Privatizações prosseguem

Abocanhar riqueza pública

Com a agudização da chamada crise internacional, perante o terramoto que abalou o sistema financeiro, não tardaram a ser enaltecidas pelo Governo PS as virtudes da regulação e do papel do Estado na economia. A retórica mantém-se mas o conteúdo concreto das medidas vai em sentido inverso. Revela-o bem o facto de o Governo, depois de andar a salvar banqueiros e accionistas, ter no horizonte o prosseguimento da política de privatizações de empresas e sectores estratégicos.
O deputado Honório Novo questionou o Governo sobre a matéria, indagando, nomeadamente, qual é afinal o «programa de privatizações» que consta do que classificou de «agenda escondida» do Executivo chefiado por Sócrates. Quis saber, em particular, se a TAP e a ANA vão ou não ser privatizadas.
Pois ficou-se a saber que o ministro das Finanças, que afirmou não ter «preconceitos ideológicos quanto às privatizações», considera mesmo que esse é um cenário desejável, uma vez que, precisou, «o Estado deve privatizar sempre que a entrada de privados nas empresas traga valor acrescentado em termos de desenvolvimento do negócio e da sua estratégia e do reforço da sua estrutura de capitais».
Garantida está, pois, a manutenção da «via verde» para os grandes negócios abocanharem a riqueza que é de todos.


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