A memória, ferramenta essencial de quem escreve ficção, anda, neste livro de Nuno Gomes dos Santos, em desatado percurso. Memória regressiva, expositiva e fecunda. Nesta matéria romanesca, no corpo sincrónico de Três frentes na curva do tempo, rara incursão da voz, do falajar urbano, esse lisboês de que falava José Cardoso Pires, do povão, numa literatura que se vem alheando da realidade deste rectângulo à beira mágoa plantado, num singular discurso que incide sobre as vidas de um grupo coeso de jovens em busca de futuro.