Alertas e protestos com resultados pela saúde e pelos direitos

VIGILÂNCIA Na Kemet, na Navigator, em centros de contacto e na Paulo de Oliveira, os trabalhadores e as suas organizações conseguiram impedir medidas prejudiciais e obter soluções mais justas.

Em emergência sanitária confirma-se o valor da unidade e da organização

Quando as organizações representativas dos trabalhadores do Grupo The Navigator Company, a 17 de Março, emitiram um comunicado a informar que, sob condições, aceitavam a suspensão das negociações do acordo de carreiras, expressaram o seu desacordo à realização de uma paragem para manutenção, que estava programada na ATF, em Setúbal.
Poucos dias depois, a Fiequimetal/CGTP-IN deu conta de que a posição da federação, do seu sindicato naquela unidade (SITE Sul) e das comissões de trabalhadores do grupo e da ATF fora atendida e a administração tinha desistido da paragem para manutenção. A concretizar-se, esta implicaria o acesso ao complexo industrial de cerca de meio milhar de trabalhadores de diversas empresas e localidades.

Em Évora, depois da intervenção do Sindicato das Indústrias Eléctricas do Sul e Ilhas, a direcção da Kemet acabou por dar informações mais claras sobre o plano de contingência e tomou medidas de prevenção e protecção da saúde dos trabalhadores.
Num comunicado de 2 de Abril, o SIESI relatou que «os espaços estão mais arejados, há agora uma sala de isolamento mais adequada, é feita uma distribuição diária de máscaras, existe mais desinfectante em todas as áreas e alguns trabalhadores com situações de risco passaram a estar em isolamento de prevenção». A direcção da fábrica de componentes electrónicos confirmou ainda que não irá descontar os dias de férias aos trabalhadores em isolamento ou quarentena.
A empresa«tem todas as condições para apoiar os trabalhadores, nesta fase difícil, principalmente assegurando que os seus rendimentos não são afectados», defende o sindicato da Fiequimetal/CGTP-IN.

No centro de contacto da Marktel, em Elvas, os trabalhadores conseguiram que o regime de teletrabalho fosse alargado a todos os que o requereram e que desempenham funções compatíveis com essa opção. A União dos Sindicatos do Norte Alentejano (CGTP-IN), no dia 31 de Março, lembrou que o teletrabalho fora aprovado apenas para alguns trabalhadores.

A empresa Paulo de Oliveira, na Covilhã, recuou na intenção de colocar os trabalhadores uma semana em casa, à custa de ficarem a dever esse tempo no «banco» de horas, para depois compensarem com trabalho ao sábado, não remunerado. No entanto, como referiu o Sindicato do Sector Têxtil da Beira Baixa, a 27 de Março, «a preocupação que a empresa dizia ter com a saúde dos trabalhadores desapareceu, pois não comunicou outras medidas de segurança diferentes das que dizia já ter adoptado».
O sindicato da Fesete/CGTP-IN exigiu de todas as empresas em laboração «medidas que salvaguardem o salário, o horário e demais direitos».

Mau exemplo

No Porto, o centro de contacto da Sitel, instalado em dois pisos do edifício Tranquilidade, acabou por encerrar completamente. O Sinttav, num comunicado de 23 de Março, considerou que «este foi um mau exemplo», depois de a empresa não ter atendido uma petição dos trabalhadores a exigir o teletrabalho.
Um primeiro caso de infecção foi confirmado a 11 de Março, entre os trabalhadores do 5.º piso, e a Sitel apenas dispensou os trabalhadores deste piso, gerando descontentamento e preocupação, pois todos ali partilhavam elevador, cantina, controlo biométrico e casas-de-banho. Outro caso positivo deu razão aos avisos e provocou o total encerramento da actividade.

 



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