Vibrante comício em Setúbal

Empenhamento total na mobilização para 1 de Outubro

Uma sala cheia de gente com ban­deiras aguar­dava a che­gada do Se­cre­tário-geral do PCP ao co­mício que teve lugar no sá­bado à noite, nas ins­ta­la­ções dos Bom­beiros Vo­lun­tá­rios de Se­túbal.

Mais do que apoiar, o PCP vai mo­bi­lizar para 1 de Ou­tubro

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Por entre a mú­sica que animou a pri­meira parte da ini­ci­a­tiva, en­quanto Luís Gal­rito e Hi­lário, no palco, ac­tu­avam can­tando can­ções de Abril, não dei­xava de se sentir a ex­pec­ta­tiva que per­pas­sava por entre os muitos que es­pe­ravam de Je­ró­nimo de Sousa pa­la­vras es­cla­re­ce­doras sobre a grave si­tu­ação so­cial e po­lí­tica e que ani­massem as massas para as ba­ta­lhas a travar.

Por isso, a en­trada na sala do di­ri­gente co­mu­nista foi en­tu­si­as­ti­ca­mente sau­dada, de pé e com aplausos que por longos mo­mentos in­ter­rom­peram o es­pec­tá­culo. Je­ró­nimo de Sousa es­perou o fim da ac­tu­ação do grupo até que Fá­tima Sil­vei­rinha, do Exe­cu­tivo da Co­missão Con­ce­lhia de Se­túbal, subiu à tri­buna para anun­ciar o ini­ciar do co­mício, cha­mando ao palco os ca­ma­radas que aí to­maram lugar – di­ri­gentes con­ce­lhios e dis­tri­tais do Par­tido, pre­si­dentes de todas as juntas de fre­guesia da CDU, os pre­si­dentes da Câ­mara e da As­sem­bleia Mu­ni­cipal e ainda Edu­ardo Vi­eira, do Co­mité Cen­tral e do Exe­cu­tivo da DORS, res­pon­sável pelo con­celho, Mar­ga­rida Bo­telho, da Co­missão Po­lí­tica do CC e res­pon­sável pela re­gião e José Ca­pucho, do Se­cre­ta­riado do Co­mité Cen­tral. O longo e inin­ter­rupto aplauso que a todos saudou, am­pli­ficou-se quando o Se­cre­tário-geral do Par­tido tomou o seu lugar.

A in­ter­venção de Edu­ardo Vi­eira, que abriu o co­mício em que de­pois falou Je­ró­nimo de Sousa a en­cerrá-lo – de cujo dis­curso pu­bli­camos ex­certos – co­meçou por traçar o quadro em que se travam as lutas no con­celho, lem­brando que o acordo as troikas, de um lado a na­ci­onal com­posta pelo PS, PSD e CDS, do outro a es­tran­geira, com o FMI, o BCE e a UE «ocorre num quadro de uma pro­funda crise do sis­tema ca­pi­ta­lista e vem na linha da po­lí­tica de di­reita se­guida ao longo dos úl­timos trinta e cinco anos pelos su­ces­sivos go­vernos vi­sando a re­cons­ti­tuição do ca­pital mo­no­po­lista no nosso País». Este ca­minho e estas me­didas, disse Edu­ardo Vi­eira, «con­duzem de facto ao agra­va­mento e apro­fun­da­mento dos pro­blemas com que o País se con­fronta e a uma ainda maior de­gra­dação das con­di­ções de vida da imensa mai­oria do povo por­tu­guês». Al­gumas das mais re­centes me­didas to­madas já pelo Go­verno do PSD/​CDS «são a mais clara de­mons­tração de que não é o in­te­resse na­ci­onal que está em causa, mas tão só a sub­ser­vi­ência e res­posta aos in­te­resses de classe do grande ca­pital e dos grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros».

«Ou seja», disse mais adi­ante, re­fe­rindo-se ao pro­grama da po­lí­tica de di­reita, «o que este pro­grama re­pre­senta de facto é um enorme roubo a quem vive dos ren­di­mentos do seu tra­balho!» E enu­merou muitos da­queles que no con­celho são atin­gidos por essa po­lí­tica – os tra­ba­lha­dores da Lis­nave, os das em­presas do grupo Por­tucel, os da SECIL. Os dos trans­portes (TST, CP, REFER e EMEF), os utentes do Hos­pital de São Ber­nardo e os utentes dos trans­portes, os pes­ca­dores e ma­ris­ca­dores, os pe­quenos e mé­dios co­mer­ci­antes, os muitos mi­lhares de de­sem­pre­gados, as po­pu­la­ções.

