Inabalável confiança na juventude
Sem nunca deixar de apreciar viver uma juventude sadia nas suas múltiplas dimensões, Álvaro Cunhal cedo concretizou na organização e luta revolucionárias a opção que assumiu. Responsável da Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas já depois de se ter filiado no PCP durante o primeiro ano do curso de direito na Universidade de Lisboa, mergulha na clandestinidade entregando-se à participação nos intensos debates políticos e ideológicos com o propósito de fazer frente ao fascismo que então se impunha tanto em Portugal como na Europa, ao trabalho de unidade da classe operária, do movimento sindical, democrático, juvenil e popular em corpos políticos de intervenção consequente. É desse período que datam as suas primeiras prisões, a sua primeira viagem ao pioneiro Estado proletário que foi a URSS, a sua presença combatente na guerra civil espanhola.
Tendo vincado desde cedo a necessidade de viver como se pensa, Álvaro Cunhal nunca foi austero ou condescendente na apreciação e trato com os jovens. São disso prova a permanente valorização dos anseios, reivindicações próprias, energia e audácia juvenis como componentes da luta revolucionária, do seu rejuvenescimento e vitalidade, a constante atenção à importância dos jovens nos vários momentos do processo histórico de combate ao fascismo, de construção e defesa de Abril e posterior resistência à contra-revolução que ainda prossegue; a rejeição de barreiras geracionais, consolidando no colectivo partidário a igualdade entre militantes, independentemente do percurso e experiência passados.
Tomar partido na luta de classes pelo trabalho contra o capital e transformar em vida o sonho da superação da exploração do homem pelo homem, são expressões cunhadas na inabalável confiança que Álvaro Cunhal sempre manifestou nos jovens, nos quais calam fundo as palavras escritas no texto da sua última vontade: «A todos desejo que, vida fora, realizem os seus sonhos».