Sem periferias
Na Atalaia – espécie de miniatura do País que queremos, com trabalho, lazer e alegria – as regiões mais esquecidas pelo outro Portugal (o tal que começa onde este acaba e que urge transformar pois este, a miniatura, só dura três dias) têm lugar de destaque, de igual para igual com todas as outras. Assim, Bragança – onde não é fácil chegar de carro e não tem sequer estação ferroviária, que foi encerrada pelo Governo de Cavaco Silva – e Vila Real não só não sofrem, no País da Atalaia, problemas de desertificação populacional como não tiveram mãos a medir para aviar todos quantos queriam provar a célebre posta mirandesa, o guisote de javali ou saborear um bom vinho. Para além da gastronomia, outras artes estiveram em destaque, como as fantásticas gaitas de foles transmontanas. As propostas do PCP para a região e a luta em defesa da Casa do Douro eram os temas das exposições.
Também em Viseu, e porque a afirmação cultural é uma forma de resistência, o barro preto ocupava lugar de destaque. A vitela, os rojões e o vinho foram também fortes motivos de atracção.
As regiões autónomas estiveram também representadas. E aqui foram tudo menos ultraperiféricas. Situados lado a lado, ao cimo da rampa da Medideira, em frente ao Algarve – estranha geografia, a do País da Atalaia! – os espaços da Madeira e dos Açores foram muito visitados. E não era para menos: bolo do caco, espetadas em pau de loureiro (afiado ali mesmo) e poncha, na Madeira, e sopas do Espírito Santo, morcela com ananás e polvo guisado, nos Açores, justificavam perfeitamente a escolha dos visitantes, que ficaram também a conhecer os problemas que se fazem sentir nestas regiões, lá longe, no meio do mar.
O melhor do mundo
são as crianças!
O melhor do mundo são as crianças! – este quase aforismo estava bem demonstrado no «Espaço Criança» da Festa, um recinto relvado, devidamente circunscrito e limitado, à sombra de árvores, apetrechado com quatro aparelhos de molas, um grande escorrega, um aparelho de obstáculos instalado numa plataforma de areia onde os mais pequenos trepavam, escorregavam ou revolviam a areia a seu bel prazer e ainda um painel para tirar fotografias (daqueles com diversos orifícios para se introduzir as cabeças, que ficam sobre diversos bonecos desenhados na prancha), para além de um toldo para sombra, um abrigo muito procurado pelos acompanhantes das crianças.
É claro que havia os devidos serviços de apoio: uma venda de gelados dentro do próprio recinto (que não tinha mãos a medir) e um outro quiosque que fornecia as guloseimas e petiscos geralmente mais requisitados pelas crianças, enquanto diversos jovens voluntários do Partido davam assistência, nomeadamente na concretização de «pinturas de guerra» ao gosto e à escolha dos jovens utentes, para além da dinamização de sucessivos e variados jogos de roda e de entretenimento infantil.
Uma coisa é certa: o «Espaço Criança», comodamente instalado junto a um dos lados do palco principal, foi sempre um espaço profusamente frequentado, requerido e utilizado, sendo um espelho flagrante não apenas da enorme quantidade de crianças que também se deslocaram à festa (levadas pelos familiares, é claro), mas, sobretudo, a evidência de que este espaço pensado para os mais pequenos era necessário, mesmo indispensável, e cumpriu devidamente as funções de entretenimento e guarida dos mais novos, não funcionando como mero depósito onde se amontoavam as crianças, mas como um espaço pedagogicamente bem pensado e melhor construído para permitir as evoluções, manobras e brincadeiras infinitas que fazem irreprimível parte da infância.
Deficientes activos
A representação dos Deficientes não deixava créditos por mãos alheias e apresentava um pavilhão onde a venda de produtos era o prato forte, nomeadamente de artesanato e de comes e bebes briosamente vendidos por diversos voluntários que, mais uma vez, garantiram o funcionamento do pavilhão.
Ao lado, uma breve exposição enunciava as iniciativas políticas tomadas na defesa dos interesses deste sector da população.
Dos emigrantes
aos imigrantes
Mais uma vez, na Festa estiveram devidamente representadas duas realidades que se impuseram no nosso país: as da emigração (essencialmente constituída por portugueses que vão para os estrangeiro trabalhar) e da imigração (sobretudo composta por estrangeiros que demandam o nosso país em busca de trabalho e melhores condições de vida).
Portanto, na festa havia dois pavilhões, cada qual dedicado a uma destas realidades.
No pavilhão da Emigração, uma exposição resumia as diversas frentes de luta dos comunistas neste sector: por um lado, exibiam-se documentos «Contra o encerramento dos consulados» e sobre «As comunidades portuguesas no século XXI» e, por outro, mostravam-se diversas fotografias ilustrando estas e outras lutas – nomeadamente manifestações em diversas cidades europeias – de emigrantes portugueses ora contra o referido encerramento das embaixadas, ora protestando contra a guerra contra o Iraque pelos EUA e a Gã-Bretanha.
Ao lado, serviam-se vários petiscos (onde se destacava a salsicha alemã e o champanhe francês bruto, este ao apelativo preço de 17,50 euros) e uma rifa de «sai sempre», bastante procurada.
Noutro local erguia-se o pavilhão dedicado à Imigração, ou seja, aos estrangeiros que demandam o nosso país em busca de trabalho. Nele impunha-se um grande cartaz com um excerto do poema de Ary dos Santos «Da Tradição Humana», enquanto na exposição propriamente dita avultava um cartaz com três pontos da Resolução Política do XVI Congresso do PCP sobre a Imigração: 1 – As realidades da Imigração; 2 – Lutemos contra as políticas de direita; 3 – O PCP luta pelos direitos dos imigrantes.