«Que o di­gamos todos nós, os que somos afec­tados por esta po­lí­tica, no pró­ximo dia 1 de Ou­tubro, par­ti­ci­pando na ma­ni­fes­tação que a CGTP-In­ter­sin­dical Na­ci­onal vai re­a­lizar em Lisboa.»


In­ter­venção de Je­ró­nimo de Sousa

«A res­posta será forte e com­ba­tiva»

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«Não foi pre­ciso es­perar muito tempo para se per­ceber, se não o ti­vés­semos sa­bido e pre­visto antes, do in­qui­e­tante rumo que con­tinua a se­guir o País com este Go­verno do PSD/​CDS e quanto ilu­só­rios eram os ob­jec­tivos que pro­cla­mavam e ina­de­quadas as po­lí­ticas que estão a ser con­cre­ti­zadas para re­solver os pro­blemas na­ci­o­nais. O ciclo de de­clínio eco­nó­mico e so­cial que se tornou mais vi­sível nesta úl­tima dé­cada con­tinua a am­pliar-se, agora de forma ace­le­rada com as me­didas de se­vera aus­te­ri­dade e com a apli­cação do pro­grama de agressão con­cer­tado entre a troika es­tran­geira do FMI e da União Eu­ro­peia e os par­tidos da sub­missão na­ci­onal – o PS, PSD e CDS.

«Que vi­vemos tempos di­fí­ceis todos nós o sa­bemos, mas não sai­remos deles com as pro­postas, so­lu­ções e me­didas da­queles que até hoje não têm feito outra coisa do que deitar mais achas na fo­gueira da grave crise eco­nó­mica e so­cial que o País en­frenta. Uma crise onde avulta uma pro­funda re­cessão eco­nó­mica e uma dra­má­tica si­tu­ação so­cial que não pode ser dis­so­ciada de dé­cadas de po­lí­tica de di­reita, do pro­cesso de in­te­gração ca­pi­ta­lista na União Eu­ro­peia e da na­tu­reza do ca­pi­ta­lismo e da sua crise.

«A per­tur­bante re­a­li­dade do País está bem re­tra­tada nos úl­timos dados di­vul­gados pelo INE sobre a eco­nomia por­tu­guesa e são bem re­ve­la­dores do ca­minho do de­sastre e de re­gressão so­cial a que estão a con­duzir as me­didas de se­vera aus­te­ri­dade dos PEC ini­ci­ados com o go­verno do PS e di­la­tados com o pro­grama de agressão do FMI e as­so­ci­ados. Eles evi­den­ciam já no pri­meiro se­mestre deste ano que­bras his­tó­ricas no con­sumo pú­blico, no con­sumo pri­vado e no in­ves­ti­mento. É uma evo­lução que ameaça ul­tra­passar todas as pro­jec­ções, pre­o­cu­pan­te­mente ne­ga­tivas, sobre a evo­lução do Pro­duto no País, no­me­a­da­mente as pre­vi­sões de quebra 2,2 % do PIB deste ano e as de menos 1,8% do pró­ximo.

«Desde o início do ano já lá vão 3000 em­presas en­cer­radas. Os nossos ní­veis de in­ves­ti­mento e pro­dução in­dus­trial re­cu­aram para ní­veis de há quinze anos e nos ou­tros sec­tores a pro­dução, como é caso da agri­cul­tura e da cons­trução civil, também já são in­fe­ri­ores a 1995. É um recuo enorme que mostra o plano in­cli­nado e de ace­le­rada des­truição do apa­relho pro­du­tivo na­ci­onal. Si­tu­ação que as­sume uma cada vez maior gra­vi­dade em re­sul­tado da quebra do poder compra dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções com as me­didas to­madas pelo ac­tual Go­verno, do su­foco de mi­lhares de pe­quenas e mé­dias em­presas que estão sem acesso ao cré­dito, mas também pelo blo­que­a­mento dos fundos co­mu­ni­tá­rios, do au­mento cons­tante e ele­vado dos fac­tores de pro­dução e pela quebra no in­ves­ti­mento pú­blico. Desse in­ves­ti­mento que o País pre­cisa para di­na­mizar a sua eco­nomia e criar em­prego e que o ac­tual Go­verno de forma cega tem de­ci­dido sus­pender.

