PCP quer apurar quem beneficiou do rombo no ESI

Para onde foi o dinheiro?

O Grupo Parlamentar do PCP apresentou um projecto de resolução propondo a criação de uma unidade técnica mandatada para apurar os beneficiários finais do dinheiro que originou o passivo da Espírito Santo International (ESI).

Com esta iniciativa legislativa, com agendamento em plenário já para 5 de Março, o PCP pretende ver respondida aquela que é uma das perguntas mais colocadas em torno da comissão de inquérito do BES: para onde foi o dinheiro?

Esse é o grande objecto que estará colocado a essa unidade técnica, que, de acordo com a proposta, terá um prazo máximo de dois anos – com reportes periódicos à AR e ao Governo –, para apurar «todos os beneficiários finais de cada uma das verbas correspondentes aos fluxos financeiros» ocorridos entre a ESI e empresas que tenham beneficiado de empréstimos seus, bem como de filiais do banco BES. Trata-se, em suma, de saber quais os «destinatários de todos os créditos, nomeadamente dos créditos vencidos ou créditos que tenham gerado grandes imparidades, bem como os beneficiários daquilo que veio a ser o passivo da ESI», explicou em conferência de imprensa, dia 18, no Parlamento, o deputado comunista Miguel Tiago.

Para que possa fazer esse trabalho de apuramento dos fluxos financeiros, a equipa deverá ser dotada de especialistas em direito fiscal e direito financeiro, identificando nomeadamente as empresas através das quais tais fluxos foram canalizados para eventuais beneficiários. E no final desse trabalho, adiantou o deputado comunista, identificar inclusivamente os «beneficiários que poderão estar por detrás dessas empresas (empresas offshore, empresas em jurisdições menos cooperantes, ou empresas já identificadas no âmbito dos trabalhos da comissão de inquérito mas que até à data ainda não tenha sido possível deslindar qual o seu beneficiário final».

Segundo o diploma comunista, a unidade técnica deverá ser constituída no prazo máximo de três meses após a sua criação, cabendo ao Governo e ao «Fundo de Resolução» dotá-la de todos os meios considerados necessários à concretização dos objectivos que lhe foram definidos.

Quanto a uma eventual sobreposição desta unidade técnica com os trabalhos da comissão de inquérito, Miguel Tiago foi categórico ao dizer que esse risco não existe. Desde logo, precisou, porque a comissão de inquérito «não tem capacidade de se mobilizar até às jurisdições onde algumas destas empresas se albergam, nem em termos de tempo nem de meios». Acresce o facto de a comissão de inquérito ter por objecto o apuramento dos factos mas sobretudo os relativos a actos públicos e seu enquadramento legal e político.

Ora esta proposta vai para além disso, visando apurar quem beneficiou com o rombo provocado num grupo económico que detinha um banco. E é em função desse apuramento e suas conclusões que cabe depois ao Ministério Público determinar o que deve ser feito, sustentou Miguel Tiago.




Mais artigos de: Assembleia da República

Em colisão com interesse nacional

O Governo ignora o drama de milhões de portugueses, sobretudo na saúde, na educação e na protecção social, construindo uma imagem do País sem qualquer correspondência com a realidade.

Vendilhão de ilusões

Não faltam exemplos de como o discurso dos membros do Governo e da maioria PSD/CDS-PP entra frequentemente em rota de colisão com a realidade do País e a vida concreta das pessoas. Assim voltou a acontecer no último debate quinzenal, em mais do que um momento, ganhando contornos especialmente...

Simulacro de descentralização

O PCP requereu a apreciação parlamentar do Decreto-lei n.º 30/2015 que procede à transferência de competências para as autarquias. Por detrás do discurso falsamente descentralizador do Governo o que se descortina é mais um passo no sentido de reconfigurar o Estado, alijando o que lhe cumpre fazer e zelar no plano das funções sociais, acusa o PCP.

Fuga às responsabilidades

Outro argumento do Governo rebatido pela bancada comunista foi de que o objectivo do diploma é «aproximar» os serviços das populações. «Nada mais falso», afirmou Carla Cruz, lembrando que «nestes três anos o que o Executivo tem feito é precisamente o...

Privatizar e desmantelar

No decurso do debate foram vários os exemplos referidos pelos deputados comunistas que atestam não estar o Governo animado por qualquer propósito de descentralização mas apenas pela ideia de declinar responsabilidades no plano das funções sociais que lhe compete assegurar...

Evitar mais dor e problemas

Baixou à comissão, sem votação, por 30 dias, depois de estar em debate no dia 19, o projecto de lei do PCP que cria um regime especial de declaração de morte presumida em caso de naufrágio de embarcações de pesca.

Panteão recebe Eusébio

Eusébio vai ter honras de Panteão Nacional. A decisão foi tomada na passada sexta-feira, 20, por unanimidade, na Assembleia da República. Ao decidir desta forma, como sublinhou João Oliveira, líder parlamentar do PCP, o Parlamento corresponde ao...

Novo estatuto das estradas nacionais

Baixou à 6.ª comissão para apreciação na especialidade, depois de aprovada na generalidade com os votos favoráveis da maioria PSD/CDS-PP, os votos contra do PCP, PEV e BE, e a abstenção do PS, a proposta de lei sobre o novo Estatuto das Estradas da Rede...