Quanto aos produtos que se ofereciam à degustação do visitante, tinham uma forte componente africana: a cachupa (prato principal), aperitivos como a paracuca (amendoim caramelizado), kitaba (bolinhos de amendoim) e pastéis de milho (com recheio de atum). Quanto às bebidas, imperava a kissângua (vinho de palma, muito fresco), sumo de manga, pontche caboverdiano e grogue (aguardente de cana-de-açúcar).
Também em Viseu, e porque a afirmação cultural é uma forma de resistência, o barro preto ocupava lugar de destaque. A vitela, os rojões e o vinho foram também fortes motivos de atracção.
As regiões autónomas estiveram também representadas. E aqui foram tudo menos ultraperiféricas. Situados lado a lado, ao cimo da rampa da Medideira, em frente ao Algarve – estranha geografia, a do País da Atalaia! – os espaços da Madeira e dos Açores foram muito visitados. E não era para menos: bolo do caco, espetadas em pau de loureiro (afiado ali mesmo) e poncha, na Madeira, e sopas do Espírito Santo, morcela com ananás e polvo guisado, nos Açores, justificavam perfeitamente a escolha dos visitantes, que ficaram também a conhecer os problemas que se fazem sentir nestas regiões, lá longe, no meio do mar.
O melhor do mundo
são as crianças!
O melhor do mundo são as crianças! – este quase aforismo estava bem demonstrado no «Espaço Criança» da Festa, um recinto relvado, devidamente circunscrito e limitado, à sombra de árvores, apetrechado com quatro aparelhos de molas, um grande escorrega, um aparelho de obstáculos instalado numa plataforma de areia onde os mais pequenos trepavam, escorregavam ou revolviam a areia a seu bel prazer e ainda um painel para tirar fotografias (daqueles com diversos orifícios para se introduzir as cabeças, que ficam sobre diversos bonecos desenhados na prancha), para além de um toldo para sombra, um abrigo muito procurado pelos acompanhantes das crianças.
É claro que havia os devidos serviços de apoio: uma venda de gelados dentro do próprio recinto (que não tinha mãos a medir) e um outro quiosque que fornecia as guloseimas e petiscos geralmente mais requisitados pelas crianças, enquanto diversos jovens voluntários do Partido davam assistência, nomeadamente na concretização de «pinturas de guerra» ao gosto e à escolha dos jovens utentes, para além da dinamização de sucessivos e variados jogos de roda e de entretenimento infantil.
Uma coisa é certa: o «Espaço Criança», comodamente instalado junto a um dos lados do palco principal, foi sempre um espaço profusamente frequentado, requerido e utilizado, sendo um espelho flagrante não apenas da enorme quantidade de crianças que também se deslocaram à festa (levadas pelos familiares, é claro), mas, sobretudo, a evidência de que este espaço pensado para os mais pequenos era necessário, mesmo indispensável, e cumpriu devidamente as funções de entretenimento e guarida dos mais novos, não funcionando como mero depósito onde se amontoavam as crianças, mas como um espaço pedagogicamente bem pensado e melhor construído para permitir as evoluções, manobras e brincadeiras infinitas que fazem irreprimível parte da infância.
Deficientes activos
A representação dos Deficientes não deixava créditos por mãos alheias e apresentava um pavilhão onde a venda de produtos era o prato forte, nomeadamente de artesanato e de comes e bebes briosamente vendidos por diversos voluntários que, mais uma vez, garantiram o funcionamento do pavilhão.
Ao lado, uma breve exposição enunciava as iniciativas políticas tomadas na defesa dos interesses deste sector da população.
Dos emigrantes
aos imigrantes
Mais uma vez, na Festa estiveram devidamente representadas duas realidades que se impuseram no nosso país: as da emigração (essencialmente constituída por portugueses que vão para os estrangeiro trabalhar) e da imigração (sobretudo composta por estrangeiros que demandam o nosso país em busca de trabalho e melhores condições de vida).
Portanto, na festa havia dois pavilhões, cada qual dedicado a uma destas realidades.
No pavilhão da Emigração, uma exposição resumia as diversas frentes de luta dos comunistas neste sector: por um lado, exibiam-se documentos «Contra o encerramento dos consulados» e sobre «As comunidades portuguesas no século XXI» e, por outro, mostravam-se diversas fotografias ilustrando estas e outras lutas – nomeadamente manifestações em diversas cidades europeias – de emigrantes portugueses ora contra o referido encerramento das embaixadas, ora protestando contra a guerra contra o Iraque pelos EUA e a Gã-Bretanha.
Ao lado, serviam-se vários petiscos (onde se destacava a salsicha alemã e o champanhe francês bruto, este ao apelativo preço de 17,50 euros) e uma rifa de «sai sempre», bastante procurada.
Noutro local erguia-se o pavilhão dedicado à Imigração, ou seja, aos estrangeiros que demandam o nosso país em busca de trabalho. Nele impunha-se um grande cartaz com um excerto do poema de Ary dos Santos «Da Tradição Humana», enquanto na exposição propriamente dita avultava um cartaz com três pontos da Resolução Política do XVI Congresso do PCP sobre a Imigração: 1 – As realidades da Imigração; 2 – Lutemos contra as políticas de direita; 3 – O PCP luta pelos direitos dos imigrantes.
Quanto aos produtos que se ofereciam à degustação do visitante, tinham uma forte componente africana: a cachupa (prato principal), aperitivos como a paracuca (amendoim caramelizado), kitaba (bolinhos de amendoim) e pastéis de milho (com recheio de atum). Quanto às bebidas, imperava a kissângua (vinho de palma, muito fresco), sumo de manga, pontche caboverdiano e grogue (aguardente de cana-de-açúcar).