«Um outro mundo é possível»
O mural gigante que inundava a avenida da Liberdade da Quinta da Atalaia deixava o repto, «Um outro mundo é possível com o socialismo».
Lá dentro, centenas de camaradas oriundos de dezenas de partidos comunistas, progressistas e de esquerda preenchiam o espaço da Cidade Internacional, trazendo à Festa a cultura, os sons e sabores de todo o mundo. Mas, sobretudo, irmanados pela mesma vontade de construir uma sociedade de homens verdadeiramente livres, trouxeram as suas experiências de luta, as quais, semelhantes à travada pelos comunistas portugueses, se traduzem na recusa do modelo de globalização capitalista.
Globalização capitalista e internacionalismo
Da tribuna do mundo cumpriu-se o grito de esperança, de confiança nos povos e no seu combate contra o jugo da exploração e, sob o título «Globalização capitalista. Processos, caminhos e protagonistas», reuniram-se, no domingo, duas dezenas de camaradas para discutir o contexto de uma ofensiva sem precedentes à escala mundial.
O debate, no qual participaram Florival Lança, da Comissão Executiva da CGTP-IN, João Vieira, dirigente da Confederação Nacional de Agricultura, José Carlos Silva, membro da Célula do PCP da AutoEuropa e Miguel Madeira, membro da Comissão Política da JCP e actual presidente da Federação Mundial da Juventude Democrática, foi moderado por Jorge Cordeiro, da Comissão Política do PCP, a quem coube ainda fazer a intervenção de abertura.
Procurando introduzir «vários ângulos de observação do fenómeno que fomentem o debate nas suas diversas dimensões», Jorge Cordeiro sublinhou que a globalização capitalista que se apresenta como facilitação da mobilidade planetária, como a circulação mais rápida e sem barreiras da informação, como «a interpenetração das culturas» é, na sua génese multifacetada, expressão máxima da dominação capitalista, cujos eixos políticos e económicos universalizam a exploração.
A par da complexificação da realidade e das nuances de que se reveste, na globalização identificam-se características essenciais que provam que tal processo não é «nem uma novidade histórica do sistema, nem constitui uma ruptura com alguns dos traços fundamentais anteriormente conhecidos», revelando até «algumas das suas contradições mais agudas, e consequências mais gravosas nas relações humanas, sociais e de produção», continuou.
O fundamental, concluiu Jorge Cordeiro, é que «o agravamento global da crise do capitalismo leva a uma maior agressividade e violência, a perigosas derivas contra liberdades e direitos duramente conquistados», pelo que «a resposta a esta fase actual do capitalismo na sua expressão globalizante e neoliberal é a questão que se põe hoje», quer no plano internacional quer no nacional, «sem nunca perder o objectivo maior de superação do capitalismo e de construção do socialismo».
Tal afirmação foi o mote escolhido por Florival Lança para reforçar a ideia de que «ao nível global e local existem forças capazes de se movimentarem por objectivos concretos, e é essa luta constante que alimenta a esperança», do que são exemplos os «direitos laborais, económicos, políticos e sociais que acabaram por se tornar aquisições de carácter civilizacional indivisíveis».
Leis reaccionárias
Se, como proclama o capitalismo, «tivéssemos chegado ao fim da história e da luta de classes, as leis mais reaccionárias ao nível da regulamentação laboral, de limitação da acção sindical e de retirada de direitos consignados constitucionalmente não seriam apresentadas contra forte resistência dos trabalhadores e das classes populares», referiu Florival Lança. «Procurando a maior abrangência possível, mas perante este cenário, é preciso politizar a acção no sentido da denuncia dos objectivos do capitalismo e do imperialismo, e contrapor o socialismo como o caminho alternativo», disse.
Para esta alternativa, concordaram Miguel Madeira e José Carlos Silva, muito tem contribuído a mobilização de milhares de jovens, quer através da actividade política nas empresas e nas escolas em torno de objectivos parciais, quer pela denúncia que encerram os discursos da nova ordem mundial perpetrada pelos partidos que ocupam o poder em nome dos interesses das grandes multinacionais.
E é em nome destes interesses que, para João Vieira, gira a globalização capitalista.
Exemplificando com diversos produtos agrícolas disponíveis no mercado, este dirigente da Confederação Nacional da Agricultura demonstrou as razões subjacentes à importância destes no «moderno» processo de globalização, cuja inclusão «no pacote da globalização tem a ver com o fornecimento ao mais baixo preço de matérias-primas agrícolas à agro-industria e à grande distribuição».
As consequências da subordinação de bens essenciais para vida humana à lógica do lucro são visíveis «nas diversas crises e escândalos, como o das “vacas loucas” ou dos elevados níveis de nitrofurano nas aves», e só ocorrem devido à ânsia de lucro fácil e rápido, acrescentando em síntese final que, hoje, mais do que nunca, «quem dominar os mercados da grande distribuição alimentar, da produção de sementes, dos cereais e da agro-química associada à industria farmacêutica domina o mundo».
Do público intervieram alguns camaradas e amigos que quiseram esclarecer e aprofundar a temática, tendo ficado a sensação de que o tempo disponível era curto para responder a tudo, até porque o canto revolucionário era a voz que se seguia no Palco da Cidade Internacional.
Iraque
No domingo, foi a vez de se discutir, também, «Iraque seis meses depois... »
O debate, que obedeceu ao tema »A luta contra a exploração e a guerra», teve em conta a ofensiva global e em todas as frentes do imperialismo com que o mundo se depara, neste início do século XXI, a partir fundamentalmente do seu pólo maior, os Estados Unidos da América, que visam impor a exploração e a lei do lucro a toda a humanidade.
