Camaradagem e gratidão
O 80.º aniversário de Teodósia Vagarinho Gregório foi assinalado na passada semana com um almoço no refeitório do Centro de Trabalho central do Partido, na Rua Soeiro Pereira Gomes, em Lisboa. Estiveram presentes diversos dirigentes do PCP, entre os quais o Secretário-geral, o filho, a neta, a bisneta, os irmãos e outros familiares da homenageada, para além de muitos outros camaradas e amigos.
A iniciar a sua intervenção, Alexandre Araújo, do Secretariado, dirigiu-se a Teodósia Gregório: «quando, no final do ano passado, te perguntámos se podíamos comemorar aqui, na sede central do PCP, com os teus camaradas, o teu aniversário, disseste que “não era preciso”, mas sentimos a tua alegria e sentimos também que a alegria foi crescendo à medida que este dia se aproximava». Mas como notou o dirigente do Partido, «sim, era e é preciso. É sempre preciso. E mais ainda quando se celebra uma vida vivida abraçada à causa que nos une, ao percurso heróico do nosso Partido, à luta abnegada que nos trouxe ao presente».
Nascida em 1935 na aldeia de São Cristóvão, em Montemor-o-Novo, de uma família de pequenos camponeses, Teodósia Vagarinho conviveu desde muito nova com a exploração e os problemas dos camponeses e operários agrícolas. Com apenas nove anos já trabalhava à jorna. Inicia cedo a sua actividade política, distribuindo documentos e participando em jornadas de luta, e adere ao Partido em 1953, com apenas 18 anos. Um ano depois, passa à clandestinidade, onde permanece durante 16 anos.
Ao longo deste período, tem como tarefa central a defesa das casas do Partido, uma tarefa «exigente, muitas vezes isolada», para a qual revelou «particulares aptidões», como recorda Alexandre Araújo. Nunca uma casa onde estivesse caiu nas mãos da PIDE. Colaborou no boletim «A Voz das Camaradas das Casas do Partido» onde, sob o pseudónimo «Lucinda», escreveu sobre a defesa das casas, a luta pela paz e os problemas das mulheres camponesas e dos operários agrícolas. Na clandestinidade conhece Afonso Gregório, que viria a ser o seu companheiro.
Entre os momentos mais difíceis da sua vida conta-se a prisão do companheiro, de 10 longos anos, e a separação do seu filho, entregue aos cuidados dos avós quando tinha quatro anos e que só voltaria a ver quando já perfazia 11. Após a libertação de Afonso Gregório, Teodósia acompanhou-o no processo de recuperação de problemas de saúde. Passaram pela União Soviética e, aquando do 25 de Abril, encontrava-se em Bruxelas. Regressa a Portugal para participar nas comemorações do 1.º Maio de 1974, assinaladas em liberdade. Trabalha há mais de 30 anos na Soeiro Pereira Gomes. Comemorar o seu aniversário é, como sublinhou o dirigente do Partido, homenagear uma vida de dedicação ao Partido e um «exemplo de militância para os nossos dias».