«É o que está a acon­tecer aqui neste dis­trito e de forma sis­te­má­tica com os pro­jectos con­si­de­rados fun­da­men­tais para o de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico e so­cial desta re­gião, mas também do País. Foi assim com esse im­por­tan­tís­simo pro­jecto do Arco Ri­bei­rinho Sul, mas também com a Ter­ceira Tra­vessia do Tejo, a Cir­cular In­terna da Pe­nín­sula de Se­túbal, o Hos­pital do Seixal, o novo ae­ro­porto, a li­gação em alta ve­lo­ci­dade a Ma­drid, entre ou­tros. É a pa­ra­lisia total e de forma in­con­si­de­rada!

 

Go­vernar para os po­de­rosos

 

«Três meses de Go­verno de Passos e Portas são, de facto, tempo bas­tante para mos­trar a ver­da­deira na­tu­reza de classe de uma go­ver­nação ori­en­tada e di­ri­gida contra os tra­ba­lha­dores e o povo. Desde o seu pri­meiro dia que as­sis­timos à acção de um Go­verno apos­tado em levar para frente um vasto e brutal pro­grama de ex­torsão das classes e ca­madas po­pu­lares e an­ti­mo­no­po­listas e ao mesmo tempo na pre­pa­ração da ali­e­nação ao des­ba­rato do pa­tri­mónio e re­cursos do País a favor dos grandes grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros, na­ci­o­nais e es­tran­geiros. De­ci­didos a de­sem­pe­nhar o papel hu­mi­lhante de Go­verno às or­dens da in­ter­venção dos cen­tros do ca­pi­ta­lismo in­ter­na­ci­onal e eu­ropeu e con­tando com a sub­ser­vi­ente cum­pli­ci­dade do PS, pri­meiro subs­critor do ile­gí­timo Pacto de agressão es­tran­geira, Passos e Portas não olham a meios para con­cre­tizar um pro­grama com me­didas de uma vi­o­lência inau­dita e que sabem que será a ruína do País e dos por­tu­gueses (...)

«Rou­baram já parte do 13.º mês aos tra­ba­lha­dores e re­for­mados; todos os dias estão a de­cidir des­pe­di­mentos e re­du­ções de em­prego; au­men­taram os im­postos a quem tra­balha e sobre os pro­dutos de con­sumo po­pular; deram um golpe pro­fundo nas con­di­ções de vida das pes­soas com os au­mentos des­me­su­rados dos ser­viços de energia, dos trans­portes e de ou­tras ser­viços es­sen­ciais às po­pu­la­ções. Só nos trans­portes o úl­timo au­mento dos preços foi de 15%, em média, e os custos da energia eléc­trica desde o início do ano com o au­mento ha­bi­tual e a al­te­ração de há dias do IVA são mais de 20%. Ainda em re­lação à elec­tri­ci­dade, ontem as­sis­timos já à pre­pa­ração de um novo au­mento para o prin­cípio do ano que vem. (…)

«Esta se­mana todos os dias se anun­ci­aram ou novas me­didas ou a in­tenção de as tomar a curto prazo, para lá das já pre­vistas no Pacto da sub­missão, mas a pre­texto do seu cum­pri­mento. Esta se­mana foi a troika es­tran­geira, que já pres­cinde do Go­verno para o efeito, a vir dizer que quer novas me­didas de cortes adi­ci­o­nais na des­pesa, no valor de mil mi­lhões de euros para 2012.

