostas à produção aos que, como o nosso, podem produzir mais. Para fazer frente à redução de preços que resulta do posso e mando das grandes empresas – e esta é uma das propostas do PCP já formalizada – importa ainda que haja definição de preços mínimos ao produtor em ordem a permitir a fixação da actividade.