Jerónimo de Sousa – Intervenção de abertura

Uma força imensa

Franqueadas as portas da 33.ª edição da Festa do Avante! a nossa primeira saudação vai para os cerca de 7500 obreiros que, realizando mais de 50 mil horas de trabalho militante – projectando, arquitectando, construindo – edificaram esta cidade de três dias.
E mais valor damos a essa generosa militância dos comunistas, da juventude – e sublinho, da juventude e da JCP, que dão uma marca impressiva de alegria, irreverência e criatividade à nossa Festa - de muitos amigos da Festa, quando ela foi erguida num quadro e num período excepcionais.
Em que tivemos de travar, com êxito, a batalha das eleições para o Parlamento Europeu, em que tivemos de preparar as eleições legislativas de 27 de Setembro, de construir listas tanto para a Assembleia da República como para as Autárquicas de 11 de Outubro, as listas CDU que envolveram mais de 45 mil candidatos, 14 mil dos quais independentes, com um número de listas que é o maior dos últimos 20 anos.
Construímos esta Festa em movimento, desenvolvendo uma intensa actividade política e eleitoral. Quando nos orgulhamos do Partido que temos e do Partido que somos, quando valorizamos este grande colectivo partidário, damos como exemplo único no panorama político-partidário esta obra humana só possível porque na nossa mente e no nosso coração pulsa a convicção e a força de um ideal de transformação social e do empenhamento dos comunistas portugueses na senda de uma vida melhor para o país e para os portugueses.
Uma saudação às dezenas de delegações estrangeiras presentes, que nos honraram aceitando o nosso convite, reforçando assim as nossas relações e a solidariedade internacionalista, delegações que, conhecendo a nossa Festa, ficam a conhecer melhor o Partido e a sua luta.
Um saudação aos visitantes - em particular aos que vencendo preconceitos, nos visitam pela primeira vez, e que, querendo ver e desfrutar da dimensão popular, cultural, desportiva, da gastronomia das nossas gentes, presente na Festa vindos de todo o território continental, das regiões autónomas, mesmo da emigração - visitantes que assim nos olhando conhecem melhor o que somos e o que queremos.
Ano excepcional este de 2009. Excepcional tendo em conta a inquietante situação de crise económica e social que o país atravessa. Excepcional porque é ano de eleições que vão determinar muito da evolução da vida política nacional nos próximos anos.
Num tempo em que os responsáveis e executantes, actuais ou do passado recente, da política de direita ensaiam operações de apagamento das malfeitorias e injustiças praticadas, a atirar fora o lastro das suas responsabilidades directas na situação e nos problemas, a prometer o prometido, lavar a fachada dando um ar fresco ao que está requentado, não podemos permitir que ponham o conta quilómetros «a zero».
Mas precisamos simultaneamente de demonstrar que há outro rumo para a política nacional, que é não só possível como necessário: a ruptura e a mudança, com uma política alternativa patriótica e de esquerda.
Que é no PCP e na CDU, no seu reforço, que reside a esperança e a real possibilidade de encetar com mais solidez e segurança essa caminhada para uma alternativa política.
Não é uma mera declaração de vontade ou posicionamento de circunstância fruto da conjuntura eleitoral.
Esta força transporta consigo um património ímpar de luta e de proposta. De luta, quando o tempo, a ideologia e o poder dominantes ordenaram aos trabalhadores e às populações a aceitação inevitável dos sacrifícios, o aumento da exploração, o desemprego, a redução ou eliminação de interesses e direitos legítimos, a ruína de micro e pequenas empresas e explorações agrícolas e de actividade das pescas, para continuar a manter intocáveis e abundantes os privilégios, benefício e lucros abissais de uns quantos grupos económicos e financeiros.
Nos momentos mais agrestes ali estávamos, ali estivemos, sacudindo o desânimo e a desesperança, estimulando, libertando energias, dando confiança à luta que, tendo os trabalhadores como motor, envolveu quase todas as classes e camadas antimonopolistas.
Nas propostas do PCP lá se encontra o que resultou dos problemas e das aspirações, reivindicações e legítimos interesses dos portugueses fustigados pela política de direita do Governo PS.
São propostas elaboradas, não por uns assessores e uns quantos sábios de gabinete, mas propostas construídas com base na participação, opinião, sentir e saber dos trabalhadores e das suas organizações, dos intelectuais e quadros técnicos, dos reformados, dos professores, dos enfermeiros, dos agentes das forças de segurança, dos profissionais da justiça, dos militares, de micro, pequenos e médios empresários, de associações de agricultores, de estudantes, de democratas preocupados com o seu país.
Eis porque nos apresentamos como Partido de luta e de proposta.
E prontos para as batalhas que aí estão.
Batalhas em que esta Festa do Avante! assume uma importância singular.
Não é ponto de partida mas um momento alto na dinâmica eleitoral. Uma marcha alicerçada na confiança de uma CDU a avançar e a crescer, força de provas dadas, força que não trai compromissos nem a verdade, força que garante ao povo português que, para lá dos resultados eleitorais, estará no dia seguinte nas primeiras fileiras do combate às injustiças, mas que precisa de mais força eleitoral para dar mais força à luta.
Força imensa porque dispõe da disponibilidade generosa, da inteligência, de valores e de um projecto que mobilizam milhares de homens, mulheres e jovens naquilo que há de mais nobre num ser humano.
É verdade camaradas! Depois da nossa Festa, bem mereciam um justo descanso. Mas não.
No cansaço bom que cada um sente, agora que a Festa está de pé, no esforço que temos de fazer nestes três dias para as coisas correrem bem, temos de encontrar energias redobradas e renovadas para em 27 de Setembro e até 11 de Outubro, conseguir os objectivos que nos animam. Vai valer a pena camaradas, vai valer a pena!


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