Precariedade à solta
Falta de condições de trabalho, salários muito baixos (esmagadora maioria não recebe mais do que o Salário Mínimo Nacional), discriminação salarial e nos tempos de pausa relativamente ao que a empresa pratica noutro local (Odivelas). Este é o retrato da situação laboral vivida pelos cerca de 500 trabalhadores do Contact Center da EDP em Seia, Guarda.
Desse total há 200 que ali trabalham há mais de três anos e pertencem à empresa de trabalho temporário Réditus, mantendo-se, tal como os restantes, numa situação de grande precariedade que lhes reduz direitos, enfraquece a capacidade reivindicativa, condiciona a organização da sua vida familiar e o seu próprio futuro.
E tudo acontece estando ao serviço de uma empresa como a EDP que recorre à prestação dos seus serviços para garantir a satisfação de necessidades permanentes e que os trata como «material descartável», como denuncia a deputada comunista Carla Cruz no texto que dirigiu ao Governo sobre o assunto e no qual expressa a sua indignação por a EDP manter esta actividade permanente – e há tanto tempo – por via de empresas de trabalho temporário.
«Quando a Comissão Europeia e o actual Governo PSD/CDS-PP, com o apoio do PS, se dizem preocupados com o desemprego jovem, deveriam desenvolver todos os esforços para garantir a passagem destes trabalhadores subcontratados para o quadro da EDP e assim combater a precariedade e o desemprego», defende a deputada do PCP na pergunta que dirigiu ao Governo e onde indaga ainda sobre o acompanhamento feito pela Autoridade para as Condições de Trabalho a esta inaceitável situação.