Aproveitar as potencialidades
A Quinta do Conde surgiu no início dos anos 70, a partir do parcelamento clandestino de uma antiga propriedade rural. Rapidamente, no extenso pinhal foi surgindo um núcleo urbano (criado de raiz pelos «pioneiros» quinta-condenses), que não tem cessado de aumentar: segundo o recenseamento da população, viviam na Quinta do Conde, em 1991, cerca de oito mil pessoas, número que aumentava para o dobro 10 anos depois; hoje, são já perto de 30 mil. Entre os novos moradores encontram-se muitos casais jovens, atraídos pela sua localização privilegiada, no coração da Península de Setúbal e a «dois passos» do complexo industrial da Autoeuropa, e pela qualidade de vida que proporciona. Este crescimento fulgurante valeu-lhe a elevação a freguesia, em 1985, e a passagem à categoria de vila em meados da década seguinte.
A implantação do Partido naquele local também se fez por vagas, acompanhando a tendência geral. Há militantes que ali vivem desde a primeira hora, e que construíram a partir do zero as suas casas, as infra-estruturas básicas e os acessos – e, também, o Centro de Trabalho do PCP na freguesia, erguido totalmente graças ao trabalho militante e inaugurado em Março de 1997. Outros ali chegaram há bem menos tempo, instalando-se nos apartamentos ou nas vivendas geminadas previamente construídas e integrando-se desde então na intensa vida associativa local e na organização partidária.
Ao contrário de outras localidades do concelho de Sesimbra e da Península de Setúbal, em que a influência do Partido vem de longe, da formação e desenvolvimento dos grandes aglomerados industriais, na Quinta do Conde ela é não só recente como também crescente: só em 2009 é que a CDU conquistou pela primeira vez a Junta de Freguesia, depois de vários mandatos com maioria PS. Em 2013, a coligação viu confirmada a preferência dos eleitores.
Está a nascer um novo «bastião»?
Qualidade e quantidade
A resposta a esta pergunta pode ser difícil, mas uma coisa é por demais evidente: o Partido tem uma organização ampla e activa na Quinta do Conde: a Comissão de Freguesia conta com 20 membros, distribuídos pelas várias frentes de trabalho (informação e propaganda, fundos, movimento associativo, reformados, etc.); e com regularidade se realizam iniciativas.
Mas há ainda muito por onde crescer, garantem os quatro responsáveis pela concretização da acção de contactos que falaram ao Avante!: José Braga, António Oliveira, Jesuíno Rodrigues e Emília Leite, todos membros da Comissão de Freguesia. Os outros protagonistas foram Joaquim Matias, António Mata, Francisco Cordeiro e Fernando Patrício, do mesmo organismo. Para José Braga (que integra igualmente a Comissão Concelhia de Sesimbra), «hoje temos uma radiografia rigorosa do estado actual da nossa organização», o que permite apreender melhor as suas imensas potencialidades.
No que diz respeito aos contactos, eles foram distribuídos pelas quatro zonas em que se divide a freguesia e a organização do Partido (Quinta do Conde 1, 2 e 3 e Boa Água), e concretizados ao longo do ano passado, no decurso de iniciativas e, sobretudo, em inúmeras conversas individuais. A bicicleta foi instrumento essencial para percorrer todo o território, que se estende por 14 quilómetros quadrados.
Pelos contactos mantidos com os militantes do Partido, conta José Braga, foi possível perceber as dramáticas condições em que muitos vivem: desemprego, uns; com reformas baixíssimas, outros; emigrados, ainda alguns. Contudo, valorizou, a «grande maioria dos camaradas mantém uma forte ligação ao Partido e uma considerável firmeza política e ideológica», mesmo aqueles que têm muita dificuldade em assumir tarefas e pagar quotas.
Dificuldades à parte, a recolha de quotização foi superior em 2014 relativamente a anos anteriores, o que não se pode separar da concretização da acção de contactos: «houve mais camaradas a cobrar», sublinhou. Dos três militantes recrutados, dois estão integrados no organismo de direcção da freguesia e um deles foi mesmo eleito para a Comissão Concelhia de Sesimbra do PCP, na assembleia realizada no dia 25 de Janeiro.
Pela sua dinâmica, pela quantidade e qualidade dos seus quadros (muitos deles vindos das grandes empresas das cinturas industriais de Lisboa e Setúbal), a organização de freguesia da Quinta do Conde pode assumir-se como alavanca fundamental para o reforço e consolidação do Partido em Sesimbra, confia José Braga.