«E quando falam de corte na des­pesa, não é em gor­dura, como gostam de dizer, que estão a pensar. (…) «Estão a pensar, como sempre fi­zeram, em me­didas de ataque aos sa­lá­rios, às pen­sões, aos di­reitos so­ciais e la­bo­rais, aos ser­viços pú­blicos que servem e prestam ser­viços às po­pu­la­ções. Estão a pensar cortar e cortar fundo nas con­di­ções de vida do povo! Isso está muito claro também na es­tra­tégia or­ça­mental 2011-2015 apre­sen­tada no início deste mês de Se­tembro pelo Go­verno. Aí se pro­jecta já, acima do brutal es­forço que o pro­grama de agressão impõe, mais 6 mil mi­lhões de euros de es­forço adi­ci­onal, seja pelo lado da des­pesa, seja pelo lado da re­ceita. São as me­didas de aus­te­ri­dade sem fim à vista! É por isso que nós di­zemos e muito jus­ta­mente que é pre­ciso travar o passo, quanto antes, a este pro­grama de agressão!

«Nesse mesmo dia em que a troika apre­sentou essa exi­gência de novos cortes para 2012, veio in­sistir nessa pe­ri­gosa exi­gência de re­dução da Taxa So­cial Única, em cerca de 8% e de uma só vez, sub­traindo à Se­gu­rança So­cial re­ceitas fun­da­men­tais e pondo em risco todo o sis­tema de pro­tecção, in­cluindo as re­formas e pen­sões dos por­tu­gueses. Trata-se de um ataque, em forma, à Se­gu­rança So­cial pú­blica que verá ainda mais agra­vada a sua si­tu­ação se este Go­verno con­se­guir con­cre­tizar a sua pro­posta de “pla­fo­na­mento” das con­tri­bui­ções – a pri­va­ti­zação das suas com­po­nentes mais ren­tá­veis. Pro­postas para sa­tis­fazer as ve­lhas rei­vin­di­ca­ções do grande pa­tro­nato, de au­mento dos seus lu­cros pela via da sua des­res­pon­sa­bi­li­zação com o fi­nan­ci­a­mento da Se­gu­rança So­cial. (...)

 

Não há di­nheiro?

 

«Dizem e não se cansam de afirmar que o cum­pri­mento desse Pacto rui­noso, fir­mado entre a troika e os par­tidos da po­lí­tica de di­reita, é a única saída da ac­tual si­tu­ação a que nos con­du­ziram anos e anos de po­lí­tica ao ser­viço do grandes grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros, no­me­a­da­mente a po­lí­tica de des­truição dos sec­tores pro­du­tivos na­ci­o­nais e a fi­nan­cei­ri­zação da eco­nomia na­ci­onal, que co­lo­caram o País na rota de cres­cente de­pen­dência e do en­di­vi­da­mento. Porque é bom que se diga e al­guns fazem-se es­que­cidos, a grande dí­vida não é pú­blica mas pri­vada e é, par­ti­cu­lar­mente, dos bancos. Desses bancos que não têm di­nheiro para apoiar o de­sen­vol­vi­mento do País e res­ponder às ne­ces­si­dades de fi­nan­ci­a­mento das pe­quenas e mé­dias em­presas, mas que têm sempre re­cursos dis­po­ní­veis para pro­mover os ne­gó­cios da es­pe­cu­lação fi­nan­ceira. Até o banco pú­blico que devia estar ori­en­tado para esse fim, não fugiu ao des­ba­ratar dos seus re­cursos para apoiar a es­pe­cu­lação e os jogos de poder no seio do sis­tema fi­nan­ceiro.

«Esta quinta-feira veio a lume o bu­raco na CGD de 300 mi­lhões de euros por cré­ditos con­ce­didos a Joe Be­rardo e às suas em­presas, dizem agora sem ga­ran­tias reais. Esta não é uma si­tu­ação única, nem na Caixa, nem em ou­tros bancos. Di­nheiro não há, mas apa­rece sempre quando se trata de dar res­posta às ne­ces­si­dades dos grandes ban­queiros, seja através do em­prés­timo dos 78 mil mi­lhões de euros da troika, dito de res­gate do País, mas de facto a pe­dido dos ban­queiros e em grande me­dida des­vi­ados para ali­mentar os seus ne­gó­cios e os seus in­te­resses. Seja pelo apoio di­recto e in­di­recto dos di­nheiros dos re­cursos fi­nan­ceiros do pró­prio País e cujo exemplo mais re­cente é esse grande ne­gócio do BPN e a sua en­trega ao BIC. Mi­lhões e mi­lhões que o povo paga e que vão di­rei­ti­nhos para o bolso dos seus ac­ci­o­nistas.

