O difícil era escolher
Ladeado à direita pelo Alentejo e à esquerda pelos Açores e Viana do Castelo, o Pavilhão Central situava-se frente a Leiria e Castelo Branco/Guarda, alguns dos distritos este ano mais afectados pelo flagelo dos incêndios, assinalados, de resto, numa das exposições patentes neste espaço, voltando a ser, como já é hábito, um ponto alto da Festa do Avante!.
Para além das exposições, dos debates, dos espaços de convívio e até de uma loja onde era possível comprar do vídeo à T-shirt, havia desta vez como factor forte de atracção a Bienal de Artes Plásticas, motivo sempre de grande interesse e expectativa para os visitantes.
Álvaro Cunhal – «Um exemplo inesquecível para a luta que continua» – e Vasco Gonçalves – «General de Abril, companheiro do povo», assinalados um pouco por toda a Festa, eram lembrados num grande placard à entrada do Pavilhão, constituindo ponto de passagem obrigatório dos visitantes.
Álvaro Cunhal, a quem a saúde nos últimos anos já não permitia assistir à Festa do Avante!, foi sem dúvida a ausência mais sentida na Festa e tudo o que evocasse a sua figura tinha assistência assegurada. Aliás, não era raro ver pessoas a fazerem-se fotografar ao lado do retrato de meio corpo que ilustrava aquele placard. Também na loja ali existente, onde se podia comprar de T-shirts diversas, a cassetes, CDs ou DVDs, eram sem dúvida as T-shirts com os seus desenhos o artigo mais procurado. Álvaro Cunhal, adversário convicto do culto da personalidade, via-se ter afinal deixado nos seus camaradas, e não só, uma grande saudade, um vazio difícil de preencher.
Várias exposições espalhadas pelo pavilhão chamavam a atenção dos visitantes para o horror da 2ª Grande Guerra, para a obra da CDU nas autarquias ou para as consequências das políticas de direita e... para os combates do PCP contra essas mesmas políticas. A exposição que assinalava o 60.º aniversário da vitória sobre o nazi-fascismo era, porém, aquela em que as pessoas mais se detinham, talvez por lhes tocar mais.
Basta!
Uma exposição obedecendo ao lema «PCP mais forte por uma mudança a sério», chamava a atenção logo ao início para a lei do Financiamento dos Partidos que, feita com o objectivo principal de atacar o PCP, representa um verdadeiro «atentado à autonomia política». Reproduzido, ainda, era um extracto da intervenção de Jerónimo de Sousa no XVII Congresso, precisamente aquele que reafirma o PCP como um partido «constituído por mulheres e homens livres, voluntariamente associado em torno de um grande e honroso projecto de liberdade, democracia e socialismo, que numa atitude de grandeza cívica e consciência política, sem nenhuma perda da sua individualidade. Também de forma livre decidiram forjar uma grande obra colectiva que dá força e eficácia aos valores e ideais em que acreditam».
Painéis assinalando o PCP como um partido patriótico e internacionalista, registando assembleias de organização, reuniões, importante lutas dos trabalhadores que os comunistas encabeçaram, procuravam mostrar naquela exposição o papel insubstituível do PCP na luta por uma sociedade mais justa e fraterna, livre da exploração do homem pelo homem. «Por mais voltas que se dê, não há outro caminho: lutar, lutar e lutar!», era a frase que resumia com poucas palavras uma exposição, onde a batalhas das autárquicas, e a seguir a das presidenciais, eram igualmente referidas.
Ao lado, uma outra exposição intitulada «Basta de sacrifícios para os mesmos de sempre. Portugal precisa de uma nova política e de uma mudança a sério» punha a tónica no desastre a que as políticas de direita têm conduzido o País e nos reflexos extremamente negativos dessas políticas na vida dos trabalhadores e do povo em geral.
O destaque era porém dado, logo à entrada, com um grande painel, à política de direita do actual Governo PS que, na continuidade da política do Governo anterior, continua a conduzir o País para o descalabro. A afirmação constante de um postal de campanha eleitoral do PS, assinado por José Sócrates, «O País não ganha com quem promete muito. O País ganha com quem cumpre o que promete», ilustrava de forma eloquente sobre o comportamento do PS no Governo.
