Greve de amanhã cresce como o descontentamento

Amanhã, dia 27, «vai haver uma grande greve nacional dos trabalhadores da Administração Pública», previu o coordenador da Frente Comum de Sindicatos, que explicou o fundamento dessa convicção.

O Governo não avança com propostas concretas na negociação

«Sabemos que vai ser grande, porque é grande o descontentamento dos trabalhadores e porque as respostas do Governo não se fazem ouvir», disse Sebastião Santana, num depoimento gravado durante a concentração de técnicos auxiliares de Saúde, frente ao Ministério da tutela, no dia 20.

Falando a uma semana da greve nacional, o dirigente alertou que, para assegurar que será uma grande greve, «é preciso mobilizar, falar com os colegas que ainda não estejam a perceber que o Governo pode e deve fazer diferente».

Lembrou Sebastião Santana que, a manter-se a actual política, vão «muitos milhares de milhões de euros para os grandes grupos económicos, para os donos do dinheiro, e muito pouco para investir nos serviços públicos e em quem trabalha na Administração Pública». «É isto que é preciso alterar», resumiu.

 

Carreira para todos

A situação dos técnicos auxiliares de Saúde é um bom exemplo de descontentamento crescente e justificado. Em 2008, os trabalhadores auxiliares de acção médica passaram a integrar as carreiras gerais, como assistentes operacionais. A criação de uma carreira especial tem sido reivindicada desde então, para todos os trabalhadores que hoje desempenham funções na prestação de cuidados e no apoio à prestação de cuidados.

O Governo declarou o objectivo de criar a carreira de técnico auxiliar de Saúde em 2023. Mas o projecto de decreto-lei que colocou em discussão pública no final de Maio não contemplou as propostas da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais.

A federação e os seus sindicatos criticaram o facto de o Governo querer excluir da nova carreira a esmagadora maioria dos trabalhadores, por não terem formação como técnicos auxiliares de Saúde – uma formação ministrada por trabalhadores que não a têm, mas possuem muitos anos de experiência profissional.

Mantiveram a reivindicação, a que os trabalhadores deram mais força, com a grande adesão à greve realizada a 19 de Maio.

Por parte do Ministério da Saúde, a posição não se alterou. Na passada sexta-feira, a concentração realizou-se para acompanhar a delegação sindical que tinha uma reunião agendada com o secretário de Estado da Saúde, sobre a criação da nova carreira e a valorização profissional e salarial dos trabalhadores. Não foram apresentadas novas propostas, mas apenas foi prometido enviar até 2 de Novembro um documento para outra reunião, marcada para dia 6.

Perante a repetição da «falta de vontade política» do Governo para resolver os problemas dos profissionais de saúde e do SNS, «os auxiliares de saúde não desistem da luta, não desistem do que é seu por direito e vão manter a determinação na greve nacional da Administração Pública, dia 27 de Outubro», assegurou a federação da CGTP-IN, numa nota publicada no final da concentração.

 



Mais artigos de: Trabalhadores

Vozes dos professores soaram alto

A FENPROF entregou na segunda-feira, dia 23, à tarde, no Ministério das Finanças, a sua proposta de recuperação faseada do tempo de serviço dos professores, que ainda está por contabilizar, para efeitos da sua progressão profissional e salarial. Do Ministério da Educação, onde a mesma proposta...

FNAM persiste em negociar soluções

Na reunião com o Ministério da Saúde, marcada para amanhã, às 11h00, «apresentaremos a nossa derradeira contraproposta, no sentido de conseguir um acordo capaz de recuperar a carreira e salvar o Serviço Nacional de Saúde», anunciou a Federação Nacional dos Médicos. A Comissão Executiva da FNAM, num comunicado que emitiu...

Enfermeiros com novas lutas

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, mantendo o apelo a que todos os profissionais de Enfermagem façam greve amanhã, nos turnos da noite, manhã e tarde, ao lado dos demais trabalhadores da Administração Pública, aprovou um plano de lutas que inclui acções de âmbito regional, uma greve nacional, a 10 de Novembro, e a...

Mobilização vai continuar na Cimpor

Em defesa dos complementos de assistência na doença, que a administração da Cimpor (Grupo OYAK) decidiu abruptamente retirar a mais de 1300 beneficiários, a partir de 20 de Outubro, concentraram-se nessa sexta-feira, a partir das 11h30, frente à sede da empresa, em Lisboa, mais de 300...

Direito à greve atacado na RTP

Ocorreu na RTP – Rádio e Televisão de Portugal uma «tentativa de ilegalizar a greve na comunicação social», acusou o Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Telecomunicações e Audiovisual (SINTTAV/CGTP-IN), na segunda-feira, reagindo a uma comunicação interna do Conselho de Administração. Este confirmou, no domingo, que...

Por transportes públicos de qualidade e com direitos

Estruturas sindicais e movimentos de utentes promoveram ontem de manhã, na Casa do Alentejo, em Lisboa, um Fórum sobre transportes públicos na Área Metropolitana de Lisboa (AML), com o lema «Com os trabalhadores, servir melhor as populações». Em debate estiveram questões como o serviço público, as empresas públicas, o...

Congresso da US de Vila Real

Realizou-se no sábado, dia 21, o 10.º Congresso da União dos Sindicatos de Vila Real, com a participação de dirigentes das estruturas do movimento sindical unitário, no Auditório do Arquivo Distrital. Sob o lema «Valorizar o Trabalho e o Distrito de Vila Real – Mais Força à Luta dos...