«Não há di­nheiro, dizem, mas para onde foram os mi­lhões da banca e dos grandes grupos fi­nan­ceiros dos anos de ouro de lu­cros da úl­tima dé­cada e para onde vão os lu­cros de hoje, ob­tidos à custa de uma de­sen­freada ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores, dos con­su­mi­dores, das fa­mí­lias e das pe­quenas e mé­dias em­presas? Nós di­zemos: para os off-shores, para esses pa­raísos fis­cais (nove mi­lhões por dia nos pri­meiros cinco meses deste ano), para a acu­mu­lação fora e dentro de portas, para os ne­gó­cios de rá­pido e ga­ran­tido re­torno, como é o caso das em­presas do PSI 20 por­tu­guês cons­ti­tuído pelos prin­ci­pais grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros, e que para não pa­garem im­postos põem lá fora as sedes das suas em­presas ges­toras de par­ti­ci­pa­ções so­ciais. (...)

«É pe­rante esta re­a­li­dade que não ab­di­camos de apre­sentar e lutar por mais jus­tiça fiscal como o es­tamos a fazer com as pro­postas que apre­sen­támos na As­sem­bleia da Re­pú­blica para tri­butar os bens e o pa­tri­mónio de luxo, os di­vi­dendos, as mais-va­lias mo­bi­liá­rias de SGPS ou de Fundos de In­ves­ti­mento e ou­tros ren­di­mentos de ca­pital. Existe di­nheiro, o que é pre­ciso é ir buscá-lo aonde o há! Re­petem e re­petem que não há di­nheiro, mas bas­taria olhar com atenção para nossa re­a­li­dade re­gi­onal, para vermos que o di­nheiro apenas falta nos bolsos de quem tra­balha. É ver os lu­cros da Lis­nave – 12 mi­lhões de euros em 2010; do Grupo SE­MAPA, a que per­tence a Secil, que teve 174 mi­lhões de euros; ou da Por­tucel, para falar de três em­presas bem co­nhe­cidas de Se­túbal, esta com 210 mi­lhões de euros de lucro nesse mesmo ano. Bons re­sul­tados sem dú­vida, mas para quem? Apenas para os seus ac­ci­o­nistas. Mi­lhões de euros de lucro cons­truídos sobre a ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores, com in­tensos ritmos de tra­balho, re­curso às mais di­versas formas de pre­ca­ri­e­dade, re­cu­sando au­mentos sa­la­riais.

«É pre­ciso re­jeitar este ca­minho de ex­plo­ração, de baixos sa­lá­rios, de pre­ca­ri­e­dade e de in­jus­tiças que o Pacto de agressão e sub­missão acen­tuará ainda mais com as me­didas de ataque em todas as frentes aos ren­di­mentos e di­reitos dos tra­ba­lha­dores! Dizem que não há di­nheiro, mas po­demos pagar juros exor­bi­tantes ao FMI e à União Eu­ro­peia de um em­prés­timo que não é di­ri­gido ao de­sen­vol­vi­mento do País, nem li­berta meios para criar o em­prego de que pre­ci­samos como de pão para a boca. E é por esse facto que é bem justa e ac­tual a nossa pro­posta de re­ne­go­ci­ação da dí­vida em al­ter­na­tiva a um pro­grama que se diz de ajuda, mas que é na re­a­li­dade um roubo vi­sando os nossos re­cursos e de afun­da­mento do País e de em­po­bre­ci­mento geral dos por­tu­gueses.

 

A ca­minho da Grécia

 

«O exemplo grego e as enormes di­fi­cul­dades que en­frenta aquele povo mos­tram que o ca­minho que es­tamos a se­guir não é o da so­lução dos pro­blemas, mas sim o do seu agra­va­mento. Es­tamos a fazer tudo da mesma forma, passo a passo, para chegar à dra­má­tica si­tu­ação da Grécia de hoje. Pa­cote de aus­te­ri­dade atrás de pa­cote de aus­te­ri­dade que apro­funda a crise so­cial e que acres­centa re­cessão à re­cessão exis­tente.