Ângelo Alves, do Comité Central e da Secção Internacional do PCP, Arménio Carlos, da Comissão Executiva da CGTP, Rui Namorado Rosa, professor universitário, e Vítor Silva, do CPPC, foram os interlocutores da iniciativa, que contou com a presença de várias dezenas de pessoas.
Globalização capitalista e internacionalismo
Da tribuna do mundo cumpriu-se o grito de esperança, de confiança nos povos e no seu combate contra o jugo da exploração e, sob o título «Globalização capitalista. Processos, caminhos e protagonistas», reuniram-se, no domingo, duas dezenas de camaradas para discutir o contexto de uma ofensiva sem precedentes à escala mundial.
O debate, no qual participaram Florival Lança, da Comissão Executiva da CGTP-IN, João Vieira, dirigente da Confederação Nacional de Agricultura, José Carlos Silva, membro da Célula do PCP da AutoEuropa e Miguel Madeira, membro da Comissão Política da JCP e actual presidente da Federação Mundial da Juventude Democrática, foi moderado por Jorge Cordeiro, da Comissão Política do PCP, a quem coube ainda fazer a intervenção de abertura.
Procurando introduzir «vários ângulos de observação do fenómeno que fomentem o debate nas suas diversas dimensões», Jorge Cordeiro sublinhou que a globalização capitalista que se apresenta como facilitação da mobilidade planetária, como a circulação mais rápida e sem barreiras da informação, como «a interpenetração das culturas» é, na sua génese multifacetada, expressão máxima da dominação capitalista, cujos eixos políticos e económicos universalizam a exploração.
A par da complexificação da realidade e das nuances de que se reveste, na globalização identificam-se características essenciais que provam que tal processo não é «nem uma novidade histórica do sistema, nem constitui uma ruptura com alguns dos traços fundamentais anteriormente conhecidos», revelando até «algumas das suas contradições mais agudas, e consequências mais gravosas nas relações humanas, sociais e de produção», continuou.
O fundamental, concluiu Jorge Cordeiro, é que «o agravamento global da crise do capitalismo leva a uma maior agressividade e violência, a perigosas derivas contra liberdades e direitos duramente conquistados», pelo que «a resposta a esta fase actual do capitalismo na sua expressão globalizante e neoliberal é a questão que se põe hoje», quer no plano internacional quer no nacional, «sem nunca perder o objectivo maior de superação do capitalismo e de construção do socialismo».
Tal afirmação foi o mote escolhido por Florival Lança para reforçar a ideia de que «ao nível global e local existem forças capazes de se movimentarem por objectivos concretos, e é essa luta constante que alimenta a esperança», do que são exemplos os «direitos laborais, económicos, políticos e sociais que acabaram por se tornar aquisições de carácter civilizacional indivisíveis».
Leis reaccionárias
Se, como proclama o capitalismo, «tivéssemos chegado ao fim da história e da luta de classes, as leis mais reaccionárias ao nível da regulamentação laboral, de limitação da acção sindical e de retirada de direitos consignados constitucionalmente não seriam apresentadas contra forte resistência dos trabalhadores e das classes populares», referiu Florival Lança. «Procurando a maior abrangência possível, mas perante este cenário, é preciso politizar a acção no sentido da denuncia dos objectivos do capitalismo e do imperialismo, e contrapor o socialismo como o caminho alternativo», disse.
Para esta alternativa, concordaram Miguel Madeira e José Carlos Silva, muito tem contribuído a mobilização de milhares de jovens, quer através da actividade política nas empresas e nas escolas em torno de objectivos parciais, quer pela denúncia que encerram os discursos da nova ordem mundial perpetrada pelos partidos que ocupam o poder em nome dos interesses das grandes multinacionais.
E é em nome destes interesses que, para João Vieira, gira a globalização capitalista.
Exemplificando com diversos produtos agrícolas disponíveis no mercado, este dirigente da Confederação Nacional da Agricultura demonstrou as razões subjacentes à importância destes no «moderno» processo de globalização, cuja inclusão «no pacote da globalização tem a ver com o fornecimento ao mais baixo preço de matérias-primas agrícolas à agro-industria e à grande distribuição».
As consequências da subordinação de bens essenciais para vida humana à lógica do lucro são visíveis «nas diversas crises e escândalos, como o das “vacas loucas” ou dos elevados níveis de nitrofurano nas aves», e só ocorrem devido à ânsia de lucro fácil e rápido, acrescentando em síntese final que, hoje, mais do que nunca, «quem dominar os mercados da grande distribuição alimentar, da produção de sementes, dos cereais e da agro-química associada à industria farmacêutica domina o mundo».
Do público intervieram alguns camaradas e amigos que quiseram esclarecer e aprofundar a temática, tendo ficado a sensação de que o tempo disponível era curto para responder a tudo, até porque o canto revolucionário era a voz que se seguia no Palco da Cidade Internacional.
Iraque
No domingo, foi a vez de se discutir, também, «Iraque seis meses depois... »
O debate, que obedeceu ao tema »A luta contra a exploração e a guerra», teve em conta a ofensiva global e em todas as frentes do imperialismo com que o mundo se depara, neste início do século XXI, a partir fundamentalmente do seu pólo maior, os Estados Unidos da América, que visam impor a exploração e a lei do lucro a toda a humanidade.
Ângelo Alves, do Comité Central e da Secção Internacional do PCP, Arménio Carlos, da Comissão Executiva da CGTP, Rui Namorado Rosa, professor universitário, e Vítor Silva, do CPPC, foram os interlocutores da iniciativa, que contou com a presença de várias dezenas de pessoas.