Retomar em Almada o caminho do desenvolvimento

Ao fim de 12 anos à frente do mu­ni­cípio de Se­túbal, Maria das Dores Meira é agora can­di­data da CDU a pre­si­dente da Câ­mara Mu­ni­cipal de Al­mada, para re­co­locar o con­celho no rumo de de­sen­vol­vi­mento a que a sua po­pu­lação se ha­bi­tuou, in­ter­rom­pido no ac­tual man­dato.

O lema Com a CDU, por Al­mada, pelo Fu­turo tem con­teúdo real

Que ex­pe­ri­ência acu­mu­laste à frente da Câ­mara Mu­ni­cipal de Se­túbal?
Quando ter­minar o ac­tual man­dato com­ple­tarei quase 20 anos de ac­ti­vi­dade au­tár­quica inin­ter­rupta. Em 2001, com a vi­tória da CDU, as­sumi res­pon­sa­bi­li­dades como ve­re­a­dora da Cul­tura, Des­porto, Edu­cação e Ju­ven­tude e, a partir de 2006, como pre­si­dente da Câ­mara Mu­ni­cipal, tive res­pon­sa­bi­li­dades di­rectas em áreas como o Ur­ba­nismo, as Fi­nanças, a Co­mu­ni­cação ou a Mo­bi­li­dade, e in­ter­venção em muitas ou­tras.

Fui re­e­leita, com mai­o­rias ab­so­lutas, em 2009, 2013 e 2017, o que dá a ideia da forma como os elei­tores ava­li­aram a ex­pe­ri­ência que acu­mulei. Foram anos de muito tra­balho e muita apren­di­zagem.

Essa ex­pe­ri­ência acres­centa valor à can­di­da­tura da CDU à Câ­mara Mu­ni­cipal de Al­mada?
Estou ab­so­lu­ta­mente con­victa de que sim. O saber acu­mu­lado na pro­cura de so­lu­ções para os pro­blemas de um con­celho como Se­túbal con­ferem-me as ne­ces­sá­rias ca­pa­ci­dades para, com as equipas da CDU, «go­vernar» Al­mada e re­tomar o ca­minho do de­sen­vol­vi­mento e de uma gestão mo­derna capaz de con­ti­nuar a va­lo­rizar este con­celho, im­pe­dindo que se se trans­forme numa mera pe­ri­feria de Lisboa.

Im­porta re­cordar que pe­gamos em Se­túbal em 2002 quando era uma ci­dade de­pri­mida, cin­zenta e sem pers­pec­tivas de evo­lução e trans­for­mámo-la numa ci­dade lu­mi­nosa, aberta e capaz de atrair in­ves­ti­mento e tu­rismo. Basta, aliás, olhar para os mais re­centes in­di­ca­dores re­ve­lados pelo Censos 2021, que in­dicam que a po­pu­lação cresceu desde 2011. Fi­zemos desse con­celho uma terra de de­sen­vol­vi­mento e opor­tu­ni­dades, além da in­tensa trans­for­mação ur­bana que pro­mo­vemos, da qua­li­fi­cação de equi­pa­mentos cul­tu­rais, do de­sen­vol­vi­mento tu­rís­tico.

O que é que Al­mada perdeu nos úl­timos qua­tros anos de man­dato de PS?
Perdeu, acima de tudo, a ca­pa­ci­dade de in­ter­venção e ino­vação da CDU que trans­formou Al­mada na grande ci­dade e no con­celho de­sen­vol­vido que hoje co­nhe­cemos. No en­tanto, não vale a pena iludir as ques­tões e, por isso, é ne­ces­sário as­sumir que, mesmo num quadro ad­verso de per­ma­nentes dis­tor­ções e ocul­tação do que são as pro­postas da CDU e dos co­mu­nistas, houve di­fi­cul­dades que foram apro­vei­tadas e que ge­raram algum des­con­ten­ta­mento.