«É o ca­mi­nhar para o abismo o que es­tamos a per­correr, já que sem criar ri­queza e em­prego o País fi­cará preso na ar­ma­dilha da dí­vida e con­ti­nuará à mercê da es­pe­cu­lação e da chan­tagem, hoje com o ar­gu­mento dé­fice, amanhã com o ar­gu­mento da re­cessão ou do fraco cres­ci­mento. Os que su­jei­taram o País a este Pacto de sub­missão tudo fazem para mos­trar a re­a­li­dade grega de pernas para o ar.

«A Grécia ca­minha para uma crise ainda mais do­lo­rosa e não vê qual­quer in­versão dessa marcha, porque a sua eco­nomia não cresce, não cria em­prego, nem ri­queza, es­ma­gada que está pelas po­lí­ticas de aus­te­ri­dade. Os pro­gramas de aus­te­ri­dade se­vera e de venda do seu pa­tri­mónio ao des­ba­rato não sal­varam a Grécia, em­pur­raram-na ainda mais para o fundo, apro­fundam ainda mais a si­tu­ação caó­tica e de­pres­siva em que se en­contra. Ao con­trário do que dizem, a sal­vação não está no cum­pri­mento dos pro­gramas di­tados pelos in­te­resses fi­nan­ceiros, mas na sua re­cusa.

«É por isso que di­zemos: o su­cesso do pre­sente pro­grama da troika es­tran­geira, que é também o pro­grama de Go­verno, será a tra­gédia do País. O País pre­cisa de in­vestir para crescer e criar em­prego e não de me­didas que afundem ainda mais a eco­nomia e des­truam mais em­prego. E isso só é pos­sível com uma rup­tura com o ac­tual rumo da vida na­ci­onal e a con­cre­ti­zação de uma po­lí­tica al­ter­na­tiva, pa­trió­tica e de es­querda capaz de res­ponder aos pro­blemas mais ime­di­atos e de sus­tentar um outro rumo de de­sen­vol­vi­mento. (...)

 

Con­vergir para 1 de Ou­tubro

 

«Pe­rante a mais gi­gan­tesca ofen­siva de que há me­mória contra os di­reitos dos tra­ba­lha­dores e do povo por­tu­guês; pe­rante a po­lí­tica de de­sastre na­ci­onal que está em curso, que ameaça con­quistas e avanços ci­vi­li­za­ci­o­nais e que com­pro­mete a in­de­pen­dência e a so­be­rania na­ci­onal; pe­rante a ar­ro­gância do poder po­lí­tico e a ga­nância dos grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros que querem ar­rasar com a vida de todo um povo para ga­rantir mais ex­plo­ração, mais lu­cros e pri­vi­lé­gios ao seu ser­viço; pe­rante as vozes dos que, lá de fora, julgam que já são donos do País e que podem pôr e dispor do nosso fu­turo co­lec­tivo, a res­posta ne­ces­sária, a res­posta com­ba­tiva, a res­posta pa­trió­tica é a do re­forço e in­ten­si­fi­cação da luta pela re­jeição do pro­grama de agressão.

«Aos que gos­ta­riam que se ins­ta­lasse na so­ci­e­dade por­tu­guesa o con­for­mismo e a re­sig­nação; aos que todos os dias re­petem que o povo por­tu­guês de­veria comer e calar, que apre­goam que não há saída, que não há so­lução, que não há al­ter­na­tiva; aos que se sentem eter­na­mente pro­te­gidos por uma po­lí­tica e por um sis­tema que mol­daram e cons­truíram ao seu ser­viço, daqui lhes di­zemos: que antes deles, ou­tros fi­zeram planos para se per­pe­tu­arem no poder; que antes deles, ou­tros se con­ven­ceram que a sua marcha era triunfal; que antes deles ou­tros cla­maram sempre vi­tória até ao dia em que, pela força e pela luta dos tra­ba­lha­dores e do povo, foram der­ro­tados.

«Não há força maior do que a força de um povo. Pe­rante tanta ine­vi­ta­bi­li­dade que querem por aí impor, a única e grande cer­teza que temos é que a luta pela der­rota deste pro­grama de agressão e do Go­verno que o su­porta, não só não vai parar como se in­ten­si­fi­cará nos pró­ximos meses. Daqui lhes di­zemos que, contra o tu­multo e a des­truição so­cial que estão a impor, a res­posta será mais forte, mais de­ter­mi­nada, mais com­ba­tiva.

