A discriminação subsiste

Trinta anos depois do 25 de Abril, a desigualdade de oportunidades e tratamento mantém-se em múltiplas situações, disse Graciete Cruz, da Comissão Executiva da CGTP-IN, no debate «Direitos das Mulheres em Portugal: Situação e Perspectivas», realizado no domingo e moderado por Júlio Vintém, do Comité Central.
Graciete Cruz denunciou o facto de a maternidade ser usada como «arma de arremesso» contra os direitos das mulheres e alertou para o aparecimento de novas realidades, como a desregulamentação dos horários de trabalho, que criam ainda maiores dificuldades à compatibilização da vida profissional com a vida familiar.
Regina Marques, da direcção do MDM, falou da importância de trazer mais mulheres à luta em defesa dos seus direitos e pela igualdade homem/mulher. Esse tem sido, aliás, o papel do MDM, criado em 1968, aberto não apenas às mulheres trabalhadoras mas também às reformadas, às donas de casa, às jovens, que procura organizar. Para Regina Marques, há que combater com firmeza a ideia de que, estando já hoje em todo o lado, as mulheres não precisam de reivindicar mais nada.
Silvestrina Monteiro, do Comité Central, chamou a atenção para um problema «surdo-mudo»: a violência doméstica, que «não fala, não dá sinais, a não ser que tenha marcas», pelas quais as estatísticas se regulam. Lembrando que em 2004, cinco mulheres morreram por mês vítimas de violência doméstica, atribui o fenómeno à degradação das condições de vida, ao desemprego, aos cortes nos apoios sociais, enfim, «ao desvio da valorização do ser humano, dos direitos e da qualidade de vida», trazidos com o 25 de Abril.
Fernanda Mateus, da Comissão Política do PCP, considerou também que as mulheres, estando embora em quase todas as esferas da sociedade, não participam em igualdade, sendo a tendência para escamotear o facto de essa desigualdade ser resultado das políticas de direita, que têm agravado profundamente a situação conquistada pelas mulheres depois do 25 de Abril. O PS e o PSD e os seus governos falam muito em igualdade e em direitos das mulheres, disse, mas limitam o papel do Estado a uma mera sensibilização da sociedade ou à elaboração de estudos, em vez de um papel activo para inverter a situação.


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