CGTP-IN analisa propostas do banco central

Banco do capital

Ao defender novos ataques legislativos a direitos fundamentais dos trabalhadores, o Banco de Portugal reflecte os interesses dos grandes grupos económicos e age como «lebre» da política de direita.

É vergonhoso insistir no esbulho de quem produz riqueza

Image 18117

No artigo em destaque sobre «O mercado de trabalho português e a grande recessão», incluído no Boletim Económico da Primavera (Maio), que tornou público no dia 6, quarta-feira, o Banco de Portugal «volta a insistir numa nova alteração da legislação laboral centrada em mais ataques a direitos fundamentais dos trabalhadores», protestou a CGTP-IN, no dia seguinte.

A Intersindical Nacional expôs, numa nota difundida pelo seu Departamento de Informação, o que está sob a mira nestes ataques: «o direito ao trabalho com direitos, a um salário digno, à contratação colectiva como um elemento de progresso social e à protecção social devida a quem foi empurrado para o desemprego».

O Banco de Portugal «entende que o que foi feito não chega e é preciso ir mais longe» na «política de exploração, desigualdades e empobrecimento a que os trabalhadores e suas famílias estão a ser sujeitos» pela acção do Governo PSD/CDS e pelas imposições aceites no memorando da troika.

Com tais ideias e sugestões, o Banco de Portugal «pretende imiscuir-se em matérias que extravasam o seu âmbito e competências», quando se sabe que «não cumpre as suas funções de supervisão e regulação bancária, permitindo que acontecessem descalabros como os do BPN e do Grupo Espírito Santo, com enormes prejuízos para o erário público e para a população». Pelo conteúdo das propostas, o BdP «assume-se como caixa de ressonância dos interesses dos grandes grupos económicos e financeiros e dos que, a pretexto do Tratado Orçamental e das chamadas “reformas estruturais”, visam dizimar os direitos laborais e sociais e aumentar a exploração dos trabalhadores».

A CGTP-IN considera «vergonhoso» insistir no «esbulho de quem produz a riqueza» precisamente no mesmo momento em que «os grandes accionistas das empresas cotadas em bolsa recebem 1,9 mil milhões de euros de dividendos».

O Banco de Portugal «continua, portanto, a “servir de lebre” à política neoliberal do Governo», que «colocou Portugal como um dos países mais desiguais da União Europeia, com a parte da riqueza que vai para o trabalho a cair para os níveis mais baixos de sempre, em contraponto com o aumento, sem precedentes, da parte relativa ao capital», acusa a Inter, concluindo que «as medidas agora divulgadas são parte integrante da “cassete” da política de direita e do Governo PSD/CDS, a que urge pôr termo, para bem dos trabalhadores, do povo e do País».

 

Que quer o BdP?

As propostas são «elucidativas do modelo de sociedade defendido, uma vez mais, pelo Banco de Portugal». A Inter mostra em cinco pontos o que pretende o banco central:

1) A redução das indemnizações por despedimento sem justa causa, sob a alegação de que os custos das empresas continuam demasiado elevados, quando despedem trabalhadores ilegalmente;

2) A redução do período de atribuição do subsídio de desemprego e do subsídio social de desemprego, que apenas cobrem um terço da população desempregada, alegando que os seus valores médios (462 euros e 419 euros, respectivamente) são excessivamente generosos e desencorajam a procura de trabalho;

3) As empresas não devem aumentar os salários, mas antes centrar-se na componente variável da remuneração (bónus, comissões), de forma a promoverem cortes na retribuição quando muito bem entenderem, saltando os obstáculos colocados pela lei e pela contratação colectiva;

4) A contratação colectiva (incluindo as portarias de extensão), enquanto fonte de direitos e progresso social, deve ceder lugar ao contrato individual de trabalho;

5) Eventuais alterações no valor do salário mínimo nacional devem passar por medidas de carácter fiscal, porque a sua actualização dificultaria o «ajustamento no mercado de trabalho».

A CGTP-IN observa, a propósito desta última proposta, que ela é «uma clara referência ao Complemento Salarial que consta do documento elaborado por um grupo de economistas, a solicitação do PS, e que uma vez implementado e suportado pelo Orçamento do Estado, alargaria o número de trabalhadores pobres e incentivaria as empresas a contratarem com salários cada vez mais baixos».

 



Mais artigos de: Trabalhadores

Marchar para travar o crime

Mais de três dezenas de organizações representativas de trabalhadores e de utentes apelam à realização de uma marcha contra as privatizações de empresas de transportes, no dia 21, em Lisboa.

Rejeitados cortes na TSU

A CGTP-IN «não aceita a redução das receitas próprias da Segurança Social contributiva e considera que os governos não podem a livre arbítrio mexer nas contribuições sociais».

Cambridge com resistência

A greve de professores de outras disciplinas ao serviço de vigilância da prova escrita do exame PET, no dia 6, somou-se ao protesto dos docentes de Inglês e o próprio MEC mostrou que os efeitos da resistência fazem-se sentir.

Unidade contra privatizações

Hoje, quinta-feira, 14, os trabalhadores da Carris estão em greve, em protesto contra a subconcessão da empresa. O Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal, da Fectrans/CGTP-IN, que convocou a paralisação, promove também, às 7.30...

Marcada greve na Petrogal

Por direitos e melhor distribuição da riqueza, está convocada a greve decidida nos plenários de finais de Abril, nas refinarias da Petrogal e outros locais de trabalho. O pré-aviso foi entregue na semana passada pela Fiequimetal/CGTP-IN (Federação Intersindical das...

Alarme em Portimão

Dos 28 profissionais de saúde do Hospital de Portimão que tiveram contacto não protegido com um utente com tuberculose activa, em Setembro de 2014, ficaram infectados cinco enfermeiros e dois assistentes operacionais. A informação foi avançada anteontem, Dia Internacional do...

INE mostra mais desemprego

Os números divulgados pelo INE no dia 6, relativos aos primeiros três meses de 2015, «mostram um aumento do desemprego e uma queda do emprego pelo segundo trimestre consecutivo, o que revela que, ao contrário do que o Governo vem apregoando, a economia continua a não gerar emprego e a...

Municipalização suscita rejeição e alerta

Manifestar «intransigente oposição à municipalização/descentralização que este ou outros governos pretendam concretizar e que tenha por objectivo a subversão dos princípios constitucionais fundamentais que devem orientar as funções...

EPE na Suíça

Os professores do Ensino Português no Estrangeiro vão fazer greve na Suíça, no dia 23, exigindo a reposição do nível salarial, que sofreu perdas estimadas em 20 por cento, devido à decisão de cotar a moeda helvética em paridade com o euro. A luta foi...