Al­mada perdeu o ritmo que a CDU im­primiu à gestão au­tár­quica, perdeu em res­peito pelo mo­vi­mento as­so­ci­a­tivo e ga­nhou em de­gra­dação das re­la­ções ins­ti­tu­ci­o­nais entre o mu­ni­cípio e as co­lec­ti­vi­dades. De­pois, as­sistiu-se a uma acen­tuada de­gra­dação do fun­ci­o­na­mento dos ser­viços mu­ni­ci­pais a que é pre­ciso pôr termo.

A gestão CDU também é re­co­nhe­cida pela ele­vada par­ti­ci­pação po­pular, a aus­cul­tação da po­pu­lação ou a re­lação de pro­funda sim­biose entre a au­tar­quia e o mo­vi­mento as­so­ci­a­tivo. Esses traços per­deram-se ou saíram fra­gi­li­zados du­rante os úl­timos quatro anos em Al­mada?
Esses traços iden­ti­tá­rios não se per­deram – quando um povo re­siste nunca perde os seus re­fe­ren­ciais –, mas sem dú­vida que estão hoje mais frá­geis, em con­sequência do feroz ataque des­fe­rido pela ac­tual mai­oria a todos os pro­cessos de par­ti­ci­pação das po­pu­la­ções. É nossa pro­funda con­vicção que a CDU tem todas as con­di­ções para exe­cutar um pro­grama que per­mi­tirá re­verter esse pro­cesso de des­ca­rac­te­ri­zação.

Aquilo que temos dito, e que as pes­soas mos­tram per­ceber e aceitar, é que o que pro­me­temos é muito tra­balho, muito diá­logo e muita pro­xi­mi­dade. Esses três pi­lares da nossa in­ter­venção junto do te­cido hu­mano al­ma­dense serão, se­gu­ra­mente, su­fi­ci­en­te­mente fortes e ca­pazes de criar as con­di­ções para ra­pi­da­mente re­cu­perar essa iden­ti­dade pro­fun­da­mente par­ti­ci­pada, e so­bre­tudo am­pla­mente de­mo­crá­tica, que sempre ca­rac­te­rizou Al­mada e os al­ma­denses.

A CDU es­teve à frente dos des­tinos deste mu­ni­cípio du­rante quatro dé­cadas. A vencer as elei­ções, o que se propõe a trazer de novo?
Há um gi­gan­tesco pa­tri­mónio de con­quista e de cons­trução, também de luta e de exi­gência, que nin­guém pode es­ca­mo­tear. Esse pa­tri­mónio, que se es­praia por todas as áreas da vida e da in­ter­venção hu­mana no ter­ri­tório do mu­ni­cípio é, em pri­meiro lugar, per­tença do povo de Al­mada, porque foi edi­fi­cado e con­so­li­dado em diá­logo, co­o­pe­ração e par­ti­ci­pação per­ma­nentes entre o Poder Local De­mo­crá­tico, os seus eleitos, e as pes­soas e as suas or­ga­ni­za­ções. Na edu­cação, na cul­tura, na ju­ven­tude, no des­porto e saúde fí­sica, na in­fância, nos idosos, nos tra­ba­lha­dores, nas em­presas e nos em­pre­sá­rios, na ha­bi­tação, na acção so­cial, na se­gu­rança, enfim, em todas as áreas, há em Al­mada uma marca da in­ter­venção da CDU que nin­guém po­derá apagar.

Nos úl­timos quatro anos, pro­curou-se de­la­pidar, des­va­lo­rizar e mesmo des­truir este vas­tís­simo e va­li­o­sís­simo pa­tri­mónio. Mas não al­can­çaram os seus in­tentos, porque co­nhe­ceram a força e a ca­pa­ci­dade de re­sis­tência de mi­lhares de al­ma­denses que lhes tra­varam o passo, im­pe­dindo que des­truíssem as enormes con­quistas al­can­çadas após a Re­vo­lução de Abril.

