Transferência de competências» para as autarquias

Fuga às responsabilidades

Outro argumento do Governo rebatido pela bancada comunista foi de que o objectivo do diploma é «aproximar» os serviços das populações. «Nada mais falso», afirmou Carla Cruz, lembrando que «nestes três anos o que o Executivo tem feito é precisamente o contrário». E dando exemplos, falou do encerramento de serviços de proximidade, como a extensão de saúde de Louro (Vila Nova de Famalicão) ou o centro de saúde de Belas (Sintra); mas também encerramentos de horários alargados em unidades e centros de saúde como em Braga, Vizela, Espinho e Santa Maria da Feira; ou a concentração e fusão de centros de saúde com a criação dos mega-agrupamentos de saúde; e ainda encerramentos e concentração de serviços e valências em hospitais, como do Médio Tejo e Aveiro.

Ora as consequências destas medidas estão à vista, assinalou, realçando, entre outras, a ruptura nos serviços de urgência hospitalares ou o calvário dos doentes que precisam de fazer quilómetros e quilómetros para ter uma consulta ou fazer um tratamento.

Também ao contrário do que diz o Governo, a medida por si proposta não vai agilizar a contratação e aceitação de profissionais de saúde. É que para contratar não basta o despacho do Ministério da Saúde, sendo preciso a chancela e autorização do Ministério das Finanças, havendo cerca de mil pedidos de autorização a aguardar por despacho.

O mesmo quanto ao investimento, realçou, já que para comprar material e equipamentos acima dos cem mil euros é preciso a autorização do Ministério da Saúde.

Foi pois este grupo de razões que levou Carla Cruz a concluir que este não é um processo de descentralização de competências mas sim um conjunto de medidas de «desresponsabilização do Governo na garantia da universalidade de acesso a direitos constitucionalmente consagrados, como é a saúde».




Mais artigos de: Assembleia da República

Em colisão com interesse nacional

O Governo ignora o drama de milhões de portugueses, sobretudo na saúde, na educação e na protecção social, construindo uma imagem do País sem qualquer correspondência com a realidade.

Vendilhão de ilusões

Não faltam exemplos de como o discurso dos membros do Governo e da maioria PSD/CDS-PP entra frequentemente em rota de colisão com a realidade do País e a vida concreta das pessoas. Assim voltou a acontecer no último debate quinzenal, em mais do que um momento, ganhando contornos especialmente...

Simulacro de descentralização

O PCP requereu a apreciação parlamentar do Decreto-lei n.º 30/2015 que procede à transferência de competências para as autarquias. Por detrás do discurso falsamente descentralizador do Governo o que se descortina é mais um passo no sentido de reconfigurar o Estado, alijando o que lhe cumpre fazer e zelar no plano das funções sociais, acusa o PCP.

Privatizar e desmantelar

No decurso do debate foram vários os exemplos referidos pelos deputados comunistas que atestam não estar o Governo animado por qualquer propósito de descentralização mas apenas pela ideia de declinar responsabilidades no plano das funções sociais que lhe compete assegurar...

Evitar mais dor e problemas

Baixou à comissão, sem votação, por 30 dias, depois de estar em debate no dia 19, o projecto de lei do PCP que cria um regime especial de declaração de morte presumida em caso de naufrágio de embarcações de pesca.

Para onde foi o dinheiro?

O Grupo Parlamentar do PCP apresentou um projecto de resolução propondo a criação de uma unidade técnica mandatada para apurar os beneficiários finais do dinheiro que originou o passivo da Espírito Santo International (ESI). Com esta iniciativa legislativa, com...

Panteão recebe Eusébio

Eusébio vai ter honras de Panteão Nacional. A decisão foi tomada na passada sexta-feira, 20, por unanimidade, na Assembleia da República. Ao decidir desta forma, como sublinhou João Oliveira, líder parlamentar do PCP, o Parlamento corresponde ao...

Novo estatuto das estradas nacionais

Baixou à 6.ª comissão para apreciação na especialidade, depois de aprovada na generalidade com os votos favoráveis da maioria PSD/CDS-PP, os votos contra do PCP, PEV e BE, e a abstenção do PS, a proposta de lei sobre o novo Estatuto das Estradas da Rede...