Notícias das lutas dos povos
O Espaço Internacional da Festa do Avante! recebeu nesta 46.ª edição, ao longo dos três dias, a visita de milhares de pessoas. Nesta edição, estiveram presentes mais de meia centena de delegações de partidos comunistas e de outras forças progressistas de quatro continentes.
Nas imediações, pinturas murais e slogans («Paz sim! Guerra não!», «Pela paz e o desenvolvimento! Dissolução da NATO!», «Paz, Progresso, Cooperação! Por uma Europa dos trabalhadores e do povo!», «Palestina vencerá! Fim à ocupação e aos crimes de Israel!», entre muitos outros) chamavam a atenção dos visitantes.
No interior do Espaço Internacional, os diversos stands das organizações presentes, com os seus cartazes, jornais e folhetos, com o seu artesanato, a sua gastronomia, convidavam ao fraterno convívio, em diferentes idiomas.
Um dos lugares frequentados foi o espaço de debates, onde decorreram seis debates, sempre com atenta participação.
O primeiro, no sábado de manhã, abordou o tema Pela paz e a solidariedade, na Europa e no Mundo e nele intervieram Ilda Figueiredo, do PCP, que coordenou; Augusto Fidalgo, da Associação de Amizade Portugal-Cuba; Francisco Araújo, da Juventude Comunista Portuguesa; Raul Ramires, activista do Movimento pelos Direitos do Povo Palestiniano e pela Paz no Médio Oriente (MPPM); e Rui Garcia, do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC). Os oradores falaram das experiências de trabalho das suas organizações e destacaram a necessidade de prosseguir, intensificar e alargar a luta pela paz, questão central nos tempos que vivemos, perante a violenta ofensiva do imperialismo e dos fautores da guerra.
América Latina luta e resiste foi o tema do segundo debate, moderado por Luís Carapinha, do PCP, com a participação de representantes do PC do Brasil (Tiago Alves Ferreira); do Partido dos Trabalhadores (Pedro Prola); do PC Colombiano (Jaime Cedano); do PC de Cuba (Yusmarí Diaz, embaixadora de Cuba em Portugal); e do PC do Uruguai (Gustavo Alvarez). Todos convergiram na condenação do criminoso bloqueio a Cuba, das sanções contra a Venezuela e a Nicarágua – «bloqueios e sanções são formas de guerra ilegais» – e da permanente ingerência dos EUA na América Latina. Saudaram as vitórias de forças progressistas na Bolívia, no Chile, nas Honduras e, mais recentemente, na Colômbia («viemos partilhar a nossa alegria, depois de tantos anos de lutas», disse Jaime Cedano). E manifestaram a confiança no triunfo de Lula da Silva nas eleições presidenciais de Outubro.
Seguiu-se o debate por Uma Europa dos povos e dos trabalhadores, moderado por João Ferreira, do PCP, e com a participação de Charlie Le Paige, do Partido do Trabalho da Bélgica; Ondrej Kazík, do PC da Boémia e Morávia (República Checa); Vincent Boulet, do PC Francês; Raffaele Bucciarelli, do PC Italiano; Carlo Rutigliano, do Partido da Refundação Comunista; e Edu Navarrro, do PC de Espanha. Da exposição da situação nos países representados, ressaltou a existência de problemas comuns, desde a degradação dos salários com a brutal subida dos preços da energia, alimentos e transportes até ao aumento da exploração e dos lucros obtidos pelos grandes grupos económicos à custa do ataque aos direitos dos trabalhadores, passando pela aposta dos EUA, da UE e da NATO na eternização da guerra. «Não nos conformamos com este rumo da Europa do grande capital, nestes tempos difíceis mas também de oportunidades de avanços, e continuaremos a resistir e a lutar», resumiu no final João Ferreira.
O último debate de sábado abordou A luta pela paz e a soberania no Médio Oriente e teve moderação de Jorge Cadima, do PCP. Participaram representantes da Tribuna Democrática Progressista do Bahrain (Badreya Almarzooq), do Partido do Povo do Irão (Navid Shomali), do PC da Turquia (Canberk Koçak), do PC Libanês (Firas Masri), da Frente Popular de Libertação da Palestina (Fayez Badawi), da Frente Democrática de Libertação da Palestina (Nedal Fatou) e da Fatah (Ahmed Fattouh). Os oradores expuseram a situação nos seus países, denunciaram a intervenção militar dos EUA, desde há décadas, numa região rica em petróleo, evocaram as guerras provocadas pelo imperialismo norte-americano (no Afeganistão, Iraque, Síria, Líbia, Iémen, Líbano), bem como as sanções e ameaças ao Irão, e condenaram os crimes israelitas contra a Palestina e o seu povo. Só com luta tenaz os povos da região conquistarão as desejadas liberdade e soberania, sublinharam. A fechar, Jorge Cadima reafirmou a solidariedade do PCP com o povo palestiniano e com todos os povos em luta no Médio Oriente e criticou o governo português por não condenar os crimes cometidos pelo Estado de Israel.
