«Santa aliança» contra Chávez
Tanto os EUA como a Igreja Católica venezuelana estão preocupados com a «revolução bolivariana» e alertam para os «riscos» da amizade com Cuba.
«O plano falhou, mas as forças contra-evolucionárias não desistiram»
O encontro dos presidentes Hugo Chavez e Fidel Castro, a 22 de Dezembro na ilha de La Orchilla, a norte de Caracas, para discutir assuntos «de interesse comum», nomeadamente programas de assistência cubana à Venezuela, nos domínios da saúde e da educação, em troca de petróleo, perturbou não apenas os EUA como a hierarquia da Igreja Católica venezuelana.
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Adam Erelei, afirmou no início da semana que as relações entre Havana e Caracas são uma ameaça para a democracia na região. Dando como adquirido que Hugo Chavez e Fidel Castro não têm mais nada que fazer a não ser encorajar o anti-americanismo, Erelei declarou que os EUA estão conscientes e «preocupados com qualquer acção que entrave o processo democrático no continente sul-americano».
Na Venezuela, o sinal de alarme foi dado pela Igreja Católica, que no mesmo dia iniciou em Caracas a 81ª Assembleia da sua Conferência Episcopal, advertindo os cidadãos para os «riscos» da «revolução pacífica bolivariana», ante os quais considera que «não pode ficar calada».
A abrir os trabalhos, que se prolongam até 11 de Janeiro, o presidente do conclave, monsenhor Baltazar Porras, leu um comunicado onde, segundo a Lusa, se afirma que «os próximos meses são cruciais para superar a senda da exclusão e da politiqueira», contra um «projecto globalizador e totalitarista».
Monsenhor Porras considera que «pretendem levar a sociedade venezuelana para um processo de mudanças sócio-económicas, jurídico-políticas, culturais e até religiosas,
autodenominadas revolucionárias, de risco e subversivo de todas as estruturas
existentes», previamente «definido com alguns adjectivos de retórica nacionalista,
anacronicamente excluidores». Para a Igreja, este alegado processo «leva perigosamente
a uma polarização, alheia ao que deve ser uma democracia integral, aberta ao pluralismo de opções e ao respeito pelas diferenças e a dissidência».
«Nesta difícil conjuntura, a Igreja toda não deve nem pode ficar calada, paralisada
por uma prudência demasiado humana ou amedrontada por ataques e calúnias», disse
o prelado, sublinhando que a história ensina «que o autoritarismo acompanhado por uma pseudo-legalidade, demagógico e excluidor, é gerador de pobreza, fanatismo e violência».
À procura do ditador
Não reza a história que a hierarquia da Igreja Católica venezuelana se tenha preocupado no passado com as miseráveis condições de vida do povo nem com a corrupção governante no país até à eleição de Hugo Chávez ao poder. Também não consta que se tenha manifestado contra as manobras da oligarquia nacional e do governo de George W. Bush para derrubar o governo legítimo de Chávez.
Para refrescar algumas memórias, vale a pena lembrar o que escreveu há cerca de dois anos o jornalista alemão, Heinz Dieterich Steffan, sobre o plano montado pelos detractores de Chávez.
Nas palavras de Steffan, o plano «segue a lógica dos planos aplicados pelos Estados Unidos contra o governo da Unidade Popular de Salvador Allende no Chile (1970-73) e o governo sandinista da Nicarágua (1981-1990) e tem uma componente civil e outra militar. Em primeiro lugar, procura quebrar a economia e a base social do governo mediante uma campanha que pretende gerar na nação - particularmente nas classes médias - a convicção de que o governo é incapaz, corrupto, extremista e autoritário e que sua permanência no poder levará o país ao caos e a uma crise sem precedentes. Na componente militar, foi organizada uma fracção golpista».
O plano falhou, mas as forças contra-revolucionárias não desistiram e continuam, como afirmou há algum tempo Hugo Chávez, à procura de um «Pinochet» para pôr fim à «revolução bolivariana». Agora também com a benção da Igreja.
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Adam Erelei, afirmou no início da semana que as relações entre Havana e Caracas são uma ameaça para a democracia na região. Dando como adquirido que Hugo Chavez e Fidel Castro não têm mais nada que fazer a não ser encorajar o anti-americanismo, Erelei declarou que os EUA estão conscientes e «preocupados com qualquer acção que entrave o processo democrático no continente sul-americano».
Na Venezuela, o sinal de alarme foi dado pela Igreja Católica, que no mesmo dia iniciou em Caracas a 81ª Assembleia da sua Conferência Episcopal, advertindo os cidadãos para os «riscos» da «revolução pacífica bolivariana», ante os quais considera que «não pode ficar calada».
A abrir os trabalhos, que se prolongam até 11 de Janeiro, o presidente do conclave, monsenhor Baltazar Porras, leu um comunicado onde, segundo a Lusa, se afirma que «os próximos meses são cruciais para superar a senda da exclusão e da politiqueira», contra um «projecto globalizador e totalitarista».
Monsenhor Porras considera que «pretendem levar a sociedade venezuelana para um processo de mudanças sócio-económicas, jurídico-políticas, culturais e até religiosas,
autodenominadas revolucionárias, de risco e subversivo de todas as estruturas
existentes», previamente «definido com alguns adjectivos de retórica nacionalista,
anacronicamente excluidores». Para a Igreja, este alegado processo «leva perigosamente
a uma polarização, alheia ao que deve ser uma democracia integral, aberta ao pluralismo de opções e ao respeito pelas diferenças e a dissidência».
«Nesta difícil conjuntura, a Igreja toda não deve nem pode ficar calada, paralisada
por uma prudência demasiado humana ou amedrontada por ataques e calúnias», disse
o prelado, sublinhando que a história ensina «que o autoritarismo acompanhado por uma pseudo-legalidade, demagógico e excluidor, é gerador de pobreza, fanatismo e violência».
À procura do ditador
Não reza a história que a hierarquia da Igreja Católica venezuelana se tenha preocupado no passado com as miseráveis condições de vida do povo nem com a corrupção governante no país até à eleição de Hugo Chávez ao poder. Também não consta que se tenha manifestado contra as manobras da oligarquia nacional e do governo de George W. Bush para derrubar o governo legítimo de Chávez.
Para refrescar algumas memórias, vale a pena lembrar o que escreveu há cerca de dois anos o jornalista alemão, Heinz Dieterich Steffan, sobre o plano montado pelos detractores de Chávez.
Nas palavras de Steffan, o plano «segue a lógica dos planos aplicados pelos Estados Unidos contra o governo da Unidade Popular de Salvador Allende no Chile (1970-73) e o governo sandinista da Nicarágua (1981-1990) e tem uma componente civil e outra militar. Em primeiro lugar, procura quebrar a economia e a base social do governo mediante uma campanha que pretende gerar na nação - particularmente nas classes médias - a convicção de que o governo é incapaz, corrupto, extremista e autoritário e que sua permanência no poder levará o país ao caos e a uma crise sem precedentes. Na componente militar, foi organizada uma fracção golpista».
O plano falhou, mas as forças contra-revolucionárias não desistiram e continuam, como afirmou há algum tempo Hugo Chávez, à procura de um «Pinochet» para pôr fim à «revolução bolivariana». Agora também com a benção da Igreja.