Marx e o Manifesto em Portugal

Um longo e exaltante caminho

Muito antes da fundação do PCP e da sua transformação num grande partido nacional, já os nomes de Marx e Engels e o Manifesto do Partido Comunista eram referência teórica e de acção do proletariado português.
Só mais de 20 anos depois da publicação do Manifesto do Partido Comunista é que o pensamento marxista penetrou em Portugal. Estava-se no rescaldo da Comuna de Paris e a secção portuguesa da Associação Internacional de Trabalhadores acabava de ser criada.
Em 1873, inicia-se o processo de criação do Partido Socialista Português (que culminaria dois anos depois), cumprindo-se assim as orientações emanadas do Congresso de Haia da Internacional, que determinara a criação de partidos operários nacionais. O PSP foi, inclusivamente, um dos primeiros a ser criado.
Os próprios Marx e Engels acompanhavam com atenção o desenvolvimento do movimento operário em Portugal. Existem registos da correspondência trocada com dirigentes da secção portuguesa da Internacional, informações de Engels ao Conselho Geral, onde assumia a ligação com Portugal e Espanha, e ainda o significativo gesto que constituiu a oferta, pelo próprio Marx, de O Capital à Associação dos Trabalhadores da Região Portuguesa.
Mas foi O Pensamento Social o grande divulgador do marxismo em Portugal no século XIX. O Manifesto, por exemplo, foi publicado em fascículos nesse jornal, órgão dos partidários da Internacional em Portugal. Mais tarde, outros jornais operários também o publicariam.
A dissolução da Internacional, em 1876, teve consequências negativas no desenvolvimento do movimento operário. O marxismo perderia terreno para o reformismo e o anarquismo.
É com a Revolução de Outubro e a fundação do PCP, em 1921, que Marx e o Manifesto são amplamente difundidos entre a classe operária, assim como as obras de Lénine. Em 1925, o PCP edita partes do Manifesto. E em O Proletário de Novembro de 1930, anuncia-se uma nova edição.
Em 1960 e 1967, são feitas edições clandestinas, com tiragens na ordem dos 3 mil exemplares.
Em 1975, já em liberdade, o PCP volta a editar o Manifesto do Partido Comunista. A tiragem é de 50 mil exemplares. Em 1997, surge uma outra edição, com 2 mil exemplares.


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