Socialismo e comunismo são a alternativa
Junto à entrada da Quinta do Cabo estava o Espaço Central. Nas suas paredes, preenchidas com a força de quem luta para transformar o mundo, encontrámos palavras de ordem reflectindo problemas e realidades que, durante os três dias da Festa, ali foram debatidas por muitas centenas de pessoas, militantes, simpatizantes e amigos do PCP.
Passando a entrada principal encontrámos fotografias de luta «para uma vida melhor». À esquerda a Loja da Festa, onde se podia adquirir, entre outros materiais, t-shirts, livros, fitas, CD e DVD. Mais adiante o Café da Amizade – com uma agradável esplanada e uma vista deslumbrante para o rio Tejo – e o espaço Adere ao PCP.
Socialismo é o futuro
O II centenário de Karl Marx foi assinalado com a exposição «Capitalismo: a história não termina aqui - Socialismo é o futuro». Logo à entrada lia-se: «O nosso ideal corresponde de tal forma às necessidades e aspirações mais profundas do nosso povo, que um dia dele será o futuro», palavras de Álvaro Cunhal.
As fotografias, de formatos e épocas diferenciados, chocam pela sua brutalidade. «O capitalismo, assente na exploração do Homem pelo Homem, evoluiu a partir do desenvolvimento da indústria, aprofundando o antagonismo de classes de uma sociedade que perdura até aos nossos dias», lê-se, num dos painéis.
Sobre os últimos 200 anos, o texto valoriza as «profundas transformações na vida, na economia, na sociedade», que «não alteraram a natureza do capitalismo nem deram resposta às suas principais contradições». Interagindo com os visitantes, uma «máquina» simulava o conceito de apropriação da mais-valia, a pedra angular da teoria económica de Marx.
Luta pela alternativa
No módulo «Karl Marx: legado, transformação, luta» recorda-se a «vida ímpar» do filósofo, economista, historiador, sociólogo, jornalista, político, que nasceu a 5 de Maio de 1818, em Trier, assim como o «genial contributo de Lénine», principalmente na «construção do primeiro Estado de operários e camponeses, desbravando o caminho inédito de uma sociedade sem classes».
A exposição prossegue com «A luta de classes, motor de transformação social». «O capitalismo é um modo de produção transitório. A sua superação revolucionária é uma exigência do desenvolvimento social», afirma-se.
Na sexta-feira, acompanhámos uma visita, guiada por Paulo Raimundo, do Secretariado do Comité Central (CC) do PCP. No último módulo: «A luta pela alternativa: democracia e socialismo no futuro de Portugal», o dirigente destacou a necessidade de «uma política, patriótica e de esquerda ao serviço do País», objectivo que se insere na «construção do socialismo e do comunismo». Estas iniciativas repetiram-se, com outros oradores, nos dias seguintes.
Actualidade de Marx
Sobre este tema, destaque para os debates «Capitalismo: a história não termina aqui - Socialismo é o futuro» e «Com Marx - legado, intervenção, luta - Transformar o mundo», que aconteceram, respectivamente, sexta-feira e domingo, no Fórum.
Vasco Cardoso, da Comissão Política (CP) do CC, moderou o primeiro debate. «A época em que vivemos é marcada pelo início dessa longa e importante caminhada, de emancipação e libertação dos trabalhadores e dos povos, da humanidade, a luta por uma sociedade sem exploradores nem explorados», pela «alternativa que é o socialismo ao capitalismo, com o comunismo no horizonte», afirmou o dirigente comunista.
Agostinho Lopes, do CC, conjecturou, citando Marx, que «o capitalismo e o imperialismo não hesitarão em desencadear uma nova guerra mundial se a julgarem necessária para debelar a crise que atinge o sistema em todos os domínios e em todas as dimensões».
Seguiu-se Paulo Sá, deputado na Assembleia da República, que falou sobre a evolução do capitalismo em Portugal. O deputado recordou que a Revolução de Abril, «além de devolver ao povo português a liberdade e a democracia, operou profundas transformações económicas e sociais», conquistas que «colocaram Portugal no caminho do socialismo» e que «foram consagradas na Constituição da República Portuguesa».