A campanha do PCP contra o aumento da idade da reforma – que teve início na própria Festa, onde um abaixo assinado recolhia a assinatura dos visitantes – estava naturalmente assinalada naquela exposição, que apontava ainda algumas das razões que permitiram aos incêndios florestais atingir este ano tamanha proporções, denunciava os lucros das grandes empresas e, por fim, destacava o papel do PCP, nomeadamente no Parlamento Europeu.
Mas o Pavilhão Central não esqueceu temas hoje tão importantes como as «Tecnologias de Informação e Comunicação» ou a geologia, para que diversos colóquios e workshops chamavam a atenção.
Um espaço de reflexão
Também os debates constituíram ao longo dos três dias da festa um pólo de atracção, já que ali foram abordados temas candentes do momento político que atravessamos, tanto a nível nacional como internacional. A guerra e os seus horrores, a crise e alternativa, a União Europeia, o Partido, a organização dos trabalhadores, os direitos das mulheres, o desporto foram alguns dos muitos temas discutidos no decurso dos três dias da Festa. E a assistência que acompanhava os debates, quase sempre numerosa, fazia-o de forma interessada e interveniente, tanto no Fórum como no espaço da imprensa do Partido, no «À conversa com...».
Este último espaço – imprensa do Partido –, que à entrada tinha um dos prelos onde eram impressos os Avantes e Militantes clandestinos, era decorado de um lado com sete painéis representado páginas do Militante, do outro com outros dez representando primeiras páginas do Avante! que noticiavam alguns dos momentos políticos mais marcantes entre a 28.ª e esta 29.ª Festa do Avante!.
«Junta tudo à nossa voz», era um outro espaço dedicado ao contacto com os membros do Partido e onde, quem pretendesse, podia aderir ao PCP. E a verdade é que, não fazendo fila é certo, quem por ali passava via com frequência jovens a serem atendidos por membros da direcção do Partido que, revezando-se, respondiam a questões sobre o PCP que eles lhes colocavam ou... procediam à sua inscrição no PCP. Ao fim da tarde de sábado, cerca de duas dezenas haviam-no já feito.
E finalmente, para quem quisesse descansar depois desta visita ao Pavilhão Central, lá estava o Café da Amizade, com o seu café de qualidade, refrescos e cocktails. Depois – é claro! – de esperar uns minutinhos numa fila de pré-pagamento. Mas os revolucionários sabem esperar...
CDU tem provas dadas
A força da obra realizada e as provas dadas nas autarquias do País eram o tema forte da exposição «CDU nas autarquias, um projecto diferente», onde várias maquetas mostravam ao visitante realizações várias da CDU, algumas das quais verdadeiramente grandiosas.
A Central Fotovoltaica de Moura, para produção de energia eléctrica para consumo público com origem em fontes renováveis, e o Teatro Municipal de Almada, eram duas das obras que impressionavam, sem desmerecer outras grandes obras, como o Pavilhão Gimnodesportivo da Baixa da Banehira, na Moita, o Centro de Actividades Ocupacionais da Quinta da Fonte da Prata, em Alhos Vedros, a ETAR do Portinho da Costa e o Mercado Municipal do Pinhal Novo, em Palmela, os Serviços Operacionais da Câmara do Seixal, a Escola de Ensino Básico EB 1/J1 de Aires ou mesmo a proposta de arranjo do Largo da Igreja de S. João Batista, em S. João da Talha.
Obras que ilustram afinal o objectivo central que a CDU assumiu desde a primeira hora «como um primeiro elemento de desenvolvimento centrado na eliminação de carências essenciais das populações e como condição fundamental de garantia à sua saúde, qualidade de vida e bem-estar»: a satisfação das necessidades, aspirações e anseios das populações, a solução dos problemas de infra-estruturas básicas.
E tendo em conta a proximidade de novas eleições autárquicas», logo à entrada desta exposição, um grande painel reafirmava alguns dos traços essenciais da CDU desenvolvidos pela Conferência «O PCP e o Poder Local», a lembrarem que a CDU «exprime e concretiza o projecto autárquico do PCP, colhe dele a marca de classe, visível na especial atenção aos trabalhadores e camadas mais carenciadas da população, na defesa dos bens públicos e do serviço público e da prevalência do interesse público sobre os privados e particulares». Diferenciando-se ainda de outros projectos pelo estilo de trabalho dos seus eleitos.
