Defender o serviço público
Manter e desenvolver o sector público dos transportes e comunicações é fundamental para a qualidade de vida das populações, para garantir o seu direito à mobilidade, defender os sectores produtivos e a produção nacional.
Esta foi uma ideia central que percorreu a audição recentemente realizada por iniciativa do Grupo Parlamentar do PCP onde estiveram presentes as mais variadas organizações, desde estruturas do movimento sindical e de comissões de trabalhadores, a utentes de serviços públicos e associações de consumidores, passando por representantes do poder local democrático.
Participação muito diversificada que permitiu obter um retrato rigoroso e fundamentado sobre a situação actual, nomeadamente quanto às ameaças que hoje, com a cumplicidade do Presidente Cavaco Silva, pairam sobre os trabalhadores, as populações, o próprio desenvolvimento nacional, como afirmou ao Avante! o deputado comunista Bruno Dias num balanço a esta iniciativa do PCP.
A lume vieram, por exemplo, as preocupações que existem quanto à decisão arbitrária do Governo, sem qualquer fundamento ou critério, de impor cortes de 15 por cento nas empresas. Falou-se sobretudo das consequências que daí advirão, nomeadamente em termos do encerramento de serviços às populações, da redução de ligações de transporte e diversos outros serviços, como é o caso do Serviço Postal.
A este propósito, Bruno Dias observou que a liberalização dos Correios e os cortes nos CTT «abrem ao privado aquilo que é rentável, destruindo o serviço público, como o Governo já faz também nos transportes e na ferrovia».
Mas é também, advertiu, uma linha de ataque com repercussões no plano dos despedimentos, do ataque aos direitos dos trabalhadores e no desmantelamento de sectores produtivos numa área estratégica para o desenvolvimento económico, para a coesão económica e para a própria soberania nacional.
«Quando se fala em combater a crise, a própria dependência externa do País e da nossa economia, a sua fragilidade e os muitos défices, não se pode olhar para isto e esquecer a defesa do aparelho produtivo», sublinhou o deputado do PCP.
E por isso entende Bruno Dias que, por exemplo, as oficinas de manutenção ferroviária (EMEF) ou as oficinas de manutenção do transporte aéreo são «áreas fundamentais que têm de ser defendidas», na certeza de que é por aí que passa o caminho alternativo capaz de promover o «desenvolvimento para combater a crise, a estagnação e o desemprego».