Em Portalegre nunca se deixou de lutar pela liberdade
Sábado, o dia arrancou com um almoço-comício, lotado, no Pavilhão Multiusos de Benavila, localidadeonde não se esquece o que foi a resistência ao fascismo e como se travou a luta pela Reforma Agrária. Memórias que não se apagam e passam de geração em geração.
«Precisamos de uma política diferente»
Nos últimos 10 anos, perderam-se no distrito de Portalegre mais de 13 500 habitantes, o que equivale à soma da população dos concelhos de Arronches, Fronteira, Marvão, Monforte e metade do concelho de Alter do Chão.
«Mais CDU. Vida melhor» e «É hora. Mais força à CDU» lia-se nas paredes daquele importante equipamento, concluído em 2012 por iniciativa da Câmara Municipal de Avis.
A entrada do Secretário-Geral do Partido foi acompanhada pelas palavras de ordem «CDU» e «CDU avança com toda a confiança», entoadas – de punho cerrado e erguido – por mais de 300 pessoas. Seguiu-se um outro momento especial: um grupo de crianças entregou a Paulo Raimundo um arranjo de cravos vermelhos feitos em papel, com um girassol, flor que no Verão pinta de amarelo os campos alentejanos.
Já com todos sentados, assistiu-se à actuação do Grupo de Cantares da Santa Casa de Avis, que no final, depois de cantar a «Grândola, vila morena», fez questão de cumprimentar o Secretário-Geral do PCP, a quem entregou um instrumento musical – outro símbolo do Alentejo, pedindo-lhe ainda para assinar a bandeira da formação.
Findado o almoço, as bandeiras da CDU ergueram-se bem alto, com a mandatária de Avis a chamar para o palco os candidatos Fátima Dias (61 anos, professora), Manuel Coelho (55 anos, consultor), Susana Teixeira (52 anos, actriz) e Pedro Reis (60 anos, professor de Filosofia). A estes juntaram-se Beatriz Perinha, da JCP, Nuno Silva, presidente da Câmara de Avis, Rogério Silva, responsável pela Organização Regional de Portalegre do PCP, Ângelo Alves, da Comissão Política do PCP e responsável pela Região do Alentejo, Manuela Pinto Ângelo, do Secretariado do CC do PCP, e Paulo Raimundo.
Distrito de Portalegre não é pobre
Salientando que «Os Verdes fazem falta no Parlamento», Pedro Reis lembrou que foi por via da luta dos ecologistas que «o comboio de passageiros voltou a circular na Linha do Oeste». Foi também com esta «voz» que «a Central Nuclear de Almaraz», em Espanha, «foi um problema evidenciado» e que «os perigos das culturas intensivas e superintensivas foram equacionados».
Fátima Dias acusou PS e PSD de serem responsáveis pelas políticas que afectam as populações do distrito de Portalegre e do Alentejo. Deu como exemplo o despovoamento, «num distrito que já não chega aos 100 mil eleitores e que apenas elege dois deputados», que, nas últimas legislaturas, «se esqueceram de quem os elege».
«São as promessas de investimento nunca cumpridas, o encerramento de serviços públicos, o esgotamento de solos e de recursos hídricos, as ameaças à soberania alimentar, a falta de incremento na produção local e nacional, a recusa de levar por diante a regionalização, entre tantos outros esquecimentos», apontou.
Entretanto, naquele distrito continua-se a lutar pelo emprego com direitos, como aconteceu recentemente quando a CDU esteve com os trabalhadores da Hutchinson, em Campo Maior, onde se reivindicam melhores salários, com horários dignos. Também não foram esquecidos os trabalhadores migrantes.
A candidata assegurou que a CDU vai ainda continuar a lutar pelo direito à saúde e por mais e melhor Serviço Nacional de Saúde; por uma educação de qualidade; para captar e fixar jovens; por uma política de mobilidade e acessibilidades, que, entre outras prioridades, passa pela ligação da A6 à A23, pela conclusão do IC13 e por investimento na ferrovia, com a renovação do material circulante, electrificação e aproximação da ferrovia à capital do distrito, através do ramal até à zona industrial e, também, horários ajustados às necessidades da população, o que se faz sentir também no concelho de Ponte de Sôr.
Outras reivindicações passam por colocar ao serviço de todos a Barragem de fins múltiplos do Crato-Pisão, que deve servir de âncora ao desenvolvimento da região na área agro-alimentar, nos sectores industrial e também para o fornecimento de água.
A CDU está a crescer
Paulo Raimundo criticou as sondagens que nunca dão a CDU a crescer, apesar da realidade mostrar o contrário, como aconteceu nas últimas eleições da Madeira e dos Açores. «Temos visto, ouvido e lido muita coisa. Não temos ilusões», afiançou, assegurando que a CDU«vai crescer» e «estar em melhores condições» para, no dia 11 de Março, «dar mais força à luta para impor a mudança que é precisa».
O Secretário-Geral do PCP falou também da «tragédia da guerra», especialmente «dramática» na Ucrânia e na Palestina. «Hoje é mais um dia triste para os amantes da paz, para os que querem a resolução política dos conflitos, para os familiares e amigos dos milhares e milhares de vítimas da guerra», mas «bom para o cinismo e para a hipocrisia, para o negócio da guerra, para os lucros das empresas do armamento», criticou, frisando ser preciso «confrontar» aqueles que «defendem mais dinheiro para a NATO», que «acham que se deve gastar dois por cento do PIB na guerra», mas «recusam valorizar os militares das nossas Forças Armadas e investir um por cento na Cultura ou na Habitação».