Para não mais esquecer
«É necessário que os que não sabem ou já esqueceram conheçam e se lembrem. Para que nunca mais aconteça», lia-se à entrada da exposição sobre o 60º aniversário da derrota do nazi-fascimo. Uma exposição que emocionava pelas imagens de horror e holocausto que mostrava, algumas das quais, apesar de já conhecidas, continuam a arrepiar quem as olha. Aliás, era esse o objectivo da exposição: não deixar esquecer.
Um arame farpado dava início a uma sequência de fotografias que ilustravam as legendas explicativas da história da 2.ª grande Guerra Mundial, do papel ambíguo de potências como a França e a Inglaterra, da falsa neutralidade do Portugal de Salazar, enfim, do período entre 1933 e 1945, ou seja entre a ascensão de Hitler ao poder e o dia em que um militar soviético do exército vermelho, ao colocar a bandeira com a foice e o martelo no Parlamento do antigo Reich, assinalou o fim da guerra.
Sons de sirenes a apitar, comboios a andar, bombardeamentos e aviões a sobrevoar cidades acompanhavam os visitantes neste seu percurso de horror.
50 milhões de mortos é o balanço de uma guerra que, como a exposição lembra, teve um dos pontos altos a 6 de Agosto, já a guerra estava ganha e já o Japão tinha praticamente capitulado, quando os Estados Unidos da América lançaram uma bomba atómica sobre Hiroshima e três dias depois outra sobre Nagazaki, demonstrando com eloquência a quem afinal serve a guerra: às grandes potências que querem dominar o mundo e aos interesses dos grandes grupos económicos que lhes estão por trás.
No Auditório de Vídeo, onde esta exposição desembocava, documentários e filmes completaram, ao longo dos três dias da Festa e sob formatos diversos, o conhecimento do que foi a que é hoje considerada «a guerra mais terrível da história da humanidade». «O Grande Ditador», de Charles Chaplin; «A Vida é Bela», de Roberto Benigni; «5 Dias, 5 Noites», de José Fonseca e Costa; «Underground – Era uma Vez um País», de Emir Kusturica, foram alguns dos filmes passados.
Para além das exposições, dos debates, dos espaços de convívio e até de uma loja onde era possível comprar do vídeo à T-shirt, havia desta vez como factor forte de atracção a Bienal de Artes Plásticas, motivo sempre de grande interesse e expectativa para os visitantes.
Álvaro Cunhal – «Um exemplo inesquecível para a luta que continua» – e Vasco Gonçalves – «General de Abril, companheiro do povo», assinalados um pouco por toda a Festa, eram lembrados num grande placard à entrada do Pavilhão, constituindo ponto de passagem obrigatório dos visitantes.
Álvaro Cunhal, a quem a saúde nos últimos anos já não permitia assistir à Festa do Avante!, foi sem dúvida a ausência mais sentida na Festa e tudo o que evocasse a sua figura tinha assistência assegurada. Aliás, não era raro ver pessoas a fazerem-se fotografar ao lado do retrato de meio corpo que ilustrava aquele placard. Também na loja ali existente, onde se podia comprar de T-shirts diversas, a cassetes, CDs ou DVDs, eram sem dúvida as T-shirts com os seus desenhos o artigo mais procurado. Álvaro Cunhal, adversário convicto do culto da personalidade, via-se ter afinal deixado nos seus camaradas, e não só, uma grande saudade, um vazio difícil de preencher.
Várias exposições espalhadas pelo pavilhão chamavam a atenção dos visitantes para o horror da 2ª Grande Guerra, para a obra da CDU nas autarquias ou para as consequências das políticas de direita e... para os combates do PCP contra essas mesmas políticas. A exposição que assinalava o 60.º aniversário da vitória sobre o nazi-fascismo era, porém, aquela em que as pessoas mais se detinham, talvez por lhes tocar mais.
Basta!