Ilda Figueiredo, do CC e presidente do Conselho Português para a Paz e Cooperação, abordou as contradições do capitalismo, opondo as «inúmeras potencialidades do desenvolvimento científico e técnico» com «as desigualdades, a fome e a miséria». Referia-se, como exemplo, ao facto de mais de três milhões de crianças, com menos de cinco anos, morrerem subnutridas todos os anos. «Este é o resultado da política agressiva do capitalismo que não olha a meios para atingir os seus fins», condenou.
No debate de domingo – moderado por Manuela Pinto Ângelo, do Secretariado do CC – intervieram Manuel Rodrigues, Vladimiro Vale, ambos da CP do CC, Albano Nunes, da Comissão Central de Controlo, e Alma Rivera, do CC e do Secretariado e da CP da Direcção Nacional da JCP.
Manuela Pinto Ângelo lembrou que o PCP assinalou em 2017 o Centenário da Revolução de Outubro e que este ano de 2018, «estamos a comemorar o II Centenário de Karl Marx, em articulação com a passagem dos 170 anos da publicação, em Londres, da primeira edição do Manifesto do Partido Comunista». Este conjunto de iniciativas «está a permitir, não só a evocação do legado, intervenção e luta de Marx, mas também a reflexão de temas da actualidade em diversas áreas, utilizando e enriquecendo o legado conceptual de Marx», reforçou.
Na intervenção, Manuela Pinto Ângelo referiu ainda «os desenvolvimentos criativos de Engels e de Lénine, do movimento comunista internacional, em particular do PCP, com vista, não apenas, à apreensão teórica da sua dinâmica histórica, mas à abertura de perspectivas de uma intervenção transformadora do capitalismo, como nos confrontamos nos dias de hoje, para mostrar que o caminho para o socialismo é um imperativo do presente e do futuro da humanidade».
Manuel Rodrigues acentuou que «o património teórico» de Marx, «acompanhando os prodigiosos progressos da ciência, se enriqueceu e desenvolveu com a luta do movimento comunista e revolucionário mundial», mas também com «as experiências de inúmeros combates libertadores dos trabalhadores dos países capitalistas, do movimento de libertação dos povos colonizados, dos países socialistas, de amplos movimentos democráticos, anti-imperialistas e em defesa da paz».
Albano Nunes destacou, por seu lado, as «grandes transformações» que ocorreram na «influência e nas formas de articulação internacional dos partidos comunistas», que, «em geral, fortaleceram-se, ligaram-se mais à realidade e às massas dos seus países». Frisou, de seguida, que é preciso unir todos os partidos comunistas «numa frente anti-imperialista», mantendo os «vínculos do internacionalismo proletário».
Seguiu-se a intervenção de Vladimiro Vale sobre os «Modos capitalistas de produção e predação da natureza». «Assim como no trabalho, o sistema capitalista é responsável pela exploração da natureza», referiu. Exigiu, para o imediato, «um reforço dos meios do Estado», para «uma verdadeira política de defesa do equilíbrio da natureza», o «reforço de medidas que aumentem a eficiência energética e que desenvolvam alternativas energéticas de domínio público», o «reforço do investimento do transporte público», o combate «à fiscalidade verde» e à «mercantilização da biodiversidade».
Alma Rivera falou de «Marx e a educação». «A concepção que Marx e Engels foram aprofundando encarava a educação como parte do processo produtivo e uma forma de a sociedade planear e desenvolver a sua produção», explicou, reportando-se para a actualidade: «Hoje, com a profissionalização do ensino, aprofundaram a divisão social do trabalho e trilharam caminhos de classe para cada jovem». «As decisões sobre o que é que se ensina, que conteúdos é que são leccionados, não está ao serviço do povo, logo não servem o desenvolvimento soberano do nosso País», denunciou Alma Rivera.