Factos e números da OMS

Nos últimos 30 anos e em especial depois do 25 de Abril e da criação do SNS, a taxa de mortalidade teve uma evolução impressionante, baixando de 58,6 por cada mil nados vivos, em 1970, para 5,4, em 2000 (ver quadro).

Também a taxa de mortalidade materna tem tido uma evolução muito positiva. De 10,3 por cada 100 mil, em 1990, passou para 5,3, em 1997.

Segundo os dados fornecidos pelo relatório da Organização Mundial da Saúde, em Portugal, as despesas com a saúde representam 8,2% do Produto Interno Bruto, ocupando o 23.º no ranking mundial.

Neste aspecto, os EUA são os que mais gastam com 13,7%. Entre os nossos parceiros na União Europeia, à frente surge a Alemanha com 10,5%, seguem-se a França (9,8%), a Itália (9,3%), a Suécia (9,2%), a Áustria (9%) e a Holanda (8,8%). Dos países fora da UE a Suíça gasta 10,1%, a Eslovénia 9,4 e a Eslováquia 8,6%

Embora gaste menos que outros países, o desempenho global de cada sistema de saúde português é classificado em 12.º lugar, à frente da Holanda (17.º), da Grã-Bretanha (18.º), a Suécia (23.º), a Alemanha (25.º), o Canadá (30.º) e os EUA (37.º).

Se tivermos apenas em conta os níveis de saúde, Portugal ocupa o 13.º lugar, acima de países como a Noruega (18.º), Holanda (19.º), Suécia (21.º), a Grã-Bretanha (24.º), a Alemanha (41.º) e os EUA (71.º).

No entanto, no conjunto das despesas com a saúde, o Estado português apenas cobre 57,5% dos gastos, percentagem que o remete para o 105.º lugar na lista da OMS. Na Alemanha, a despesa pública representa 77,5% do total dos gastos com a saúde; na Austrália (72%); na Áustria (67,3%); na Bélgica (83,2%),; no Canadá (72%); na Dinamarca (84,3%); na Espanha (70,6%); na Finlândia (73,7%); na França (76,9%); no Japão (80,2%); no Luxemburgo (91,4%); na Noruega (82%) e na Suécia (78%).

Quanto a pagamentos directos, os cidadãos portugueses pagam 42,5% do total das despesas com a saúde (para além do que já pagam em impostos), ocupando assim um muito modesto 115º lugar. Comparativamente, os alemães gastam directamente com a saúde apenas 11,3%; os dinamarqueses (15,7%); os espanhóis (20,4%); os americanos (16,6%); os finlandeses (19,3%); os japoneses (19,9%), os luxemburgueses (7,2%); os franceses (20,4%); os gregos (31,7%); os suecos (22%) e os canadianos (17%).

Sabia que, na Inglaterra, onde as medidas que o Governo hoje quer aplicar, quer nos hospitais quer nos centros de saúde, foram aplicadas na década de 80 pelo governo de Margareth Tathcher, existiam, no final de 1999, cerca de 500 mil pessoas à espera, há mais de 13 semanas, pela primeira consulta num hospital? E que em 1998, constavam em listas de espera por uma operação 1 milhão e 260 mil pessoas?

Sabia que, ao contrário do que é referido, as despesas com o pessoal do SNS não são as responsáveis pelos aumentos do orçamento? Na verdade, o peso das despesas com pessoal no orçamento do Serviço Nacional de Saúde era de 50,8% em 1997, estimando-se que tenha baixado para 43,2%, em 2002.



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