Concerto sinfónico

Divulgar com brilhantismo a música portuguesa

O con­certo de aber­tura da Festa do Avante!, desde que se optou por ser de mú­sica sin­fó­nica, tem sempre por re­fe­rência um su­cesso his­tó­rico e/​ou mu­sical que dão o tema do pro­grama. Este ano dois cen­te­ná­rios co­me­moram-se, Joly Braga Santos e Carlos Pa­redes, mú­sicos com lugar ca­tivo na his­tória da mú­sica por­tu­guesa. O pri­meiro um eru­dito que com­punha obras que, «não des­de­nhando as con­quistas do sé­culo XX, fa­lassem para o homem comum com sim­pli­ci­dade e cla­reza», como afir­mava nas suas va­ri­adas in­ter­ven­ções de di­vul­gação. O outro porque, com ex­tremo vir­tu­o­sismo, des­co­bria sons e com­bi­na­ções de sons que ele­varam a gui­tarra por­tu­guesa a pa­ta­mares nunca antes ou­vidos. Era evi­dente que o con­certo teria duas partes dis­tintas e que seria ne­ces­sário não haver des­con­ti­nui­dades. A fór­mula en­con­trada foi feliz. Na pri­meira parte to­caram-se o Noc­turno para Or­questra de Arcos, a Aber­tura Sin­fó­nica n.º 3, a suite de bai­lado Al­fama, uma boa mostra da vas­tís­sima pro­dução mu­sical de Joly Braga Santos, im­pos­sível de sin­te­tizar num único con­certo. De Carlos Pa­redes foram or­ques­trados muitas das suas com­po­si­ções, com na­tural re­levo para Verdes Anos que, de algum modo, uni­ver­sa­lizou o génio de Carlos Pa­redes já ins­crito na his­tória da mú­sica por­tu­guesa, com óbvio des­taque para a gui­tarra por­tu­guesa mui­tís­simo bem en­tregue à exe­cução de Paulo So­ares.

A su­bli­nhar neste con­certo a au­dição do tra­balho de três jo­vens com­po­si­tores, Fran­cisco Ta­vares, Luís Car­doso e Tiago Der­riça, os or­ques­tra­dores da mú­sica de Pa­redes e a da jovem ma­estra Cons­tança Simas a quem o fun­dador, di­rector e ma­estro da Or­questra Sin­fo­nieta de Lisboa, Vasco Pe­arce de Aze­vedo cedeu a ba­tuta na di­recção de al­gumas das obras. Um belo gesto de um con­sa­gra­dís­simo ma­estro de uma não menos con­sa­grada or­questra a dar palco às novas ge­ra­ções de mú­sicos que marcam a mú­sica eru­dita con­tem­po­rânea por­tu­guesa. Com­po­si­tores, mú­sicos, can­tores que têm mar­cado pre­sença em vá­rias edi­ções deste con­certo inau­gural da Festa do Avante!, numa inequí­voca de­mons­tração da funda ac­ti­vi­dade cul­tural do PCP, da sua ju­ven­tude que não se deixa vencer pelos seus muitos anos de exis­tência numa afir­mação da sua fres­cura a emergir do pân­tano de ma­qui­lhadas tretas ve­lhas e re­lhas onde pa­tinam ou­tros par­tidos.

Foi sem sur­presa mais um belo con­certo pro­mo­vendo uma con­so­nância no­tável entre os mi­lhares de es­pec­ta­dores e os ex­ce­lentes mú­sicos que cum­priram com bri­lhan­tismo um pro­grama de di­vul­gação da mú­sica por­tu­guesa. Uma úl­tima re­fe­rência para a qua­li­dade in­for­ma­tiva e pe­da­gó­gica das notas sobre a pro­gra­mação de mú­sica sin­fó­nica in­sertas no Pro­grama da Festa que são um guia es­sen­cial para a com­pre­ensão não só da mú­sica que se vai ouvir como dos ob­jec­tivos sub­ja­centes às es­co­lhas pro­gra­má­ticas.

 



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