Aquilo que eu e a nova gestão CDU tra­remos de novo a Al­mada é o re­tomar do ca­minho do diá­logo, da par­ti­ci­pação, do res­peito pro­fundo pelos le­gí­timos an­seios de apro­fun­da­mento do pro­gresso e do de­sen­vol­vi­mento – de que esse pa­tri­mónio de que falo é, aliás, pri­meira tes­te­munha –, re­co­lo­cando Al­mada no rumo certo para novas con­quistas na me­lhoria das con­di­ções e da qua­li­dade de vida de todos os al­ma­denses, su­blinho de todos, não apenas de muitos deles.

A CDU já tem pro­jectos para o fu­turo que possas adi­antar?
A CDU tem um amplo con­junto de pro­jectos para o fu­turo de Al­mada. O lema que es­co­lhemos para a nossa can­di­da­tura é jus­ta­mente «com a CDU, por Al­mada, pelo Fu­turo», que não é um mero exer­cício de mar­ke­ting po­lí­tico, tem con­teúdo real, e en­cerra um com­pro­misso so­lene que cum­pri­remos in­te­gral­mente em be­ne­fício de Al­mada e dos al­ma­denses.

Es­tru­tu­rámos o nosso pro­grama elei­toral em cinco eixos es­tra­té­gicos: maior pro­xi­mi­dade das po­pu­la­ções e me­lhor qua­li­dade de vida; um ter­ri­tório mais or­de­nado e um am­bi­ente mais qua­li­fi­cado; uma mo­bi­li­dade sus­ten­tável; mais pro­ta­go­nismo, com­pe­ti­ti­vi­dade e de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico; e um mu­ni­cípio mais or­ga­ni­zado e efi­ci­ente.

No seu âm­bito temos muitos pro­jectos já de­fi­nidos, que cons­ti­tuem ideias cen­trais con­so­li­dadas que não ab­di­ca­remos de con­cre­tizar. Re­firo al­guns que, sem pre­juízo do valor de todos os ou­tros, me pa­recem em­ble­má­ticos e es­tru­tu­rantes: a ins­ta­lação de um Centro de Ci­ência Viva em Ca­ci­lhas; a cons­trução de um grande centro que per­mita con­cen­trar grande parte dos ser­viços mu­ni­ci­pais, os ser­viços mu­ni­ci­pa­li­zados e a As­sem­bleia Mu­ni­cipal; a cri­ação de um grande centro de artes no centro de Al­mada velha, no an­tigo edi­fício da EDP; a ins­ta­lação de um nú­cleo ar­tís­tico na Quinta da Are­alva; a cons­trução da Ci­dade dos Putos na So­breda; a cons­trução de um equi­pa­mento cul­tural, com bi­bli­o­teca mu­ni­cipal e ou­tras va­lên­cias, na Char­neca de Ca­pa­rica; a cons­trução de um novo mer­cado mu­ni­cipal e de um centro de es­tágio para o surf na Costa da Ca­pa­rica, são exem­plos entre muitos ou­tros.

Per­sistem di­fi­cul­dades na mo­bi­li­dade entre con­ce­lhos, em par­ti­cular na li­gação a Lisboa. Como prevês, neste as­pecto, o fu­turo de Al­mada no plano da Área Me­tro­po­li­tana de Lisboa (AML)?
O di­reito à mo­bi­li­dade de qua­li­dade é uma questão cen­tral e de­ci­siva em qual­quer ci­dade mo­derna e de­sen­vol­vida, e mais ainda numa Área Me­tro­po­li­tana como a de Lisboa.

Nos úl­timos anos, fruto da per­sis­tente luta das po­pu­la­ções, desde sempre apoiada e se­cun­dada pela CDU e pelas forças que a in­te­gram, foi pos­sível dar passos con­sis­tentes na cri­ação de con­di­ções mais fa­vo­rá­veis a uma mo­bi­li­dade qua­li­fi­cada. A cri­ação do passe so­cial único, abran­gendo todos os mu­ni­cí­pios da AML e todos os modos de trans­porte, e com custos re­du­zidos, é sem dú­vida um passo de gi­gante.

