O resultado de anos de uma desastrosa política agrícola

Défices sobre défices

O deputado comunista Agostinho Lopes afirmou «não ser aceitável» que o Governo e a bancada parlamentar que o apoia tenham um discurso de desresponsabilização pelo que considerou a «grave situação da agricultura nacional», designadamente «o grande problema da nossa dependência agro-alimentar nacional».

Reagindo na passada semana a uma intervenção do deputado do PS Miguel Freitas, que elogiara a política agrícola do Governo, o parlamentar do PCP não escondeu a sua incredulidade perante tamanha operação de branqueamento, quando é sabido que o PS está à frente do Ministério da Agricultura desde 1995, com excepção do breve período de 2002 a 2005.

Criticadas foram ainda as declarações do titular da pasta da Agricultura que, aludindo à circunstância de este ter sido um período marcado por uma década de agravamento da dependência alimentar, atribuiu esse facto, imagine-se, aos «maus hábitos alimentares dos portugueses».

E acusou o deputado do PS de se aproximar desta ideia quando disse que os portugueses passaram a «consumir carne, frutos tropicais e fruta fora de época».

Ora não é nada disso, afirmou Agostinho Lopes, que invocou o facto de nesta década a balança de hortofrutícolas não ter registado «qualquer evolução», não obstante as «condições excepcionais» de que País dispõe para estas culturas.

Mais, acrescentou, as hortícolas tiveram um défice médio de 84 milhões de euros, défice que não se deve à importação de qualquer «produto extraordinário» mas sim à importação de batatas, cebolas e tomates, «tudo produtos que poderiam ser produzidos no nosso País».

Quanto ao défice frutícola, adiantou, situou-se em termos médios na mesma década nos 260 milhões de euros anuais, devido à importação de maças e laranjas – e não frutos tropicais –, ou seja também neste plano estamos a falar de produtos que o País tem todas as condições para produzir.

«Não atiremos para os consumos alimentares aquilo que é da responsabilidade das políticas agrícolas de direita ao longo de sucessivos anos», concluiu por isso o deputado do PCP.

A questão do leite, nomeadamente a situação dos preços à produção – «temos os mais baixos da União Europeia», acusou –, foi também suscitada por Agostinho Lopes, que perguntou como é possível que o País possa estar a assistir à importação de camiões de leite, agravando substancialmente a situação da nossa produção.

Respondendo de forma evasiva à questão do leite, o deputado do PS limitou-se a dizer que o problema «não se resolve com medidas administrativas mas com uma política de regulação de mercado».



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