«O PCP, hon­rando o seu com­pro­misso de sempre com o nosso povo e a nossa pá­tria, as­sume e as­su­mirá ple­na­mente as suas res­pon­sa­bi­li­dades. E será com a força imensa que brotou da nossa Festa do Avante! que con­ti­nu­a­remos os com­bates ne­ces­sá­rios pela con­quista de um fu­turo me­lhor para o nosso povo e o nosso País. Es­tamos e es­ta­remos lá, onde o nosso povo sofre e se sente atin­gido na sua dig­ni­dade e nos seus di­reitos. Mais do que o apelo que con­ti­nu­a­remos a fazer para a má­xima par­ti­ci­pação na pró­xima jor­nada de luta que terá lugar no pró­ximo dia 1 de Ou­tubro, pro­mo­vida pela CGTP-IN, o PCP as­su­mirá um efec­tivo em­pe­nha­mento no con­tacto e no con­ven­ci­mento de mi­lhares e mi­lhares de por­tu­gueses para que, no dia 1 de Ou­tubro, façam ouvir bem alto a sua voz e o seu pro­testo.

«E se é muito im­por­tante par­ti­cipar com con­vicção e en­tu­si­asmo neste mag­ní­fico co­mício, mais im­por­tante será ainda que cada um dos que aqui está se sinta não só mo­bi­li­zado para a luta, mas so­bre­tudo res­pon­sa­bi­li­zado por con­tactar, es­cla­recer e con­vencer fa­mi­li­ares, amigos, vi­zi­nhos, com­pa­nheiros de tra­balho, ho­mens, mu­lheres, de­mo­cratas e pa­tri­otas, para que con­nosco con­virjam no mo­vi­mento po­pular que está em marcha pela re­jeição do pro­grama de agressão e para que con­nosco se ma­ni­festem em Lisboa ou no Porto no pró­ximo dia 1 de Ou­tubro, para que con­nosco dêem força à exi­gência de uma rup­tura com a po­lí­tica de di­reita, para que con­nosco se em­pe­nhem na cons­trução de um Por­tugal com fu­turo.»

Sub­tí­tulos da res­pon­sa­bi­li­dade da re­dacção


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Jerónimo de Sousa visitou, no dia 16, o arquipélago da Madeira onde contactou com militantes do Partido e independentes que apoiam a lista da CDU para as eleições regionais do próximo dia 9. Numa primeira iniciativa, com cerca de 60 pessoas, foi apresentada a...

Defender o SNS

Jerónimo de Sousa visitou anteontem o Hospital Curry Cabral, em Lisboa, onde reafirmou o empenhamento do PCP em defesa do Serviço Nacional de Saúde, das condições de trabalho dos que nele desenvolvem a sua actividade profissional e dos direitos constitucionais dos utentes. Em...

Solidariedade com quem luta

So­li­da­ri­zando-se com as lutas dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções, o PCP é a sua voz po­lí­tica, trans­por­tando as suas rei­vin­di­ca­ções para os ór­gãos de so­be­rania e exi­gindo so­lu­ções.

Poder local democrático em risco

A célula dos trabalhadores comunistas na Câmara Municipal de Setúbal está contra a intenção do Governo de reduzir o número de trabalhadores e de cargos dirigentes nas autarquias. Considera a célula que tal intenção «constitui mais um duro ataque...

Não calam o PCP

Há muito que o presidente da Câmara Municipal de Esposende e o PCP estão em conflito devido ao exercício, por parte deste último, do legítimo e constitucional direito à propaganda política. A contenda teve o seu último capítulo no início de...

Fusão prejudicial

Os comunistas das freguesias de São Simão e São Lourenço de Azeitão, em Setúbal, estão contra a fusão das duas freguesias, que tem sido reclamada em abaixo-assinados de proveniência pouco transparente. As duas comissões de freguesia do PCP salientam...

Uma política integrada de transportes

A Comissão Concelhia de Beja do PCP promoveu, segunda-feira, uma sessão pública com o tema transportes públicos ao serviço da região e das populações. Trata-se de um tema particularmente caro para as populações daquele distrito, num momento em que...