Dois caminhos de uma opção comum
Aos 28 anos, Joana sabe bem o que pretende com a sua adesão ao PCP, consumada no passado mês de Novembro: ajudar afazer a diferença num País que vê cheio de problemas a necessitar de solução. Preocupam-na sobretudo os mais jovens, sobre quem paira um futuro incerto. Contribuir para o seu esclarecimento, de modo a que possam «tomar decisões informadas», é tarefa em que se empenhará com especial gosto, revela.
Enfermeira natural de Viseu, Joana trabalha actualmente no Hospital do Litoral Alentejano, depois de alguns anos em Madrid. Foi precisamente ao regressar a Portugal que se confrontou com a situação do Serviço Nacional de Saúde – onde, reconhece, «muitas coisas não estão bem». Para lá das carreiras «que não andam», valoriza-se pouco os profissionais, denuncia: «Há trabalhadores com 20 anos de serviço a ganhar quase o mesmo do que outros, acabados de entrar. Para além disso, muitos profissionais de Saúde estudam para se desenvolver, tiram Mestrados e Pós-Graduações, e não são reconhecidos por isso. É frustrante!»
Confrontada diariamente com situações destas, Joana passou a olhar mais à sua volta e a dar uma importância crescente às questões políticas, que entendia serem a chave para resolver os problemas do seu local de trabalho e da própria sociedade no seu todo. Para a decisão de se filiar no PCP concorreu ainda outro factor: a proximidade – e identificação – com os colegas comunistas, membros da célula na qual ela própria está agora também integrada.
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Tiago tem 40 anos e trabalha no aeroporto de Beja. A sua simpatia pelo PCP é antiga, tanto pelo que hoje faz em prol dos trabalhadores como pelo papel decisivo que desempenhou na resistência ao fascismo, na Revolução de Abril e no alcance dos direitos sociais com ela conquistados. Durante muito tempo, limitou-se a expressar esse apoio apenas através do voto. Era-lhe suficiente e não sentia necessidade de mais.
Até que, em Dezembro, sinalizou através do sítio do Partido na Internet a intenção de se filiar. A organização devolveu-lhe o contacto e há apenas duas semanas preencheu a ficha de inscrição no Centro de Trabalho de Beja, após uma esclarecedora conversa com um grupo de dirigentes locais, que lhe explicaram o que é, o que defende e como se organiza o Partido Comunista Português. «Resolvi dar o passo em frente e quero dar o meu contributo no que for necessário, desde logo ajudar no meu local de trabalho a trazer mais gente», garante Tiago.
Porquê agora? «Por vários factores», reconhece, destacando um de entre eles: o firme combate que sente ser necessário dar às forças reaccionárias que querem destruir o Serviço Nacional de Saúde, a Escola Pública e a Segurança Social e alterar as regras do IRS de modo a penalizar ainda mais os trabalhadores. «Não podemos deixar que isso aconteça. Têm de ser travados!»
Tiago não tem ainda uma noção plena do que implicará a sua militância comunista, de tão recente que é, mas quer «ajudar o Partido» e considera que estes primeiros dias têm correspondido às suas melhores expectativas.
Reconheça-se que é um magnífico ponto de partida.