Mas não é su­fi­ci­ente. Há muitas ou­tras va­riá­veis que é ne­ces­sário con­si­derar: os cir­cuitos de des­lo­cação entre os con­ce­lhos e dentro de cada um dos con­ce­lhos, a qua­li­dade e a fi­a­bi­li­dade dos equi­pa­mentos co­lo­cados ao ser­viço das po­pu­la­ções, as rotas e as frequên­cias dos di­fe­rentes ser­viços, são fac­tores de­ter­mi­nantes para a qua­li­dade de vida das po­pu­la­ções.

Neste do­mínio, há um longo ca­minho a per­correr: é ne­ces­sário me­lhorar a ar­ti­cu­lação entre a oferta dos di­fe­rentes modos de trans­porte (ro­do­viário, fer­ro­viário e flu­vial) que servem as po­pu­la­ções dos 18 mu­ni­cí­pios da AML, e as­se­gurar a qua­li­dade dos meios de trans­porte nas di­fe­rentes redes. E é ne­ces­sário, porque as des­lo­ca­ções ur­banas não se fazem apenas em trans­portes pú­blicos, as­se­gurar uma nova li­gação ro­do­viária e fer­ro­viária a Lisboa, que per­mita des­con­ges­ti­onar os acessos ac­tu­al­mente exis­tentes.

Al­mada está, e terá que estar, de forma ac­tiva e em­pe­nhada no centro de todas estas ques­tões. E, con­nosco, se­gu­ra­mente em­pe­nhada na cons­trução e vi­a­bi­li­zação das ne­ces­sá­rias con­di­ções para que toda a mo­bi­li­dade nesta vasta área me­tro­po­li­tana me­lhore subs­tan­ci­al­mente.

Está em curso um pro­cesso de trans­fe­rência de com­pe­tên­cias do Poder Cen­tral para o Poder Local. Como ava­lias esse pro­cesso?
Co­meçou mal, a partir de uma de­cisão pre­ci­pi­tada im­posta pelo PS e PSD na As­sem­bleia da Re­pú­blica, cons­truída à re­velia dos mu­ni­cí­pios e das suas or­ga­ni­za­ções re­pre­sen­ta­tivas, que cedo se per­cebeu que não teria vida fácil. A re­a­li­dade aí está a con­firmá-lo, com adi­a­mentos su­ces­sivos da apli­cação das pre­co­ni­zadas me­didas de trans­fe­rência de res­pon­sa­bi­li­dades e en­cargos, que não de com­pe­tên­cias, da ad­mi­nis­tração cen­tral para os mu­ni­cí­pios.

Ao final de três man­datos à frente dos des­tinos de Se­túbal, con­ti­nuas en­tu­si­as­mada com o pro­jecto au­tár­quico da CDU?
Na­tu­ral­mente que sim. Foi esse en­tu­si­asmo por um pro­jecto pro­fun­da­mente trans­for­mador, cri­ador e pro­gres­sista, o único por­tador das res­postas ne­ces­sá­rias aos an­seios e as­pi­ra­ções das po­pu­la­ções a uma vida me­lhor, que me levou a aceitar o de­safio para as­sumir a can­di­da­tura a Al­mada. É muito en­tu­si­as­mante poder tra­ba­lhar para me­lhorar as con­di­ções de vida das pes­soas.

Que de­sa­fios e di­fi­cul­dades es­peras en­frentar nos pró­ximos quatro anos?
O maior dos de­sa­fios é re­cu­perar a mo­ti­vação e au­to­es­tima da po­pu­lação de Al­mada.

Temos de voltar a co­locar Al­mada no rumo certo, que o mesmo é dizer que temos que voltar ao ca­minho do pro­gresso e de­sen­vol­vi­mento, que cla­ra­mente se perdeu neste man­dato...

 



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