No domingo, mais dois debates. O primeiro, Não ao militarismo e à guerra! Por um mundo de paz e cooperação, foi dirigido por Ângelo Alves, do PCP, e nele intervieram Monika Munch-Steinbuch, do PC Alemão; Klishevich Sírgei Mikhailovich, do PC da Bielorrússia; Uli Brockmeyer, do PC do Luxemburgo; e Carolus Wimmer, do PC da Venezuela. O debate evidenciou, por um lado, que a Festa do Avante!, festa da paz e espaço de diálogo e solidariedade, é um acto de resistência e de luta pelos direitos conquistados. E realçou, por outro lado, que a actual guerra na Europa, iniciada em 2014, é cada vez mais uma guerra por procuração dos EUA contra a Rússia, no quadro da estratégia de domínio mundial do imperialismo norte-americano. Daí, foi dito, a necessidade de combinar a luta de classes em cada país com uma frente anti-imperialista para lutar contra a guerra e conquistar uma paz com justiça social e soberania para os povos.
O derradeiro debate internacional da Festa do Avante! de 2022 teve por tema Centenário de Agostinho Neto. Os caminhos da luta de emancipação em África e foi dirigido por Albano Nunes, do PCP, tendo participado representantes do MPLA, Manuel Victor; da FRELIMO, Elias Mutemba; do PAIGC, Spencer Embaló; e do PAICV, o seu secretário-geral, Julião Varela. Nos 100 anos do nascimento de Agostinho Neto – poeta, médico, combatente antifascista e anticolonialista, amigo sincero do povo português, presidente do MPLA e primeiro presidente da Angola independente, fundador da nação angolana –, Albano Nunes evocou a luta convergente do PCP e dos movimentos de libertação nacional africanos que combateram pela independência dos seus países, luta essa contra o inimigo comum, o fascismo e o colonialismo. Sublinhando que a vida e obra de Agostinho Neto inspira os combates emancipadores da actualidade, reafirmou que, nas lutas comuns pela paz e pelo progresso, hoje, MPLA, FRELIMO, PAIGC, PAICV e MLSTP, partidos da independência nos seus países, podem continuar a contar com a solidariedade e amizade de sempre do PCP.
Solidariedade sempre presente
Em momentos de solidariedade nos espaços de Organizações Regionais, representantes de partidos comunistas e outras organizações progressistas presentes na Festa do Avante! falaram sobre as lutas dos seus povos.
Assim, no sábado, 3, decorreram encontros solidários com:
Sara Ocidental, na OR Porto, com Omar Mih, representante da Frente Polisário em Portugal, e Sofia Costa, do PCP.
Brasil, na OR de Braga, com Tiago Alves Ferreira, do PCdoB, Raphael Reis, do núcleo do PT em Lisboa, e António Filipe, do PCP.
Chipre, na OR de Santarém, com Elias Demetriou, do AKEL, e Cristina Cardoso, do PCP.
Cuba, na OR de Setúbal, com Yusmary Diaz (embaixadora de Cuba em Portugal), Augusto FIdalgo, da Associação de Amizade Portugal-Cuba, e Bruno Dias, do PCP.
Venezuela, na OR do Alentejo, com Lucas Rincón (embaixador da Venezuela em Portugal), Jacobo Torres, do PSUV, e João Pimenta Lopes, do PCP.
No domingo, 4, realizaram-se momentos de solidariedade com:
América Latina, na OR de Lisboa, com Victoria Foronda (PC da Bolívia), Vito Saavedra Cueva (PC Peruano), Gustavo Alvarez (PC do Uruguai), e Sandra Pereira, do PCP.
Palestina, na OR do Alentejo, com Nabil Abuznaid (embaixador da Palestina em Portugal), pela OLP, Ahmed Fattouh (movimento Fatah), e Carlos Almeida, do PCP.
Colômbia, na OR do Algarve, com Marta Bolivar (PC Colombiano), Hugo Orejuela (Marcha Patriótica) e Maurício Miguel, do PCP.
Delegações internacionais presentes na Festa do Avante!
A Esquerda (Alemanha)
Partido Comunista Alemão
Movimento Popular de Libertação de Angola
Tribuna Democrática Progressista do Bahrain
Partido do Trabalho da Bélgica
Partido Comunista da Bielorrússia
Partido Comunista da Bolívia
Partido Comunista do Brasil
Partido dos Trabalhadores (Brasil)
Partido Africano da Independência de Cabo Verde
Partido Comunista da Boémia e Morávia (Chéquia)
Partido Comunista da China
Partido Comunista do Chile
Partido Progressista do Povo Trabalhador (Chipre)
Partido Comunista Colombiano
Marcha Patriótica (Colômbia)
Partido Comunista de Cuba
Partido Comunista na Dinamarca
Partido Comunista de Espanha
Comunistas da Catalunha
Bloco Nacionalista Galego
Partido Comunista dos Povos de Espanha
Partido Comunista dos EUA
Pólo da Renascença Comunista de França
Partido Comunista Francês
Partido Comunista da Grécia
Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde
Novo Partido Comunista da Holanda
Partido do Povo do Irão
Partido dos Trabalhadores da Irlanda
Partido Comunista Italiano
Partido da Refundação Comunista – Esquerda Europeia (Itália)
Partido Comunista (Itália)
Partido Comunista Libanês
Partido Comunista Luxemburguês
Partido da Vanguarda Democrática Socialista (Marrocos)
Frente de Libertação de Moçambique
Organização para a Libertação da Palestina
Frente Popular de Libertação da Palestina
Frente Democrática de Libertação da Palestina
Movimento Fatah (Palestina)
Partido Comunista Peruano
Partido Comunista Britânico
Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe
Frente Polisário (Sara Ocidental)
Partido Comunista (Suíça)
Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente
Partido Comunista do Uruguai
Partido Comunista da Turquia
Partido Socialista Unido da Venezuela
Partido Comunista da Venezuela
Partido Comunista do Vietname