Cresce o apoio às propostas da CDU necessárias para Setúbal
Anteontem, no distrito de Setúbal, o Secretário-Geral do PCP defendeu a redução do valor do passe intermodal de 40 para 20 euros, exigiu a suspensão do SIADAP e a disponibilização de 50 mil habitações durante a legislatura.
«São os únicos que nos defendem na Assembleia da República»
«São os únicos que nos defendem na Assembleia da República (AR)», atestava uma senhora para outra, enquanto aguardavampela chegada de Paulo Raimundo ao Largo da Misericórdia, para um contacto com a população e com os comerciantes da Baixa de Setúbal. Ali estiveram mais de uma centena de apoiantes, activistas e candidatos da CDU, como Miguel Tiago e Bruno Dias, actual deputado do PCP, e o presidente do Município, André Martins.
O Secretário-Geral do PCP foi interrogado por dois professores sobre o que a CDU pode fazer para melhorar a situação da Educação. «Há duas garantias que podemos dar: uma é a defesa intransigente da Escola Pública; a outra, que depende da primeira, é que sem professores valorizados, sem profissionais respeitados, sem a consagração do tempo de serviço roubado, sem o fim da precariedade, não há estabilidade nas escolas, o que resulta na instabilidade na formação das crianças e jovens», afiançou. Outra docente alertou para «a falta de condições nas escolas e de professores».
A um jovem trabalhador que não vê outra solução que não emigrar, Paulo Raimundo pediu que não desista e dê o seu voto à CDU para «valorizar os direitos de quem trabalha».
Depois das palavras de Fernando Casaca, actor e encenador, que em «dois minutos» falou de Cultura, mas não só, interveio Paula Santos, cabeça de lista da CDU, que alertou para os graves problemas na Saúde, considerando «desumano» que «utentes sem médico de família tenham que se deslocar de madrugada para os centros de saúde para ter uma consulta. «Inaceitável» é também que «as Urgências de Obstetrícia e Pediatria do Hospital de Setúbal estejam encerradas».
Paulo Raimundo disse ser «muito gratificante» a forma como a CDU está a ser «recebida», em Setúbal mas também em Alverca, Lamego, Régua, Chaves – «em todo o lado é assim!». Para aquele espaço trouxe o caso do passe intermodal, que o «PS não queria», mas foi obrigado pela «iniciativa política do PCP e do PEV», com a força da «luta dos trabalhadores e das populações». Agora, é necessário continuar este «caminho» e reduzir o valor do passe para 20 euros; reverter a privatização da Fertagus; integrar a ligação de Setúbal a Tróia no passe Navegante, entre outras prioridades.
Palmela
Depois, o Secretário-Geral do PCP almoçou com os trabalhadores da Câmara de Palmela, a quem se juntarama candidata Heloísa Apolónia, do PEV,e Ana Teresa Vicente, mandatária da lista, e Álvaro Amaro, presidente da Câmara.
Junto daqueles que representa, Paulo Raimundo sublinhou que esta é a «hora» de «dar mais força à CDU», para concretizar o «aumento geral dos salários, num mínimo de 15 por cento, e não inferior a 150 euros», de «revogar o SIADAP», de «valorizar carreiras e profissões», de «acabar com o congelamento das progressões», de «alargar o suplemento de insalubridade e penosidade» e de «atribuir o subsídio de risco, a todos os trabalhadores que se justifique».
Também Ricardo Oliveira, da Célula dos Trabalhadores comunistas no município, falou do SIADAP, «um sistema de avaliação injusto» que deve ser substituído. «O PCP e a CDU, na gestão das autarquias, tiveram um papel determinante no apoio à luta dos trabalhadores», recordou, referindo-se à reposição das 35 horas de trabalho semanais e à aplicação do Suplemento de Penosidade e Insalubridade. «É no PCP e na CDU que está a força de apoio à luta dos trabalhadores para exigir a revisão da Lei» e «incluir o Risco no Suplemento, bem como a ampliação das funções abrangidas», acrescentou.
Almada
O dia encerrou com um jantar na Sociedade Filarmónica União Artística Piedense, no qual participaram mais de 400 pessoas. O ambiente era de confraternização, com encontros e reencontros de outras lutas, até porque, como diz a música, «Há sempre alguém que resiste».
Depois de um sublinhado especial à luta dos trabalhadores da Silopor, do Arsenal do Alfeite e da Câmara de Almada, Paula Santos acusou o Governo de «ocultar as suas responsabilidades com o baixíssimo nível de investimento público» na região. Referia-se, por exemplo, ao alargamento da rede do Metro Sul do Tejo que «não sai do papel», tal como a construção da terceira travessia do Tejo rodoferroviária entre o Barreiro e Lisboa prevista no Plano Nacional Ferroviário ou a construção do novo aeroporto de Lisboa no Campo de Tiro de Alcochete.
Heloísa Apolónia falou na importância do regresso do PEV ao Parlamento. «Nós precisamos de uma nova política de transição energética, da defesa real da biodiversidade, do combate efectivo às alterações climáticas, de redução real dos resíduos, da salvaguarda das nossas florestas, dos nossos recursos hídricos. Mas associamos a todos estes objectivos um profundíssimo trabalho para garantir justiça social, uma justa distribuição da riqueza, o combate às desigualdades», destacou.
Paulo Raimundo falou no caso da Autoeuropa, empresa com «recordes de produção, de vendas e de lucros», mas que propôs um aumento de 1,9 por cento. «É justa a indignação dos trabalhadores», afirmou, assegurando que «o aumento dos salários é a medida mais eficaz para combater as injustiças, a pobreza, para dar estabilidade e futuro à juventude, para proteger e garantir os direitos das crianças, para garantir melhores pensões amanhã e também um dos factores determinantes para a dinamização da actividade económica».
Falou também no problema do acesso à habitação e avançou com respostas: travão ao aumento das rendas e a sua regulação; revogação da Lei dos «despejos», assegurando a estabilidade dos contratos de arrendamento na base dos 10 anos; que os 12 milhões de euros de lucros por dia da banca suportem o aumento das taxas de juro, eliminando comissões bancárias e margens; forte investimento na disponibilização de habitação pública, que assegure, durante os próximos quatro anos, 50 mil novas habitações, mobilizando, para tal, o valor médio de 1 por cento do PIB. «O problema não é a falta de dinheiro», mas «de vontade de fazer opções políticas necessárias», acentuou o Secretário-Geral do PCP.
Armindo Miranda e José Capucho, respectivamente da Comissão Política e do Secretariado do Comité Central do PCP, acompanharam as iniciativas do dia.