Testemunhos vivos das lutas dos povos
A unidade das forças progressistas é fundamental para fortalecer a luta dos povos face à ofensiva imperialista – foi reafirmado em seis debates no Espaço Internacional da Festa do Avante!. Das dezenas de delegações de partidos comunistas e outras organizações progressistas presentes na 42.ª Festa do Avante!, diversas foram as que intervieram nos debates no Espaço Internacional. Trouxeram, a par da sua solidariedade, testemunhos da resistência e das lutas dos trabalhadores e dos povos nos diferentes continentes.
Na sexta-feira à noite, o tema foi «Por uma Europa dos Trabalhadores e dos povos». Os oradores da sessão, coordenada por João Ferreira, do Comité Central do PCP, foram Elias Demetriou, do AKEL (Partido Progressista do Povo Trabalhador, de Chipre), Jef Bruynseels, do Partido do Trabalho, da Bélgica, Francesco Maringió, do Partido Comunista Italiano, e Yolanda Rodriguez, do Partido Comunista de Espanha.
Os participantes convergiram nas ideias de que a actual União Europeia, neoliberal, federalista e militarista, é irreformável e de que, com as lutas dos trabalhadores e dos povos, diferenciadas de país para país, é possível construir uma outra Europa de paz e progresso.
Ofensiva e resistência
No sábado, os debates começaram, de manhã, com um sobre «Um mundo em mudança – Desenvolvimentos e tendências de fundo na situação internacional». Intervieram Pedro Guerreiro, do Secretariado do Comité Central do PCP, que dirigiu os trabalhos, e Iuli Yakulov, do Partido Comunista da Federação Russa; Ilona Bakun, do Partido Comunista da Bielorússia; C. J. Atkins, editor do jornal People’s World, do Partido Comunista dos Estados Unidos da América; e Nivaldo Santana, do Partido Comunista do Brasil.
Pedro Guerreiro defendeu que, apesar dos grandes perigos e incertezas que caracterizam hoje a situação internacional, devido à escalada da ofensiva agressiva do imperialismo – suportada pelo seu poderio militar, pelo seu poder económico, pelo seu domínio dos grandes meios de informação e difusão ideológica –, os povos e os trabalhadores resistem, procurando mudar a correlação de forças que, neste momento, lhes é desfavorável. «É profunda convicção do PCP de que a História não acabou, é possível resistir às agressões do imperialismo e derrotá-lo, as forças do progresso e da paz encontrarão o caminho para conquistar um mundo melhor para toda a Humanidade», manifestou.
Seguiu-se, à tarde, o debate «II Centenário de Marx – “A questão, porém, é transformá-lo”», moderado por Ângelo Alves, da Comissão Política do PCP, com a participação também de Hernandez Portaleg, do Partido Comunista de Cuba; de Veeraiah Sunkari, do Partido Comunista da Índia (Marxista); e de Nguyen Dinh Tuan, do Partido Comunista do Vietname.
A História já nos provou que o processo revolucionário é irregular e acidentado e é mais prolongado do que o previsto, «mas os 200 anos que nos separam do nascimento de Marx confirmam que o mundo gira no sentido da liberdade, da democracia, do progresso social, do socialismo e do comunismo, o sentido libertador que Marx e Lenine apontaram e cujas leis e tendências fundamentais desvendaram», afirmou Ângelo Alves.
Capitalismo no banco dos réus
«Médio Oriente – Agressão imperialista e luta pela paz e soberania» foi o tema de mais um debate. Moderou Bruno Dias, do Comité Central do PCP, e foram oradores Navid Shomali, do Partido do Povo do Irão (Tudeh); Firas Masri, do Partido Comunista Libanês; Fayez Badaui, da Frente Popular de Libertação da Palestina; e Gozde Somel, do Partido Comunista da Turquia.
Na noite de sábado, o Espaço de Debates ainda acolheu mais uma troca de ideias e experiências, agora sobre «O capitalismo no banco dos réus – O mundo e a crise do capitalismo». Jorge Cadima, da Secção Internacional do PCP, coordenou e usaram também da palavra Isabel de Almeida, do Partido Comunista Francês; John Hunter, da Liga da Juventude Comunista, do Partido Comunista Britânico; e Viktoria Georgiievskaya, do Partido Comunista da Ucrânia.
O último dos debates no Espaço Internacional da Festa do Avante!, com o tema «América Latina – A luta continua», realizou-se no domingo à tarde, com moderação de Luís Carapinha, da Secção Internacional do PCP, e intervenções de Tânia Veiga, do Partido dos Trabalhadores (Brasil); José Luís Córdoba, do Partido Comunista do Chile; Ruben Guzeti, do Partido Comunista da Argentina; e Jaime Cedano, do Partido Comunista da Colômbia.
Aqui, também, a confirmação de que as transformações revolucionárias têm avanços e recuos mas a luta dos trabalhadores e povos é imparável e continua.
47Soul ao Avante!
Os valores da Festa «ligam o público com a nossa mensagem»
No final do seu concerto de sábado à noite, no Palco 25 de Abril, os 47Soul afirmaram ao Avante! que a sua actuação na Festa esteve «muito para além das expectativas». Foi, aliás, a «primeira vez que tocaram para um público tão entusiástico».
Muito embora tenha sido a sua estreia na Festa, os membros da banda palestiniana declararam ter «muito respeito» por esta, sublinhando o facto de o «entretenimento disponível para as pessoas» ser indissociável do conteúdo político sempre presente, dando como exemplo as «discussões sobre política durante as refeições». Os valores inerentes à Festa ajudam inclusivamente a «ligar as pessoas com a nossa mensagem e com a nossa causa», realçam.
Garantindo que «o que nós fazemos é música», os membros dos 47Soul estão conscientes da importância que ela tem para veicular mensagens e defender causas: «tentamos mudar a forma como as pessoas vêem o problema da Palestina. Muitas pensam que é um conflito, nós dizemos que é uma ocupação.» Aliás, concluem, o entretenimento «não tem que ser tonto», como deseja o «poder imperial».