Emancipação da mulher
O contributo de Álvaro Cunhal para a compreensão da realidade das mulheres em Portugal e na sociedade capitalista, bem como para o lugar que assumem na transformação revolucionária no quadro da intervenção do Partido, dos trabalhadores e dos povos, é vasto, profundo e sensível. Desde cedo, Álvaro Cunhal abordou a condição das mulheres trabalhadoras no capitalismo e na família partindo de uma perspectiva de classe. Daqui se realça o facto de ter escolhido o fenómeno do aborto clandestino: causas e soluções, como tema para a sua tese de licenciatura, elaborada com inovação e coragem nas mais duras condições prisionais, e apresentada sob escolta da polícia política fascista.
Ao longo de décadas de militância comunista, sobressai o seu papel na configuração do PCP como vanguarda na mobilização e luta pela emancipação da mulher, traduzida nos objectivos, programa e acção do Partido. Álvaro Cunhal combateu ainda manifestações de incompreensão no colectivo, quer as de carácter episódico, como as que apelidou de «don-juanismo», quer as mais sedimentadas, como a não correspondência no plano das responsabilidades orgânicas do efectivo contributo das mulheres na vida partidária.
Álvaro Cunhal impulsionou a incorporação de teses fundamentais que persistem na análise e na prática do PCP, sublinhando que a luta das mulheres é inseparável do combate pela superação da exploração capitalista, e que esta é condição vital no processo de emancipação social da mulher; e que a luta das mulheres conserva especificidades no quadro da luta de classes mais geral, que deve ser por elas protagonizada mas é tarefa do conjunto do Partido, sendo os seus êxitos e avanços valiosos elementos nas conquistas libertadoras e progressistas dos trabalhadores e dos povos.