Uma exposição obedecendo ao lema «PCP mais forte por uma mudança a sério», chamava a atenção logo ao início para a lei do Financiamento dos Partidos que, feita com o objectivo principal de atacar o PCP, representa um verdadeiro «atentado à autonomia política». Reproduzido, ainda, era um extracto da intervenção de Jerónimo de Sousa no XVII Congresso, precisamente aquele que reafirma o PCP como um partido «constituído por mulheres e homens livres, voluntariamente associado em torno de um grande e honroso projecto de liberdade, democracia e socialismo, que numa atitude de grandeza cívica e consciência política, sem nenhuma perda da sua individualidade. Também de forma livre decidiram forjar uma grande obra colectiva que dá força e eficácia aos valores e ideais em que acreditam».
Painéis assinalando o PCP como um partido patriótico e internacionalista, registando assembleias de organização, reuniões, importante lutas dos trabalhadores que os comunistas encabeçaram, procuravam mostrar naquela exposição o papel insubstituível do PCP na luta por uma sociedade mais justa e fraterna, livre da exploração do homem pelo homem. «Por mais voltas que se dê, não há outro caminho: lutar, lutar e lutar!», era a frase que resumia com poucas palavras uma exposição, onde a batalhas das autárquicas, e a seguir a das presidenciais, eram igualmente referidas.
Ao lado, uma outra exposição intitulada «Basta de sacrifícios para os mesmos de sempre. Portugal precisa de uma nova política e de uma mudança a sério» punha a tónica no desastre a que as políticas de direita têm conduzido o País e nos reflexos extremamente negativos dessas políticas na vida dos trabalhadores e do povo em geral.
O destaque era porém dado, logo à entrada, com um grande painel, à política de direita do actual Governo PS que, na continuidade da política do Governo anterior, continua a conduzir o País para o descalabro. A afirmação constante de um postal de campanha eleitoral do PS, assinado por José Sócrates, «O País não ganha com quem promete muito. O País ganha com quem cumpre o que promete», ilustrava de forma eloquente sobre o comportamento do PS no Governo.
A campanha do PCP contra o aumento da idade da reforma – que teve início na própria Festa, onde um abaixo assinado recolhia a assinatura dos visitantes – estava naturalmente assinalada naquela exposição, que apontava ainda algumas das razões que permitiram aos incêndios florestais atingir este ano tamanha proporções, denunciava os lucros das grandes empresas e, por fim, destacava o papel do PCP, nomeadamente no Parlamento Europeu.
Mas o Pavilhão Central não esqueceu temas hoje tão importantes como as «Tecnologias de Informação e Comunicação» ou a geologia, para que diversos colóquios e workshops chamavam a atenção.
Um espaço de reflexão
Também os debates constituíram ao longo dos três dias da festa um pólo de atracção, já que ali foram abordados temas candentes do momento político que atravessamos, tanto a nível nacional como internacional. A guerra e os seus horrores, a crise e alternativa, a União Europeia, o Partido, a organização dos trabalhadores, os direitos das mulheres, o desporto foram alguns dos muitos temas discutidos no decurso dos três dias da Festa. E a assistência que acompanhava os debates, quase sempre numerosa, fazia-o de forma interessada e interveniente, tanto no Fórum como no espaço da imprensa do Partido, no «À conversa com...».
Este último espaço – imprensa do Partido –, que à entrada tinha um dos prelos onde eram impressos os Avantes e Militantes clandestinos, era decorado de um lado com sete painéis representado páginas do Militante, do outro com outros dez representando primeiras páginas do Avante! que noticiavam alguns dos momentos políticos mais marcantes entre a 28.ª e esta 29.ª Festa do Avante!.
«Junta tudo à nossa voz», era um outro espaço dedicado ao contacto com os membros do Partido e onde, quem pretendesse, podia aderir ao PCP. E a verdade é que, não fazendo fila é certo, quem por ali passava via com frequência jovens a serem atendidos por membros da direcção do Partido que, revezando-se, respondiam a questões sobre o PCP que eles lhes colocavam ou... procediam à sua inscrição no PCP. Ao fim da tarde de sábado, cerca de duas dezenas haviam-no já feito.
E finalmente, para quem quisesse descansar depois desta visita ao Pavilhão Central, lá estava o Café da Amizade, com o seu café de qualidade, refrescos e cocktails. Depois – é claro! – de esperar uns minutinhos numa fila de pré-pagamento. Mas os revolucionários sabem esperar...
