Em Lisboa como no País, prioridade à vida das pessoas
O Secretário-Geral do PCP, primeiro candidato da CDU pelo círculo eleitoral de Lisboa, percorreu no dia 29 as ruas de Queluz, visitou a Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa e participou num comício em Sacavém.
Nas ruas fala-se dos problemas concretos, na televisão é só cenários pós-eleitorais
Na curta mas demorada arruada em Queluz, no concelho de Sintra (em que se deteve a ouvir relatos de vidas difíceis), como no comício da noite, com sala a transbordar em dia de jogo grande nas televisões, Paulo Raimundo defendeu o aumento geral dos salários em 15% e não menos do que 150 euros, lembrando que Pedro Nuno Santos lhe «roubou» o termo choque salarial – o termo, apenas, pois as propostas divergem, e muito, com o PS a empurrar o salário mínimo de 1000 euros só para o fim da legislatura e a CDU a defendê-lo já durante este ano, quando efectivamente faz falta.
Insistindo nas contradições do PS, lembrou que logo no dia seguinte a mais uma declaração de apego ao SNS por parte de Pedro Nuno Santos se ficou a saber que sete hospitais públicos vão deixar de fazer cirurgias mamárias. Mais do que palavras, insistiu, o SNS precisa de investimento e de opções como as que a CDU aponta e o PS por mais de uma vez travou.
Paulo Raimundo referiu-se ainda às creches e ao «novo paradigma» proposto pela CDU: uma rede pública, universal, gratuita e integrada no sistema educativo, reconhecendo o direito à educação desde o nascimento. Até 2028, acrescentou, deverão ser disponibilizadas 100 mil vagas.
Sobre todas estas questões, afirmou em Sacavém que «para resolver os problemas não é preciso inventar a roda ou começar do zero», basta cumprir a Constituição da República Portuguesa. Já de manhã tinha salientado, em declarações aos jornalistas, o enorme fosso existente entre aquilo de que as pessoas se queixam na rua – o salário e a pensão que não chegam, a prestação da casa que disparou, o SNS que não responde – e o discurso político-mediático, centrado em cenários e arranjos pós-eleitorais.
Construtores de Abril
No comício em Sacavém, apresentado pela jovem candidata Carolina Silva, intervieram também o mandatário da candidatura, Libério Domingues, e os candidatos António Filipe, Mariana Silva e Tiago Matias, com o primeiro a referir-se às propostas da coligação PCP-PEV e ao impacto directo e positivo que têm na vida dos trabalhadores e das camadas mais desfavorecidas.
Já António Filipe lembrou que as bandeiras que o PS agita para procurar captar votos (os passes sociais, as creches e os manuais escolares gratuitos) eram reivindicações antigas do PCP que o PS sempre recusara e que, em determinadas condições, foi forçado a aceitar. Tiago Matias, da Intervenção Democrática, valorizou o facto de ser na CDU que estão os «construtores de Abril» e Mariana Silva, do PEV, insistiu na necessidade de voltar a eleger deputados ecologistas para dar mais força à luta pela água pública, pelo desenvolvimento da rede ferroviária, pela conservação da natureza.
Ao início da tarde, Paulo Raimundo visitara já a Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa, que tem uma lista de espera superior a 140 pessoas, pouco financiamento e muitas carências materiais. Aí, o primeiro candidato da CDU por Lisboa questionou para que servirá o excedente orçamental, agitado com orgulho pelo Governo, se não para acudir às necessidades destas pessoas e das associações que as apoiam.