CDU tem provas dadas
A força da obra realizada e as provas dadas nas autarquias do País eram o tema forte da exposição «CDU nas autarquias, um projecto diferente», onde várias maquetas mostravam ao visitante realizações várias da CDU, algumas das quais verdadeiramente grandiosas.
A Central Fotovoltaica de Moura, para produção de energia eléctrica para consumo público com origem em fontes renováveis, e o Teatro Municipal de Almada, eram duas das obras que impressionavam, sem desmerecer outras grandes obras, como o Pavilhão Gimnodesportivo da Baixa da Banehira, na Moita, o Centro de Actividades Ocupacionais da Quinta da Fonte da Prata, em Alhos Vedros, a ETAR do Portinho da Costa e o Mercado Municipal do Pinhal Novo, em Palmela, os Serviços Operacionais da Câmara do Seixal, a Escola de Ensino Básico EB 1/J1 de Aires ou mesmo a proposta de arranjo do Largo da Igreja de S. João Batista, em S. João da Talha.
Obras que ilustram afinal o objectivo central que a CDU assumiu desde a primeira hora «como um primeiro elemento de desenvolvimento centrado na eliminação de carências essenciais das populações e como condição fundamental de garantia à sua saúde, qualidade de vida e bem-estar»: a satisfação das necessidades, aspirações e anseios das populações, a solução dos problemas de infra-estruturas básicas.
E tendo em conta a proximidade de novas eleições autárquicas», logo à entrada desta exposição, um grande painel reafirmava alguns dos traços essenciais da CDU desenvolvidos pela Conferência «O PCP e o Poder Local», a lembrarem que a CDU «exprime e concretiza o projecto autárquico do PCP, colhe dele a marca de classe, visível na especial atenção aos trabalhadores e camadas mais carenciadas da população, na defesa dos bens públicos e do serviço público e da prevalência do interesse público sobre os privados e particulares». Diferenciando-se ainda de outros projectos pelo estilo de trabalho dos seus eleitos.
Para não mais esquecer
«É necessário que os que não sabem ou já esqueceram conheçam e se lembrem. Para que nunca mais aconteça», lia-se à entrada da exposição sobre o 60º aniversário da derrota do nazi-fascimo. Uma exposição que emocionava pelas imagens de horror e holocausto que mostrava, algumas das quais, apesar de já conhecidas, continuam a arrepiar quem as olha. Aliás, era esse o objectivo da exposição: não deixar esquecer.
Um arame farpado dava início a uma sequência de fotografias que ilustravam as legendas explicativas da história da 2.ª grande Guerra Mundial, do papel ambíguo de potências como a França e a Inglaterra, da falsa neutralidade do Portugal de Salazar, enfim, do período entre 1933 e 1945, ou seja entre a ascensão de Hitler ao poder e o dia em que um militar soviético do exército vermelho, ao colocar a bandeira com a foice e o martelo no Parlamento do antigo Reich, assinalou o fim da guerra.
Sons de sirenes a apitar, comboios a andar, bombardeamentos e aviões a sobrevoar cidades acompanhavam os visitantes neste seu percurso de horror.
50 milhões de mortos é o balanço de uma guerra que, como a exposição lembra, teve um dos pontos altos a 6 de Agosto, já a guerra estava ganha e já o Japão tinha praticamente capitulado, quando os Estados Unidos da América lançaram uma bomba atómica sobre Hiroshima e três dias depois outra sobre Nagazaki, demonstrando com eloquência a quem afinal serve a guerra: às grandes potências que querem dominar o mundo e aos interesses dos grandes grupos económicos que lhes estão por trás.
No Auditório de Vídeo, onde esta exposição desembocava, documentários e filmes completaram, ao longo dos três dias da Festa e sob formatos diversos, o conhecimento do que foi a que é hoje considerada «a guerra mais terrível da história da humanidade». «O Grande Ditador», de Charles Chaplin; «A Vida é Bela», de Roberto Benigni; «5 Dias, 5 Noites», de José Fonseca e Costa; «Underground – Era uma Vez um País», de Emir Kusturica, foram alguns dos filmes passados.